Juliano Loureiro • set. 20, 2020

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Não é difícil encontrar quem diga que a língua portuguesa é uma das mais difíceis de se aprender. Apesar de suas particularidades e belezas, devemos reconhecer que há alguns pontos que até para nós, falantes nativos, é difícil compreender.


Não querendo transformar este blog em uma gramática, longe de mim, achei de suma importância abordar três aspectos dos mais complicados da nossa língua: o uso da crase, da vírgula e dos porquês.


Quer se ver livre, de uma vez por todas, dessas dúvidas? Continue descendo a rolagem e não erre nunca mais! 


Boa leitura!

Quando usar a crase

Um simples acento grave, para muitos, é um dos principais vilões do nosso português. Muita gente ainda tem dúvidas sobre o uso da crase, tem quem acredite que, com o novo acordo, o seu uso tenha caído por terra. 


Mas, para a tristeza de muitos, o seu uso ainda está em voga, mesmo com suas dificuldades, a crase está aí para ser usada. Uma das dicas mais “famosa” sobre o seu uso é:
só se utiliza crase, antes de palavras femininas.


Bem, é uma dica que já ajuda e muito, pode ter certeza. Mas como isso não resolve tudo, que tal conferir mais algumas dicas de uso da crase?

Crase: regras de uso

A primeira coisa a se saber é que a crase não é o nome do acento (`). Esse é o acento grave, responsável pela representação gráfica da crase. Bem, se não é o acento, o que é, então, a crase?


A crase é a junção do
artigo definido “a” + preposição “ a”. Assim, evitamos a repetição da vogal (fomos a a escola. / fomos à escola.).

Antes de palavras femininas

Já temos a nossa primeira regra: antes de palavras femininas. (lembre-se que essa é apenas uma das regras, não a única). Uma dica para saber se utiliza-se ou não a crase, é substituir a palavra feminina por uma masculina que tenha o mesmo sentido. 


Exemplo
: fomos ao colégio. (fomos a [algum lugar] o colégio. a+o = ao / fomos a a escola. a+a = à)


Atenção: Isso quer dizer que nunca veremos crase antes de uma palavra masculina? Não. É possível, sim. Mas para que isso seja possível, uma palavra feminina deve estar subentendida. Exemplo: Escrita à Juliano Loureiro maneira de Juliano Loureiro).

O uso de crase antes de horas

Uma das principais dúvidas com relação à crase. Usar ou não usar? Sim e não. Eu explico.


Quando desejamos nos referir a um horário, devemos sim utilizar a crase. Por exemplo:
o jogo começa às 22h.


E
quando não usar crase com horas? Se você estiver se referindo ao tempo decorrido, de determinado evento, não se deve usar a crase. Exemplo: as três horas de jogo não foram suficientes para terminarmos a partida.


Outro momento em que
não se deve utilizar a crase é quando as horas forem precedidas pelas preposições após, desde, entre, para, perante, com. Exemplos: irei somente após as 15h. / esperei no aeroporto desde as 13h. / o jogo está marcado para as 22h.

Em expressões adverbiais, locuções prepositivas e locuções conjuntivas

O jeito mais fácil de explicar é através de exemplos, mas você já pode anotar aí, algumas dicas de locuções e expressões:


à noite, à direita, à toa, às vezes, à deriva, às avessas, à parte, à luz, à vista, à moda de, à maneira de, à exceção de, à frente de, à custa de, à semelhança de, à medida que, à proporção que, à mercê de, à volta de, às expensas de, à tarde, às pressas.


Exemplos de uso:
Te vejo à noite! / Às vezes, confundo quando usar a crase. / Morria de rir à medida que contava a piada. / Às custas do seu trabalho, foi promovida rapidamente.


Antes dos pronomes demonstrativos aquele, aquela, aquilo

Na construção de uma frase, se você perceber que há uma contração dos pronomes com a preposição “a”, utiliza-se a crase.


Exemplos:



  • Meu sonho é viajar àquela praia. (meu sonho é viajar a + aquela praia);
  • A notícia refere-se àquilo que ocorreu no jogo de ontem. (refere-se a + aquilo que ocorreu).

Quando NÃO USAR a crase

Já dei alguns exemplos de quando não usar a crase, mas vale ressaltar e trazer outras situações. E a primeira dica é uma das que mais gera dúvidas, olha só:



  • não se usa crase em palavras repetidas: cara a cara; frente a frente; dia a dia; ponta a ponta; gota a gota;
  • antes de palavras masculinas, não utilize crase (exceções já foram mencionadas no texto): carro a álcool ou carro a diesel, pagamento a prazo, fechado a vácuo; escrito a lápis; andar a pé;
  • não se usa crase antes de verbos: passava o dia a escrever, ele aprendeu a tocar a nova música, ele se dispôs a ajudar na obra;
  • antes de pronomes pessoais reto (eu, tu, ele, nós, vós, eles) e oblíquo (me, mim, comigo, te, ti, contigo, se, si, o, lhe) não devemos usar a crase: ofereceram a mim um emprego; contaram a ela sobre a festa;
  • não usamos crase antes de pronomes demonstrativos isso, esse, este, esta, essa: não era a isso que me referia; se aderirmos a esse plano, pagaremos menos na mensalidade.

Uso facultativo da crase

  • depois da preposição “até”: fui até à casa de Joana ou fui até a casa de Joana;
  • antes de nomes próprios femininos;
  • antes de pronomes possessivos.


Uma última dica, com relação ao que chamamos de
verbos de destino. Usar crase ou não quando nos referimos ao ato de viajar ou se dirigir a um destino?


A dica é: se você diz
vou a e volto da para um mesmo lugar, deve-se utilizar a crase. Exemplo: Vou à Bahia,volto da Bahia / Vou à Serra Gaúcha, volto da Serra.


Agora, se a combinação for
“vou a” e “volto de” para um mesmo lugar, não utiliza-se crase. Exemplo: Vou a Minas Gerais, volto de Minas. / Vou a Fortaleza, volto de Fortaleza.

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Uso da vírgula

Para muitos, ela significa a pausa para respirar, durante a leitura. Obviamente, não é só isso para que serve a vírgula, mas a definição, por anos, serviu de orientação para quem escreve. Bem, para não haver dúvidas, vamos a um pequeno guia de uso da vírgula.

Quando usar vírgula

O uso da vírgula não é tão simples como essa definição de marcação de respiração. Infelizmente, a língua escrita não tem tantas flexibilidades quanto à oral e não permite adaptações tão comuns quanto nas conversas do dia a dia.


Mas também, não é um bicho de sete cabeças. A vírgula é um sinal gráfico que, resumidamente, tem a função de separar elementos dentro de uma frase ou oração. Mas também funciona como indicador de pausa, restringir e deixar as ideias textuais mais claras, como no caso de se evitar a ambiguidade.


Agora, vamos aos principais usos e dicas sobre a vírgula!

Para separar elementos

O uso mais comum da vírgula é quando vamos fazer uma listagem de elementos. Então, para não ter erros, basta saber que sempre que há uma lista, há vírgulas.


Exemplos:


  • Machado de Assis, Monteiro Lobato, Clarice Lispector e Lima Barreto são alguns dos autores homenageados pelo Bingo!.
  • Vírgula, crase e porquês são dúvidas constantes dos alunos.

Depois do vocativo

O vocativo é o termo usado para chamar alguém. Uma dica que lembro do tempo de escola é lembrar daquela “pausa dramática” da sua mãe, ao te chamar pelo nome:


Juliano, arrume o seu quarto!


Então, precisa chamar alguém ou conseguir a sua atenção? Utilize vírgula. Ah! O vocativo, apesar de comumente aparecer no início das frases, não tem lugar fixo, podendo aparecer em qualquer lugar, sempre acompanhado da vírgula.


Exemplos:



  • Nunca mais faça isso, Clara!
  • Veja só, Roberto, quantos livros nesta biblioteca.

Entre aposto

Sabe quando você está no meio de uma frase e, de repente, precisa inserir uma informação para tornar a mensagem mais clara? Essa “nova informação” é o que chamamos de aposto. E ele sempre vem entre vírgulas!


Exemplos:


  • O autor Juliano, fundador do Bingo!, é o escritor com mais postagens no blog.
  • O jogo de quarta-feira, válido pelo Campeonato Brasileiro, foi o mais empolgante do ano.

Depois do "sim" e do "não"

A dica aqui é bem simples. Sempre que você começar uma frase, com alguma dessas palavras e o sentido for de resposta, use sempre a vírgula após.


Exemplo:


  • Sim, esse exemplo deixou tudo mais claro!

Em orações subordinadas adverbiais

Os adjuntos adverbiais têm, como padrão, aparecer no final das frases. Isso elimina a necessidade da vírgula. Mas, caso ele apareça em outro local da frase, deve vir sempre entre vírgulas.


Exemplo:



  • João lavou, ontem, o seu novo terno.
  • Ontem, João lavou o seu novo terno.
  • João lavou o seu novo terno ontem.

Na intercalação do texto

Esse uso da vírgula fica mais compreensível através de exemplos:



  • O Juliano, disse o leitor, escreve com brilhantismo.
  • Entendi, todavia, aquela situação constrangedora.


Em resumo, funciona assim: se você eliminar as orações que estão entre vírgulas (
disse o leitor e todavia), as frases continuam fazendo sentido, não é mesmo? As frases por si só, já possuem um sentido, a informação entre vírgulas é algo a mais.

Para segurar local e data

Se você já escreveu - ou ao menos leu - uma carta, fica fácil entender o uso da vírgula, neste caso.


Exemplo:


  • Belo Horizonte, 21 de setembro, de 2020.

Quando NÃO USAR a vírgula

Agora que você já sabe os principais uso da vírgula, se ligue para não errar por excesso e colocar vírgula onde não deve.


  • Separar o sujeito do predicado: O autor, finalizará o seu romance logo! (errado) / O autor finalizará o seu romance logo! (correto).
  • Separar o verbo do complemento: Autores, editores e revisores se encontraram, no salão da editora (errado) / Autores, editores e revisores se encontraram no salão da editora. (correto).
  • Oração Subordinada Adjetiva Restritiva: Os livros, que possuem registro, foram escritos pelo autor Juliano. (errado) / Os livros que possuem registro foram escritos pelo autor Juliano. (correto).

Quando usar Porque, Porquê, Por que e Por quê

Por último, mas não menos importante ou confuso na cabeça dos escritores e estudantes, vou abordar um pouco o uso dos porquês.

Quando usar o PORQUE

A dica para saber quando usar essa conjunção é substituir o “porque” pelas expressões “pois”, “uma vez que, “para que” ou outras semelhantes.


Esse “porque” é utilizado em respostas, para indicar uma causa ou explicação. 


Exemplos:


  • Não li o texto porque não encontrei meus óculos.
  • Saí apressado porque já tinha perdido o primeiro ônibus para a faculdade.

Quando usar o PORQUÊ

Esse é o mais simples, pois é o único “porquê” substantivo. Ele tem o significado de “motivo”, “razão”. Para facilitar ainda mais o reconhecimento de quando o utilizar, o “porquê” vem sempre acompanhado de um artigo, pronome, adjetivo ou numeral.


Exemplos:


  • Alguém sabe o porquê de tanta demora?
  • Me diga um porquê para eu não publicar o livro.

Quando usar o POR QUE

Atenção que agora temos dois momentos de utilização da expressão “por que”.


O primeiro é quando temos uma junção da preposição
por + pronome interrogativo. Normalmente, esse “por que” está no início de perguntas diretas ou então no meio de perguntas indiretas, podendo ser substituído por “por qual razão” ou “por qual motivo”.


Exemplos:


  • Por que você não foi ao lançamento do meu livro? 
  • Não sei por que devemos ir neste lançamento.


O segundo caso de uso do “por que” é quando há a junção da
preposição por + pronome relativo e terá o significado de “pelo qual” e suas flexões.


Exemplo:
A estrada por que passei era muito sinuosa. (A estrada pela qual passei era muito sinuosa).

Quando usar o POR QUÊ

Por último, o uso do “por quê” é bem simples: Ele é a junção da preposição por + pronome interrogativo.


O “por quê” é sempre utilizado no final de uma sentença (ou próximo a um ponto final, de interrogação ou exclamação). Ele mantém o significado de “por qual motivo”, “por qual razão”.


Exemplo:


  • A bienal foi suspensa por quê?
  • Ele está gargalhando sem saber por quê.
  • Você ainda não leu meu livro? Por quê?


Espero que com essas dicas, a língua portuguesa deixe de ser um bicho de sete cabeças para você! De qualquer maneira, a dica é sempre ter uma boa gramática para consultas. Ninguém é obrigado a saber tudo ao pé da letra, mas o básico é fundamental!


Antes de encerrar, eu quero te dar uma super dica e, por que não dizer, um presente para quem gosta de escrever. Quem sabe você não tem aí uma excelente história para ser um marco na literatura brasileira?


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. Link abaixo:

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