Ele era visto como imoral, porém moralista, reacionário político que no final da vida lutou pela anistia de presos políticos.
Suas obras eram tachadas como vulgares, obscenas e…imorais.
Nelson Rodrigues foi uma figura polêmica, controversa, mas de tamanha importância para a literatura e teatro brasileiro.
Nelson teve uma vida um tanto quanto conturbada, não necessariamente justifica suas escolhas artísticas. Apesar de sempre associado à vida carioca, nasceu longe do Rio e dedicou-se a escrever sobre o cotidiano do subúrbio da capital.
As suas obras são marcadas por temáticas bem pesadas, como crimes, incestos, mas também críticas sociais e ainda há um lado futebolístico que também marcou época.
Falar sobre Nelson Rodrigues é falar sobre polêmicas, mas também sobre dramaturgia e o teatro moderno brasileiro. Vamos então conhecer um pouco dessa vida controversa?
Biografia de Nelson Rodrigues
Nelson Falcão Rodrigues nasceu no dia 23 de agosto de 1912, em Recife. Quinto filho de uma família com 14 filhos, dos pais Maria Esther e Mário Rodrigues. Como muitos associam e eu já citei na introdução, com 4 anos, Nelson Rodrigues e família mudam-se para o Rio de Janeiro.
O motivo da mudança da família Rodrigues para o Rio foi o patriarca,
Mário Rodrigues, tentar a vida como jornalista. Ele fundaria o jornal A Manhã, no ano de 1925.
O pai seria uma das influências para Nelson também embarcar na profissão de jornalista.
Mas, antes disso, mesmo na infância, Nelson Rodrigues já dava pistas que viria a se tornar um autor controverso. E a prova disso é que, em 1919, ainda na escola, Nelson ganhou um concurso de redação.
Só que ninguém esperava que uma criança escreveria sobre adultério. E ainda assim ganhou o prêmio.
O início nos jornais
Com a veia artística já aflorada, Nelson, com apenas 14 anos, começou a trabalhar com o pai como repórter policial e teve um artigo publicado que alcançou grande sucesso:
A Tragédia de Pedra.
Mas nem tudo foram flores para a família no Rio. O pai não conseguiu manter a sua parte no jornal e acabou perdendo para o sócio. Na tentativa de se manter no meio jornalístico,
Mário Rodrigues fundou outro jornal,
A Crítica. E o pior estava por vir.
Na redação, trabalhava um dos irmãos de Nelson, Roberto Rodrigues. O jornal publicou uma matéria sobre um possível adultério da escritora Sylvia Seraphim. Indignada com a reportagem,
a escritora dirigiu-se até a redação e assassinou Roberto.
O assassinato foi em 1929 e levou Mário Rodrigues a um quadro irreversível de alcoolismo, falecendo no ano seguinte. Meses depois, o jornal
A Crítica foi fechado pelo governo de Getúlio Vargas.
Os anos seguintes foram horríveis para a família, com enorme crise financeira,
Nelson Rodrigues foi acometido pela tuberculose, doença que tirou a vida de mais um de seus irmãos no ano de 1936.
Nessa fase conturbada,
Nelson Rodrigues chegou a trabalhar no
O Globo, inclusive a família Marinho custeou o tratamento contra a tuberculose de Nelson. O então jornalista, viria mais tarde assumir a seção cultural do jornal.
Em outro momento, foi editor do suplemento
O Globo Juvenil e roteirizou algumas histórias em quadrinhos para o suplemento, dentre elas, uma versão de
O fantasma de Canterville, de Oscar Wilde.
No ano de 1936, Nelson Rodrigues começou a escrever sobre futebol para o
Jornal dos Sports. A partir de então, escreveu para o
Correio da Manhã,
O Jornal,
Última Hora,
Manchete Esportiva e Jornal do Brasil.
Uma curiosidade:
Nelson Rodrigues foi um dos maiores cronistas sobre futebol, não escondia sua paixão pelo Fluminense e criou dos mais folclóricos personagens, o
Sobrenatural de Almeida, um fantasma, que seria responsável por tudo de ruim que acontecesse contra o seu time de coração.
Dramaturgia
Nos anos 40, Nelson Rodrigues divide o seu talento entre as redações e os palcos.
Já em 1941, sua primeira peça,
A mulher sem pecado.
Ao contrário dos seus primeiros textos, a sua peça não obteve sucesso.
Em compensação, dois anos depois viria a peça que se tornaria o marco inicial do teatro moderno brasileiro.
Vestido de Noiva levou para os palcos toda a essência do povo carioca, com personagens com a essência popular, com a linguagem das ruas. Essa sintaxe popular era algo inédito nos palcos brasileiros.
A sua terceira peça viria em um momento em que Nelson mudava de ares no jornalismo.
Em 45, ele trocou
O Globo
pelo
Diários Associados, onde começou a escrever
Meu destino é pecar. Era um folhetim que Nelson Rodrigues assinava com o pseudônimo de Suzana Flag.
O sucesso do folhetim foi tanto que alavancou as vendas do
Diários Associados, resultou em mais duas obras com assinatura de Flag e inspirou Nelson Rodrigues a sua terceira peça
Álbum de Família.
E aí, mais uma vez, o lado controverso de Nelson foi exposto.
Com a temática do incesto,
Álbum de Família foi censurada e, somente 20 anos depois, liberada para estrear nos palcos. Neste intervalo, Nelson Rodrigues estreou outra peça,
Anjo negro.
Vale dizer que Nelson Rodrigues nunca abandonou nenhum de seus “ofícios”, mesmo com tantas peças por estrear, ele continuou o trabalho como escritor e jornalista. Inclusive, em 1950, ele trabalhou no jornal
Última Hora, onde publicaria o seu maior sucesso,
A Vida Como Ela É.
E nos anos 60, outro marco da carreira de Nelson Rodrigues. Com contato de longos anos com a família Marinho, ele trabalhou na recém inaugurada TV Globo. Ele foi integrante da primeira mesa redonda esportiva da televisão, no programa
Grande Resenha Esportiva Facit.
Nelson Rodrigues também foi ator. Estreou em 1957, na peça
Perdoa-me Por Me Traíres. Suas outras atuações foram:
- Os Sete Gatinhos; em 1958;
- Boca de Ouro; 1960;
- O Beijo no Asfalto; em 1961;
- em 1963
Bonitinha, Mas Ordinária;
No ano de 1965, mais uma de suas polêmicas.
Com a peça escrita
Toda Nudez Será Castigada, o autor foi taxado de sensacionalista.
Apesar das críticas, a peça foi adaptada para o cinema e ganhou o Urso de Prata no Festival de Berlim sido premiada no primeiro Festival de Gramado.
Em 1978, mais uma de suas obras foi adaptada para as telas.
A Dama da Lotação foi baseado em uma crônica de
A Vida Como Ela É e teve em seu elenco a atriz Sonia Braga.
Nelson Rodrigues faleceu no dia 21 de dezembro de 1980, de complicações cardíacas e respiratórias.
Conheça meus livros
Agora que você conheceu um pouco mais da vida controversa de Nelson Rodrigues, eu quero te convidar para algumas leituras menos polêmicas, podemos dizer assim.
No meu site você encontrará as minhas obras publicadas e tenho certeza que com certeza tem uma leitura para o seu gosto.
Conheça os meus livros publicados, lá você encontra ficção científica, young adult, contos e até poesia! Vá lá, adquira aquele ou aqueles que te agradam e volte aqui para me contar o que achou.
