Cada vez mais,
o mundo está tomando conta dos danos provocado pelo racismo. Assim, novos movimentos e forças estão surgindo a cada dia, dando forças às vozes que, antes, eram silenciadas. O mundo da literatura também está presente nessa causa, criando ações para apresentar escritores negros ao mercado. Um bom exemplo é a
Winnieteca.
Antes de tudo,
você sabe qual é o panorama dos livros mais vendidos no Brasil escrito por negros? De acordo com um levantamento realizado pela
Revista Veja,
escritores e autores afrodescendentes estão ganhando cada vez mais notoriedade, principalmente em 2020, ano em que a pauta nunca esteve tão em alta.
Dos 20 livros comercializados até junho deste ano, 7 são escritos por pessoas pretas. O 1º lugar, inclusive, é de uma escritora negra:
Djamila Ribeiro. No caso, a obra que figurou nessa posição foi o
“Pequeno Manual Antirracista”, um verdadeiro tapa na cara das pessoas que acreditam que o racismo estrutural não existe na nossa sociedade.
Voltando para a Winnieteca, a plataforma junta o melhor da tecnologia com talentos ainda não descobertos da literatura. Sendo, inclusive, uma ótima oportunidade para quem quer atualizar o seu repertório. Para que tudo ocorra, basta que um simples “match” - explicaremos melhor à frente - pela rede social Twitter.
Quer conhecer um pouco mais desse projeto sensacional? Basta seguir com a leitura e conferir tudo!
Afinal, o que é a Winnieteca?
“Sabe o que seria legal no dia da Consciência Negra? Você, branco privilegiado que se diz antirracista, comprar um livro que um negro precisa e enviar para ele.”
Acredite ou não, mas todo o projeto começou pelo tuíte descrito acima, com exatos 159 caracteres. Ele apareceu na rede Twitter mais especificamente no dia 20 de novembro de 2018 e
logo viralizou.
A autora do tuíte é também a head do projeto, a gaúcha
Winnie Bueno, de 32 anos. Inclusive, você deve ter reparado que o nome é uma junção de Winnie com biblioteca, correto?
Winnie é uma
ativista dos movimentos sociais negro e feminista, usa a leitura como ferramenta de combate ao racismo. Como um Tinder de livros, o perfil no Twitter conecta leitores negros a doadores, pessoas que acreditam na mágica dos livros para combater injustiças sociais.
O projeto tornou-se possível por meio de um apoio do
Geledés Instituto da Mulher Negra e graças a uma parceria com o Twitter, o “match” agora está automatizado! Atualmente, consta com quase 40 mil seguidores.
Em uma entrevista para o site Época, Winnie declarou: “Para quem não ganha nada, ganhar algo novo tem um significado importante”.
Como ocorre o match na Winnieteca?
Para que a troca de livros seja efetivada por meio da Winnieteca, é necessário, primeiramente, acessar o link:
https://t.co/y3cNJxrTXU?amp=1. Logo na automatização que aparece, é demonstrada uma mensagem contendo informações importantes, sendo ela:
“[TERMOS E CONDIÇÕES] Olá! Seja bem vinda à Winnieteca. Aqui a gente conecta pessoas que acreditam na mágica dos livros para combater injustiças sociais. A Winnieteca salva algumas das suas informações para conectar pessoas negras que precisam de livros com pessoas dispostas a presentear uma pessoa negra com um livro que ela precisa. Suas informações não serão utilizadas com outros fins. Vocē concorda com os termos?”
Após responder às perguntas iniciais, o sistema questiona qual obra você precisa, com os seus devidos motivos.
O passo seguinte é conseguir um doador, mas o trâmite, dependendo da raridade do livro, não costuma demorar.
Em pouco mais de um ano,
cerca de mil exemplares já foram despachados Brasil afora. As doações também podem ocorrer de todo o Brasil. Essa corrente faz com que escritores negros tenham mais visibilidade, e também que pessoas negras de baixa renda tenham acesso à literatura de qualidade.
Falando um pouco mais dessa importância, Winnie completou:
“Foi através da literatura que eu me protegia. Me refugiava muito na leitura, especialmente na infância e adolescência. Depois, na fase adulta, e não só na fase adulta, mas na adolescência e até na infância, os livros passaram a ser uma ferramenta muito importante pra eu entender o racismo”.
É por essa junção de encontrar alguém interessado por uma obra + um doador disponível, que a plataforma vem sido nomeada como Tinder dos Livros. Após dar o match perfeito, como no aplicativo de paquera,
um date entre um leitor e o livro ideal ocorre.
Por que é importante apoiar o projeto?
Sabemos o quanto a população negra carrega na sua história dores causadas pela colonização. Uma das maiores é a pouca oportunidade de estudos. Para se ter uma ideia, ainda nos dias atuais,
4 em cada 10 jovens negros não terminaram o ensino médio, de acordo com dados da Folha de São Paulo.
Algumas políticas públicas foram e são implementadas para tentar virar esse jogo, mas sabemos que a raíz da questão ainda não está sendo resolvida. Por isso,
projetos como a Winnieteca tornam-se tão necessários para a população negra.
No mês da
Consciência Negra não basta apenas postar vídeos legais nas redes sociais; é preciso agir. Se você possui boas condições, independente da sua etnia, tire um pouco de tempo e dinheiro para auxiliar a população preta carente, que ainda é marginalizada por boa parte da sociedade.
Gostou de conhecer um pouco mais sobre a importância da Winnieteca?
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