Juliano Loureiro • fev. 22, 2022

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Os autores independentes no Brasil não têm vida fácil. Escrever e publicar um livro por si só são atividades complexas e desafiadoras. Apesar da satisfação do livro publicado, o trabalho do autor não para por aí. É preciso trabalhar pesado na divulgação e marketing do livro. Bolar estratégias, contratar influenciadores, acionar a rede própria de contatos... É um trabalho cansativo, intenso e deve ser feito de forma recorrente.


E se não bastasse todos esses desafios para a venda de um livro, o autor independente ainda tem que lidar com a pirataria dos seus livros. É frustrante e revoltante ver o arquivo digital do livro ser compartilhado sem pudor algum em grupos de WhatsApp, Telegram e Facebook.


No texto de hoje, vamos falar sobre a pirataria de livros digitais dos autores independentes e os impactos que esta atividade traz para eles e para a literatura nacional de uma forma geral. Me acompanhe pelas próximas linhas e boa leitura!

O que é pirataria e quais são os riscos de quem pratica?

A pirataria, também conhecida atualmente como pirataria moderna, é o ato de vender ou distribuir conteúdos ou produtos sem a autorização prévia do(s) proprietário(s). O produto  pirateado pode ser original ou uma cópia reproduzida sem o aval de quem o criou.


No Brasil, a pirataria é considerada um crime contra o direito autoral e que pode resultar na reclusão de até quatro anos, além de multa.

Como funciona a pirataria de livros?

Praticamente todos os casos relatados por autores independentes são relacionados aos livros digitais (e-books). O livro é pirateado em algum momento no processo de distribuição oficial. Seja uma cópia oficial vazada ou, como ocorre em boa parte dos casos, o arquivo oficial é baixado pelo próprio site da Amazon. Há diversos relatos de autores sinalizando o quanto é fácil transferir arquivos de forma oficial. Esta falha no sistema atinge diretamente o autor independente.


Com o documento (e-books) em mãos, o criminoso compartilha o conteúdo em grupos de Telegram, Whatsapp e Facebook, principalmente. Além da distribuição gratuita, há quem venda este e-book! Ou seja, além do compartilhamento ilegal, o criminoso ainda lucra com a ação.

Quais tipos de livros são pirateados?

O principal foco da pirataria são os livros de autores estrangeiros, que de forma oficial chegam a custar dezenas de reais. Livros de fantasia, por exemplo, são mais caros e a versão digital custa praticamente o mesmo preço da versão física. Grandes editoras praticam estes preços abusivos para induzir o leitor a comprar a cópia física.


"A Roda do Tempo", no momento de publicação deste artigo, está custando incríveis R$ 62,90 na versão digital e R$ 99,90 na versão física. O preço elevado é a justificativa de quem consome o produto pirata.

Autores independentes também são pirateados?

A pirataria não se resume a livros caros de grandes editoras. Ela também atinge autores independentes que cobram valores bem mais baixos por seus livros. É bastante comum vermos livros custarem R$ 1,99 ou R$ 5,99. Valores bem acessíveis, justamente para facilitar o acesso dos leitores à literatura independente.


Mas, por incrível que pareça, livros tão baratos e acessíveis também são pirateados. E, pior, são vendidos por valores acima do cobrado pelo autor.

Quais os impactos da pirataria de livros de autores independentes?

Os impactos da pirataria de livros dos autores independentes são vários e vou listar alguns abaixo:

Diminuição das vendas oficiais

Diversos autores dependem diretamente da venda dos seus livros como forma de sustento. Como os valores praticados geralmente são baixos, o autor tem um esforço enorme para conseguir um dinheiro considerável no final do mês. Outra forma de monetizar com um livro é através do Kindle Unlimited, serviço de assinatura de livros da Amazon, onde o autor é remunerado por cada página lida.


Quando o livro é pirateado, o autor perde parte da sua receita mensal. Em alguns casos, perdas constantes resultam na desistência em continuar escrevendo, além do agravamento de uma situação financeira.

Desvalorização do trabalho do autor

Quando um livro é compartilhado de forma ilegal e à reveria, não se tem o cuidados de como o livro é repassado. Não há preocupação quanto à qualidade do arquivo, bem como quem irá receber aquele livro. O criminoso compartilha livros de diversos gêneros em diversos grupos, fazendo com que toda a estratégia de marketing e divulgação do autor seja jogada por água abaixo.


Ter um livro pirateado mancha a imagem do autor e o torna vulnerável a ataques gratuitos de ódio na internet, que dificulta a criação de uma base sólida e saudável de leitores.

Destruição de carreiras literárias

A frustração ao descobrir que o livro foi pirateado é enorme e boa parte dos autores chegam a pensar em desistir, tendo em vista que todo o esforço e dedicação foram apagados por conta dos criminosos que piratearam a sua obra. Se não há uma remuneração justa pelo trabalho feito, por qual motivo o autor deveria continuar?!

Desvalorização da literatura nacional

O Brasil é um país que pouco lê. Mesmo com o aumento considerável no último ano, em relação a 2020, de 30% na venda de livros, 55 milhões de cópias, este número é baixo para uma população de mais de 200 milhões de pessoas.


Quando milhares de livros são pirateados, toda a cadeia produtiva é atingida. Menos livros são comercializados, menos os autores e editoras faturam e, consequentemente, menos livros serão publicados no futuro. Apesar de parecer uma boa saída midiática para que o brasileiro leia mais, a pirataria só corrói toda a produção de livros. Se não há remuneração pelo trabalho, o que justifica produzir novos livros?!


O resultado final de tudo isso é a desvalorização na literatura nacional.

Como resolver o problema da pirataria de livros?

Nenhuma ação é 100% certeira e de curto prazo. Piratear conteúdos, sejam livros, filmes, músicas ou qualquer outro tipo de arte, é algo cultural no Brasil. Mas há saída. Abaixo, listo algumas ações que podem ser feitas para ajudar no combate à pirataria:


  • conscientização: de forma constante e bem planejada comunicar os impactos negativos da pirataria;
  • mudanças na plataforma Amazon: grande parte dos livros pirateados vem da gigante do varejo. Uma melhoria tecnológica resolveria parte do problema;
  • denúncia: quando você se deparar com fontes ou grupos de pirataria, faça a denúncia em delegacias especializadas em crimes de internet e busque orientação. Se for possível, consiga os dados de quem está compartilhando livros piratas;
  • mudança de estratégia de mercado: as grandes editoras têm que mudar o seu atual comportamento, que é praticar preços abusivos nos e-books. Esta não é a melhor saída para proteger a venda dos livros físicos.
  • comprar mais livros de autores independentes: atualmente, existem milhares de livros e autores muito bons de diversos gêneros. Para fomentar o trabalho deles e alavancar a literatura nacional, considere comprar esses livros.


A mudança deve ocorrer todos os dias para, quem sabe, colhermos bons frutos no futuro. Agora, eu gostaria de saber a sua opinião quanto a este assunto. Comente abaixo sobre o que você acha da pirataria de livros de autores independentes e como você acha que podemos acabar com esta prática criminosa. Nos vemos no próximo texto. Até.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. Link abaixo:

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