Juliano Loureiro • ago. 04, 2021

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Ele é um gênio das artes, mais precisamente dos quadrinhos, puxando para o popular: um mestre das HQs. Alan Moore, para muitos, pode ser ‘apenas’ o responsável por Watchmen, ou por V de Vingança, o que já seria suficiente para colocá-lo no patamar onde está.


A verdade é que Alan Moore tenta se afastar do mercado dos quadrinhos - por motivos justificáveis -, mas a sua personalidade praticamente o personifica como uma de suas criações.


Crítico ferrenho de todas as adaptações cinematográficas de suas obras - pedindo, inclusive para que o seu nome não constasse nos créditos dos filmes -, não é fã também das continuações de suas criações (feitas, obviamente, por outros escritores), Moore resolveu aposentar-se dos quadrinhos por descrença nos valores artísticos defendidos, supostamente, pelo mercado.


Bem, por essa personalidade bem forte e o talento inegável, Alan Moore é uma referência, inclusive, por muitos é aclamado como o mais importante dos escritores de HQ. Se é ou não, acredito que vá muito do gosto do leitor, fato é que essa lenda viva merece ter um post, aqui no Bingo!, contando um pouco de sua história.


Conheça a vida do Bruxo de Northampton!

Biografia de Alan Moore

alan-moore

Alan Moore é britânico, nascido em 18 de novembro de 1953, na cidade de Northampton, onde reside até hoje. De origem humilde, Moore teve uma infância/juventude bem movimentada, digamos assim.


Segundo o próprio escritor, sua paixão pela leitura começou logo cedo, aos cinco anos de idade. Pelas condições da família, Alan Moore deu início aos estudos em uma escola do seu bairro, uma periferia londrina. Naquela época, Alan começou a ter seu primeiro contato com as tirinhas, dentre elas as americanas:
The Flash, Detective Comics, Quarteto Fantástico e Falcão Negro.


Ao final do ensino primário, Alan Moore passou em um teste para uma escola mais bem estruturada, com alunos de classe média e alta. Essa mudança de ambiente foi ruim para o estudante Moore, de aluno destaque no primário, ele passou a ser um dos piores estudantes, isso, obviamente o desmotivou.


Além da queda no rendimento escolar, para piorar, Alan Moore foi expulso “só porque” decidiu fazer tráfico de drogas dentro da escola. Segundo o próprio, ele foi “um dos piores traficantes de LSD da história”. A gente agradece por isso.


Mas antes de ser expulso da escola, aos 17 anos, Alan Moore ainda teve tempo de contribuir com poesias e ensaios autorais em fanzines. Inclusive, criou o seu próprio:
Embryo. Porém, essas contribuições artísticas não foram capazes de amenizar a pena sofrida pela sua expulsão. Após o episódio, Alan Moore não foi aceito em mais nenhuma instituição.

O início nos quadrinhos

Já que estudar deixou de ser uma opção para Alan Moore, o escritor foi obrigado a fazer diversos trabalhos para se manter. Porém, sem estudos, só lhe restou algumas pequenas ocupações, nas quais ele vivia transitando para conseguir manter o básico.


O que veio lhe salvar, adivinhe só, foram suas histórias. O seu fanzine
Embryo, o tinha colocado em contato com o grupo Northampton Arts Lab, o que abriu algumas portas para Alan Moore.


Seus primeiros textos e histórias em quadrinhos foram publicados em fanzines e revistas alternativas, como
Anon, Back Street Bugle e Dark Star. Mas ganhar dinheiro realmente com sua arte, veio somente através da revista sobre música NME e Alan Moore nem assinou seu nome, usou o pseudônimo de Curt Vile. Foi com esse mesmo nome que ele assinou Roscow Moscow para a revista Sounds.


Em 1979, sob o pseudônimo Jill de Ray, Alan Moore publica a tira
Maxwell The Magic Cat,  trabalho resgatado e publicado em versão nacional pela Pipoca & Nanquin, em 2020. Maxwell foi publicado até 1986, tornando-se a mais longa série em quadrinhos produzida por Alan Moore.

The Ballad of Halo Jones

A virada da década também representou uma guinada na carreira de Alan Moore. Almejando voos maiores, Alan procura a revista 2000AD, uma das referências em quadrinhos à época, responsável pela publicação de Judge Dredd, originalmente criado por John Wagner e Carlos Ezquerra.


Apesar de não conseguir contribuir com Judge Dredd, Alan Moore foi aprovado pela 2000AD. Seus primeiros trabalhos publicados pela revista foram: A holiday in Hell (publicada em 1980), The killer in the cab (edição 170) e The dating game (edição 176). Esta última marcou o início da parceria com Dave Gibbons, seu mais importante companheiro da carreira.


Mas o maior destaque de Moore publicado pela 2000AD viria nos anos de 1984 e 1985: The Ballad of Halo Jones. Essa publicação, principalmente, chamou atenção para o nome de Alan Moore, e outras revistas começaram a procurar o autor.

Marvel UK e V de Vingança

Eagle, Doctor Who Weekly e Scream! foram algumas das revistas que passaram a contar com as histórias de Moore. Doctor Who era uma publicação da Marvel UK (inglesa) e aproveitou-se de Alan Moore para produzir histórias focadas em personagens secundários da série, o que agradou e muito os fãs.


A Marvel inglesa, atenta ao talento do escritor, deu-lhe as rédeas da criação das histórias de um super-herói, o
Capitão Bretanha (Captain Britain). Alan foi responsável pelo personagem de julho de 1982 até junho de 1984.


Nessas idas e vindas de revistas, Alan Moore encontrou na
Warrior a liberdade criativa que tanto almejava, e isso lhe proporcionou a possibilidade de criar suas primeiras obras primas. Em março de 1982, no primeiro número da Warrior, Alan Moore publica Marvelman (posteriormente rebatizado como Miracleman, devido a questões de direito autoral) e V de Vingança.

DC Comics

A partir daí, Alan Moore passou a explorar não só o mercado inglês. O seu nome já era aclamado por leitores de HQ e um grande convite chegou a suas mãos: DC Comics!


O seu primeiro trabalho para o mercado americano foi reinventar a criação original de Len Wein e Berni Wrightson: O Monstro do Pântano (The Swamp Thing). Alan Moore ficou à frente do Monstro do Pântano por três anos, o suficiente para que a revista atingisse um grau de popularidade e aceitação jamais havia alcançado. 


Para você ter uma ideia, o número mensal de vendas de O Monstro do Pântano passou de 17 para mais de 100 mil exemplares. 


E, para não falar que Alan Moore só pegou trabalhos já iniciados, enquanto ele fazia de Monstro do Pântano um sucesso de vendas, teve ainda tempo para criar um dos seus personagens mais famosos: John Constantine, que viria mais tarde, ganhar as suas próprias revistas, pelo selo Vertigo, da DC.

A consolidação de Alan Moore

Com o nome já consolidado, Alan Moore passou a produzir somente obras primas a seguir:


  • entre 1986 e 1987: uma das maiores e mais aclamadas séries de super heróis de todos os tempos foi publicada em 12 partes. Watchmen cravou de vez o nome de Alan Moore na história dos quadrinhos;
  • em 1988: o Homem Morcego ganha a sua história pelas mãos de Moore. A Piada Mortal é considerada uma das melhores HQs do Batman;
  • ainda em 88: mas arrastando-se por uma década até a sua conclusão, Do Inferno é considerada por muitos como a obra prima de Moore. A história traz detalhes profundos sobre cada  assassinato de Jack, o Estripador, na Inglaterra vitoriana.
  • 1999: Alan Moore criou um selo próprio, batizado de America´s Best Comics (ABC). Através dele, publicou os dois volumes de A Liga Extraordinária (The League of Extraordinary Men).


Essa foi uma pequena amostra da carreira brilhante de Alan Moore. Um gênio dos quadrinhos, com um temperamento um tanto quanto excêntrico, mas de uma importância gigantesca para a literatura.


Das obras de Alan Moore, quais você já conhecia? Seja através das HQs ou do cinema. Compartilhe com a gente, nos comentários abaixo.


Antes de você sair, quero lhe fazer um convite. Gostaria de te apresentar a minha ficção científica. Não é uma HQ, mas posso garantir que
Lucas: a Esperança do Último, também irá prender a sua atenção. 


Em
Lucas: a Esperança do Último, apenas 2% da população mundial sobreviveu à Grande Extinção. Estamos em 2042 e Lucas acredita que somente ele e seu gato Félix sobreviveram. Mas algo acontece e ele passa a acreditar que ainda pode encontrar a sua família, para isso, terá de sair em uma jornada de vida ou morte.


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Adquira já o seu e acompanhe Lucas e Félix nessa jornada de sobrevivência.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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