Juliano Loureiro • jan. 10, 2023

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A literatura de cordel é uma das mais características expressões literárias nacional. Com um forte apelo no Norte e no Nordeste, as histórias que vivem no imaginário popular ganharam as páginas e os cordéis de todo o país.


Quem não se lembra dos pequenos livretos em brochuras, pendurados e expostos em feiras de cultura?
O mais legal é que o cordel não é apenas um livro. A sua importância está exatamente em abranger o folclore, a poesia, os versos e a singularidade do povo que conta suas histórias.


Uma expressão cultural bem popular, para todas as idades e capaz de até hoje, mexer com o nosso imaginário e contar a nossa história. Se você não faz ideia do que é o cordel, chegou a hora de corrigir o seu erro. E, se você já conhece, que tal compartilhar conosco o que sabe?


Descubra agora o que é a literatura de cordel, sua origem e características, com um convite para uma conversa muito legal sobre o assunto. 


Boa leitura!

O que é a literatura de cordel?

A literatura de cordel é uma manifestação literária tradicional da cultura popular brasileira. Geralmente é escrita em versos e rimas, com origem em histórias ou relatos orais que depois são impressos (escritos) em folhetos.


O cordel popularizou-se principalmente no interior nordestino brasileiro, mas também tem grande representação na região Norte do país. A grande popularidade se deve ao fato de contar histórias com os folclores regionais de maneira simples.


Mas, por que literatura de cordel?


Como dito acima, as histórias que eram contadas verbalmente, posteriormente, eram transcritas em pequenas publicações em brochura e expostas em cordas - os famosos “córdeis”. O termo “cordel” é herança dos colonizadores portugueses.


Os grandes responsáveis pela popularidade foram os violeiros e repentistas. Os artistas “musicavam” as principais histórias e poemas regionais e, com tamanha popularização, os contos iam parar nos cordéis.


Mas, nem só de histórias e poemas viviam os cordéis. Por muitos anos, o cordel era veículo de comunicação e ofício, fonte de renda de muitos cordelistas.

A origem da literatura de cordel

No tópico acima, eu mencionei que a palavra “cordel” veio com os portugueses, então, a sua origem não poderia ser outra que não Portugal. Mas, voltemos um pouco mais no tempo.


O estilo não nasceu em terras portuguesas, mas sim lá dos tempos dos povos greco-romanos, saxões e outros. Chegou a Portugal; e também na Espanha, por volta do século XVI.


Lembra que também contei que, aqui no Brasil, os repentistas e violeiros são responsáveis pelo sucesso da literatura de cordel? 


Pois bem, lá na Europa, nos séculos XII e XIII, os trovadores medievais espalhavam histórias para a população, que, na época, era na maioria analfabeta. Com os avanços tecnológicos, no período da Renascença, essas histórias passaram a serem impressas em papéis e distribuídas.


E, lá em Portugal, os escritores e poetas apresentavam seus trabalhos em feiras, pendurando as histórias, adivinha onde...nos cordéis.


Aqui, no Brasil, há uma divergência com relação à origem da literatura de cordel, mas alguns estudos apontam que foi em 1893, quando o paraibano Leandro Gomes de Barros teria publicado os primeiros versos no país.

Características da literatura de cordel

Os estudiosos das letras e cordelistas definem a literatura de cordel como gênero literário obrigatoriamente de três elementos principais: a métrica, a rima e a oração


Os elementos, associados às xilogravuras; ilustrações das histórias estampadas nas capas dos livretos, formam a literatura de cordel. Como acabei citando ao longo do texto as demais características, vou resumi-las em tópicos:


  • No Brasil, é um gênero tradicional regional, principalmente, do Norte e Nordeste;
  • Textos com métricas fixas e rimas. Musicalidade dos versos;
  • Temas populares e da nossa cultura;
  • Linguagem também popular, regional, informal e com traços da oralidade;
  • Uso de ironia, sarcasmo e humor.
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Literatura de cordel para crianças

A literatura de cordel pode ser uma excelente oportunidade para atrair as crianças para o mundo literário. Todas essas características do cordel tornam suas histórias mais atrativas, isso sem contar o fato de que, às vezes, as crianças já podem ter tido o contato através de contações de história.


Estimular a leitura ou a audição dessas histórias é uma maneira lúdica de trabalhar a linguagem, a compreensão entre oralidade e escrita. 


Além das histórias populares serem mais atrativas ao público infantil, a construção das narrativas em versos e rimas deixam ainda mais divertida a literatura de cordel. 


Quer ver alguns exemplos de cordel para os baixinhos? Confira esses cordéis de Mariane Bigio.

Boto Cor-de-Rosa

Sou bicho que vive n’água

mas a noite quando vem

me transforma num humano

tão belo como ninguém

depois de bailar com as moças

volto ao rio e durmo bem…

Curupira

Eu sou  protetor das matas

de todos os animais

não gosto de quem destrói

quem polui eu vou atrás

eu despisto os caçadores

C’os pés virados pra trás...

Principais nomes da literatura de cordel brasileira

Conhecidos como “cordelistas”, estima-se que no Brasil existam aproximadamente 4.000 autores de cordel. Como seria inviável listar todos, separei alguns dos principais nomes:


  1. Leandro Gomes de Barros;
  2. João Martins de Athayde;
  3. Patativa do Assaré (Antônio Gonçalves da Silva);
  4. Apolônio Alves dos Santos;
  5. Cego Aderaldo;
  6. Cuica de Santo Amaro;
  7. Guaipuan Vieira;
  8. Firmino Teixeira do Amaral;
  9. João Ferreira de Lima;
  10. Manoel Monteiro;
  11. José Alves Sobrinho;
  12. Homero do Rego Barros;
  13. Téo Azevedo;
  14. Gonçalo Ferreira da Silva;
  15. João de Cristo Rei.
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Conversa sobre cordel, no Pod Ler e Escrever

Em 2018, o cordel foi reconhecido como Patrimônio Imaterial do Brasil pelo IPHAN. E como todo patrimônio, há sempre quem o preze, conserve e divulgue. Com o cordel, não é diferente.


Por mais que tenha se popularizado fortemente no Norte e Nordeste, mesmo que se apegue às tradições passadas das contações de histórias e pequenas publicações em brochuras, o cordel está em todo o país, inclusive com grupos e coletivos levando e contando suas histórias. E uma dessas histórias, eu pude ouvir e transmitir no meu podcast.


Em junho de 2022, eu conversei com a Maria Rosa Caldas, comunicóloga e declamadora de cordel. O mais legal dessa conversa, foi compreender e perceber como a literatura de cordel está intrínseco às outras manifestações culturais, sejam regionais ou não.


E ainda tive a oportunidade de conhecer o coletivo do qual Maria faz parte, o Teodoras do Cordel Artevistas SP. Vale uma curiosidade: Teodora é uma personagem feminina pioneira dentro da literatura de cordel, que apareceu nos versos de Leandro Gomes de Barros.


Escute o programa com Maria Rosa Caldas, no Spotify.

Conheça os meus livros

Agora que você já conheceu um pouco mais sobre essa belíssima manifestação literária, a literatura de cordel, quero que conheça outros trabalhos publicados por um brasileiro, no caso, eu.


No meu site você encontrará meus livros publicados de forma independente e, quem sabe, não tem um livro que seja a próxima leitura que você estava esperando?


Conheça os meus livros, você irá encontrar ficção científica, young adult, contos e até poesia! Espero que você curta, não deixe de me contar o que achou e indique aos seus amigos!

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. Link abaixo:

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