Juliano Loureiro • out. 27, 2020

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Hoje, vou começar o post com uma pergunta: é possível gostar de livros de terror, sem curtir os vilões? E quando falamos do mestre do terror, Stephen King? Convenhamos, é impossível lê-lo sem se tornar um aficionado por seus vilões e antagonistas.


A gente sabe que o vilão é a chave principal para o sucesso de um bom livro de terror ou suspense. Também sabemos que poucos constroem personagens como King. E seus vilões são fora do comum. 


Primeiro, porque nem sempre são vilões humanos e, por mais fantasioso que possa parecer, a gente sempre fica com calafrios, seja por causa de um carro, seja por causa de um cachorro ou, até mesmo, por conta de um hotel.


Em segundo lugar,
Stephen King é mestre no terror psicológico. Isso corrobora o primeiro argumento e também permite que o vilão seja uma pessoa qualquer, uma pessoa simples, eu ou você. 


E, por fim, a gente não lê King esperando um
“...e viveram felizes para sempre”, a gente gosta é da audácia dos vilões, do cinismo, do sarcasmo, do imprevisível e fantástico. Separei alguns desses antagonistas, alguns pela obra literária, outros pela sua adaptação cinematográfica.

Pennywise (It, a Coisa)

pennywise

O palhaço mais famoso do cinema, também pode ser apontado como o vilão mais popular de Stephen King. Se você é fã do autor, com certeza já estava preste a discordar dessa minha afirmação, mas veja só: eu disse popular, não o mais importante ou assustador.


Considero o mais popular por conta de suas adaptações cinematográficas. A primeira de 1990, com suas mais de 3 horas de duração e Tim Curry como vilão. E, mais recentemente, aproveitando que o terror e, principalmente King, voltaram aos holofotes, um remake em duas partes, 2017 e 2019. Dessa vez, quem assumiu a roupa de palhaço foi Bill Skarsgård.


Todas as versões tiveram uma boa repercussão pelos amantes do gênero e fãs de King e, para quem não conhecia, a simples sinopse da história de um palhaço que assassinava crianças já era algo bem impactante. Com isso,
o palhaço Pennywise se tornou um ícone da cultura pop. Quantas pessoas fantasiadas de Pennywise você viu nos últimos halloweens?


Bem, só o fator marketing já faz de Pennywise um dos principais vilões de King, mas agora, vamos falar um pouco do personagem mesmo.
Uma coisa muito comum que acontece é as pessoas confundirem e acharem que It ( A Coisa) é o palhaço, principalmente se essa pessoa não é um leitor assíduo ou está tendo o primeiro contato com a obra. Eu mesmo, antes de me tornar um leitor de King, batia o olho na capa do calhamaço e associava It ao palhaço. Mas aí, para quem só assistiu aos filmes, principalmente os mais recentes, nem sei se fica evidente que Pennywise é apenas o receptor da entidade It.


E, até mesmo A Coisa é algo que gera bastante debate entre os fãs de King. Teoriza-se de que as obras estejam todas inseridas em um único universo e que A Coisa seria a grande responsável por grande parte dos atos dos vilões.


Através de Pennywise, A Coisa consegue se aproximar de suas vítimas: as crianças. E Pennywise é sádico e bastante violento, mas não só isso, ele é capaz de se transformar naquilo que mais amedronta suas vítimas, ele é uma personificação do medo.


Então, meu primeiro vilão favorito de King tem o psicológico como fator aterrorizante, principalmente no livro e ganhou ainda mais força com sua adaptação para o cinema.

Kurt Barlow (Salem)

Para quem ainda não sabe, Stephen King também já se aventurou - e muito bem, diga-se de passagem - pelo universo dos vampiros. Para os fãs, Salem’s Lot ( Salem ou A Hora do Vampiro) é uma daquelas obras indispensáveis do autor. Primeiro porque foi um dos seus primeiros romances (mais precisamente o segundo) e porque é o único com a temática vampiresca.


E aqui, vou destacar Kurt Barlow, seria o Conde Drácula de Stephen King. Líder de uma colônia de vampiros que invadem uma cidade, Kurt é aquele vilão poderoso. Ele mesmo, pouco ataca ou mata suas vítimas, mas isso porque ele tem um exército de vampiros que faça isso por ele.


Se você já viu algum filme de vampiro, sabe como é um ataque desse ser. Agora, imagine uma narrativa desse golpe feita por King. A sensação que temos é que os moradores da cidade estão sendo literalmente devorados. Tudo a mando de Kurt Barlow!

Gage Creed (O Cemitério)

Não sei quanto a você, mas todo livro de terror ou suspense que tem personagens infantis, eu tenho mais medo das crianças. É aterrorizante pensar que um pequeno ser humano possa ser tão maligno e cruel. Quando ainda vai para o cinema, a coisa fica pior ainda. Esse é o caso de Gage Creed, de O Cemitério (ou Cemitério Maldito).


A história de Gage, por si só, já é bem assustadora.
Uma criança de 3 anos, atropelada por um caminhão e enterrada em um “semitério” de animais. Bem, até então ela aparenta ser a vítima, certo? Talvez, se Gage não voltasse do mundo dos mortos sem alma nenhuma.


Gage volta totalmente possuído por um demônio, pela história, nos leva a crer que ele foi possuído por uma criatura bem conhecida do folclore indígeno norte americano, a entidade Wendigo. As páginas finais do livro são estarrecedoras, se você imaginar uma criança de 3 anos com um instinto animal. Vale também destacar a adaptação cinematográfica de 1983, a figuração de Gage é assustadora.

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Taduz Lamke (A Maldição)

A Maldição (ou A Maldição do Cigano) não é uma das obras mais lembradas de King, porém ela é uma história, digamos assim, um pouco divertida. Digo divertida porque ela não tem um quê tão sombrio, mas eu diria repugnante, asqueroso.


Taduz Lemke é um líder cigano, com uma aparência nem um pouco agradável, com um nariz “carcomido”. Mas não é isso que o torna pra mim, um dos principais vilões de Stephen King. 


Bill Halleck é um advogado cheio de “contatos”, isso foi fundamental para que fosse absolvido no julgamento pelo atropelamento e morte da filha de Taduz Lemke. E, mais uma vez, um personagem que tinha tudo para ser vítima, se transforma em um baita antagonista nas mãos de King.


Taduz Lemke coloca uma maldição em cada um dos envolvidos no acidente e julgamento. E, é desde o início da história que acompanhamos o drama de Bill para tentar se livrar da “praga” colocada por Taduz. É esse espírito vingativo que traz o cigano para a minha lista.


As maldições são aterrorizantes e, por mais que Taduz Lemke não apareça tanto, os personagens contam como se envolveram com o cigano, então, o nosso vilão está presente na narrativa inteira. E, se você acha que a história termina com um perdão do cigano aos que provaram de sua maldição, só lendo para entender o porquê dele estar nessa lista.

Rei Rubro ou Rei Vermelho (Insônia, Casa Negra e Torre Negra)

Se o vilão aparece em mais de um livro, com certeza Stephen King o considera muito importante. Então, quem sou eu para discordar, não é mesmo?!


E sobre o
Rei Rubro nem é preciso dizer muita coisa, só o fato dele ser o vilão de toda série A Torre Negra já significa muito. É o Rei o responsável por todas as maldades ocorridas nas histórias. Lembrando daquela teoria de que o universo de King estaria todo conectado, Rei Rubro é o nome do poder.

Hotel Overlook / Jack Torrance (O Iluminado)

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Para encerrar, por enquanto, a lista de principais antagonistas e vilões de King, quero me diferenciar dos demais. Quando falamos de O Iluminado, você associa qual dos personagens ao título? Jack Torrance, Danny ou Wendy?


Talvez, pelo sucesso de sua adaptação cinematográfica, quem ainda não leu o livro,
pensa que Jack Nicholson é o iluminado. Mas não é para menos, a interpretação de Nicholson enquanto Jack Torrance é fenomenal. Porém, quem é “O Iluminado” é seu filho Danny, que tem poderes psíquicos. Por que estou falando isso? Porque só por esse fato, já poderíamos colocar Jack Torrance como um dos principais antagonistas de King.


Mas há um porém.
O verdadeiro vilão da história é o Hotel Overlook, pois ele é a encarnação do mal que vai atentar contra Jack e colocá-lo contra a sua família. Vozes pelos cômodos, fantasmas, pegue tudo que você sabe sobre casas mal assombradas e multiplique por cem, por mil. A trama é violenta e, ao final, percebemos que tudo foi articulado pelo hotel, isso mesmo, por um grande prédio.


Ah! E por que, então, coloquei o hotel e Jack como vilões? Se você ler o livro, você pode até compreender melhor o lado de Jack, não o eximindo de seus erros, mas apontando o que o transformou em um alcoólatra e um ser violento. E, aproveitando-se de sua fraqueza, Overlook o toma como ferramenta para o mal.


Agora, se você ver apenas o filme, não tem essa construção psicológica do personagem e vê, ali, um Jack alcoólatra e violento, quase que como se a influência do hotel não fosse de maneira direta e nem tão forte.


Por hoje, é bom pararmos, porque ainda tem muita gente má com direito a uma vaga nessa homenagem. Desses vilões e antagonistas, quais os seus favoritos? Qual aquele que te deixou arrepiado só de ler o nome? E quais vilões e antagonistas podemos ainda trazer para esse texto? Conte para mim nos comentários.


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


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