Juliano Loureiro • abr. 13, 2024

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Desde os tempos antigos até as narrativas modernas, os arquétipos de personagens são uma ferramenta fundamental na arte de contar histórias. Estes protótipos universais não são meros clichês, mas sim os alicerces sobre os quais se constroem personagens e tramas memoráveis.


Originados do conceito de "inconsciente coletivo" de Carl Jung, os arquétipos são essenciais para entender como as histórias ressoam por meio de culturas e gerações, explorando temas profundos que falam diretamente ao coração humano.


Os arquétipos de personagens como o Herói, o Mentor, o Vilão e muitos outros, servem como guias narrativas tanto os criadores quanto os espectadores ao longo de uma jornada emocional e psicológica.


Eles fornecem uma estrutura reconhecível e, ao mesmo tempo, versátil que pode ser adaptado para contar qualquer tipo de história, seja ela um épico mitológico ou um drama contemporâneo.


Neste texto, exploraremos a definição e a importância dos arquétipos de personagens, destacando como eles podem ser utilizados para criar personagens que não apenas preenchem uma função na narrativa, mas que também evocam uma resposta poderosa e persistente no público. Boa leitura!

O que são os arquétipos de pesonagens?

Arquétipos de personagens são modelos universais que servem como protótipos para personagens em histórias e narrativas em diversas culturas e épocas. Estes arquétipos são reconhecíveis por seus traços e comportamentos característicos, as quais são imediatamente identificáveis pelo público. Eles encapsulam temas, desejos e conflitos humanos fundamentais, facilitando para os escritores a criação de personagens complexos que ressoam com os leitores ou espectadores.


A ideia de arquétipos foi popularizada por Carl Jung, um psiquiatra e psicólogo analítico suíço, que acreditava que os arquétipos emergem do inconsciente coletivo — uma espécie de depósito de imagens, figuras e temas que são comuns a toda a humanidade. Segundo Jung, esses arquétipos se manifestam em nossos sonhos, mitos, religiões e contos populares, funcionando como símbolos que moldam como experimentamos o mundo.


Em termos literários e cinematográficos, os arquétipos de personagens auxiliam na narrativa, oferecendo uma estrutura familiar que pode ser subvertido ou seguido, dependendo das intenções do autor. Alguns dos arquétipos de personagens mais comuns incluem o Herói, o Mentor, o Aliado, o Oráculo, o Vilão e o Trapaceiro, cada um desempenhando papéis específicos que impulsionam a trama e contribuem para o desenvolvimento temático da história.


Ao utilizar arquétipos, os criadores de histórias podem efetivamente conectar-se com audiências em um nível profundo, explorando e expressando verdades universais através das ações e evoluções de seus personagens.

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O Herói

O herói é talvez o mais central e celebrado dos arquétipos de personagens. Tradicionalmente caracterizado por sua coragem e moralidade, o herói muitas vezes é colocado em uma jornada desafiadora que exige grandes sacrifícios pessoais.


Harry Potter, por exemplo, não só exemplifica a coragem e a busca por justiça, mas também evolui ao longo da série enfrentando e superando diversos obstáculos. Para utilizar esse arquétipo efetivamente, é crucial focar na evolução do personagem.


O herói deve crescer através de suas experiências, aprender lições valiosas e, eventualmente, alterar seu ambiente ou a si de maneira significativa. A jornada do herói não é apenas sobre vencer desafios, mas sobre transformação pessoal e impacto.

O Mentor

O mentor é um guia vital para o herói, oferecendo sabedoria, treinamento e conselhos cruciais para o progresso da história. Gandalf, de "O Senhor dos Anéis", serve como um protótipo clássico, guiando Frodo através de perigos com seu conhecimento e poder.


o escrever um mentor, é essencial que ele possua mais do que simplesmente conhecimento - deve haver uma profundidade emocional em seu desejo de auxiliar o herói, muitas vezes motivada por suas próprias experiências passadas ou falhas redimidas. Mentores também podem ter seus próprios arcos, talvez passando o bastão ou reconciliando aspectos de seu próprio passado.

O Aliado

Aliados são apoios indispensáveis na jornada do herói, muitas vezes ajudando a aliviar a carga emocional ou física. Eles são parceiros no crime, confidentes nas horas de incerteza, e muitas vezes têm suas próprias subtramas que enriquecem a narrativa principal. Samwise Gamgee é um exemplo perfeito, cuja lealdade e força moral são fundamentais para o sucesso de Frodo.


Ao desenvolver um aliado, considere como suas habilidades complementam ou contrastam com as do herói, criando uma dinâmica que pode alternar entre apoio e desafio. Isso não só adiciona camadas à interação entre personagens, mas também oferece ao público várias perspectivas dentro da mesma história.

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O Oráculo

O arquétipo do Oráculo serve como uma fonte crucial de conhecimento e revelação na narrativa, frequentemente desempenhando um papel vital ao revelar informações que impactam a jornada do herói de maneira significativa.


Este personagem é envolto em mistério e muitas vezes possui uma percepção que vai além do comum, oferecendo visões, profecias ou conselhos que são essenciais, mas nem sempre claros ou diretos. Um exemplo clássico é o Oráculo de "Matrix", cujas previsões são enigmáticas e abrem espaço para várias interpretações.


Ao escrever um Oráculo, é importante que suas revelações não solucionem todos os problemas diretamente, mas sim que desafiem o herói (e o público) a pensar e interpretar, adicionando camadas de profundidade e complexidade à trama. O Oráculo pode tanto guiar quanto confundir, criando tensão e incerteza que enriquecem o enredo.

O Vilão

O Vilão é fundamental para qualquer narrativa por ser a força de antagonismo que impulsiona muitos dos conflitos e desafios enfrentados pelo herói. Este arquétipo não é apenas um obstáculo a ser superado; quando bem desenvolvido, é um personagem com motivações profundas, complexas e muitas vezes compreensíveis, que refletem uma versão distorcida ou extremada dos dilemas morais enfrentados pelo herói.


Voldemort, de "Harry Potter", por exemplo, é movido por um medo profundo da morte e um desejo de superar sua própria mortalidade, o que ressoa com questões universais sobre o medo e o desejo de poder. Ao desenvolver um vilão, considere dar-lhe uma história de fundo que explique suas motivações, e evite cair na armadilha de criar um antagonista cujas ações se baseiam unicamente na maldade.


Um vilão convincente pode desafiar o herói não apenas fisicamente, mas também ideologicamente, forçando o público a refletir sobre a natureza do bem e do mal.

O Trapaceiro

O Trapaceiro é um arquétipo vibrante, frequentemente usado para adicionar um elemento de humor, imprevisibilidade e subversão à história. Este personagem é astuto, muitas vezes usando sua inteligência e habilidade para manipular situações a seu favor, cruzando linhas morais que outros personagens podem hesitar em ultrapassar.


Jack Sparrow, de "Piratas do Caribe", exemplifica o Trapaceiro com seu charme irreverente e sua capacidade de sair de situações complicadas com um sorriso. Trapaceiros podem ser aliados, adversários ou algo entre os dois, mas sempre desafiam as normas e expectativas, agitando o status quo e forçando os personagens ao redor (e o público) a questionar suas percepções.


Ao utilizar este arquétipo, pense em como ele pode servir como catalisador para mudanças na história, desafiando os personagens principais e movendo a trama em direções inesperadas.

Conclusão

Os arquétipos de personagens são muito mais do que meros moldes ou estereótipos; eles são a essência das forças humanas e narrativas que movem as histórias. Cada arquétipo, desde o Herói até o Trapaceiro, carrega consigo um rico veio de potencial dramático e emocional que, quando habilmente explorado, pode transformar uma narrativa simples em uma obra memorável e impactante.


Ao empregar arquétipos, os escritores não apenas se ancoram em tradições literárias profundas, mas também dialogam com o subconsciente coletivo de seus leitores, tocando em temas universais e experiências compartilhadas. No entanto, a verdadeira arte não está apenas em usar esses arquétipos, mas em como eles são personalizados, combinados e subvertidos.


Em última análise, os arquétipos são apenas o início do processo criativo. Eles são convites para os escritores mergulharem nas ricas tradições do contar histórias, trazendo novas vozes e visões para o palco mundial da literatura.


Use-os sabiamente, e eles ajudarão a iluminar tanto o caminho do seu herói quanto o de seus leitores, guiando-os por meio de mundos imaginários que refletem o nosso próprio.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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