José Eduardo Agualusa é um elo entre os
povos lusófonos. Sua literatura aproxima e relata as relações históricas, culturais e afetivas dos povos que falam a língua de Luís Vaz de Camões.
Muito mais que um escritor,
Agualusa é uma espécie de embaixador informal da cultura e da literatura angolana. É da classe dos artistas que abraçam a literatura de forma ampla e variada. A sua imensa bibliografia é a prova do seu multi talento e os prêmios só comprovam a magnitude do trabalho.
José Eduardo Agualusa é um angolano que conseguiu deixar sua marca na literatura contemporânea de língua portuguesa, na literatura africana e, quiçá, mundial. Eis um escritor que precisa ser conhecido agora!
Por isso, vem com a gente conhecer um pouco mais da vida de Agualusa.
Biografia de José Eduardo Agualusa
José Eduardo Agualusa Alves da Cunha nasceu no dia 13 de dezembro de 1960, na província de Huambo, em Angola. O escritor angolano possui descendência portuguesa e brasileira, enquanto a família materna tem origem portuguesa, os parentes do lado paterno brasileira.
Apesar de ser
uma das maiores referências em literatura lusófona contemporânea, você acredita que Agualusa começou seus estudos em áreas completamente desassociadas à literatura e escrita?
Após a independência de Angola em 1975 e a eclosão da guerra civil angolana logo depois, Agualusa se mudou para Lisboa. Lá, ele cursou Agronomia e Silvicultura, no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa.
Para a nossa sorte e do universo literário, a veia criativa da escrita falou mais alto e José Eduardo ingressou no jornalismo cultural ainda na época de estudante de graduação. Ao lado de colegas africanos que tinham uma pegada mais artística, ele fundou uma revista literária na universidade.
Agualusa criou heterônimos e começou a produzir seus primeiros textos jornalísticos e suas primeiras narrativas ficcionais. Uma vez no jornalismo cultural, ele não saiu mais dessa área. Após formado, ele abandonou definitivamente a Agronomia e a Silvicultura e passou a trabalhar na imprensa profissional.
O trabalho em redações começou ainda em Portugal, com a sua colaboração no periódico Público, no qual contribuiu desde a sua fundação. No jornal, ele ainda assumiu o cargo de cronista em uma revista que saía aos domingos, como um complemento.
Em terras portuguesas, José Eduardo Agualusa contribui ainda com as revistas Visão e Ler como colunista e cronista. O escritor também é colaborador no O Globo; aqui no Brasil; no portal Rede Angola e é o idealizador do programa A Hora das Cigarras, sobre música e poesia africana, na RDP África - estação de rádio portuguesa da rede RTP.
Mini bibliografia de Agualusa
Apesar dessa carreira movimentada em meios jornalísticos, Agualusa tem destaque maior mesmo é na literatura. E o seu trabalho começou pra valer, digamos assim, já no final dos anos 80.
E logo no seu primeiro livro A Conjura (1989), Agualusa foi condecorado com o Prémio Revelação Sonangol. A bibliografia de José Eduardo Agualusa reúne mais de 40 livros e traduções para mais de 30 idiomas.
As publicações de Agualusa englobam romances, novelas, coletâneas de contos e crônicas, livros-reportagem, antologias poéticas, obras infantis, infantojuvenis e livros de fotografia.
Podemos dizer que José Agualusa é um workaholic, com uma
média de mais de um livro por ano e sem contar a sua incrível capacidade de diversificar, em trafegar por vários tipos textuais.
Em todos os livros de Agualusa há fidelidade ao retrato dos costumes, dos hábitos, das crenças e do estilo de vida africano. O autor representa em seus textos a identidade cultural africana como poucos fazem.
Ele apresenta as cores e a magia do africano ao mesmo tempo em que expõe as mazelas e os horrores vividos por um continente subjugado, esquecido e escravizado.
Além da obra primogênita, vale destacar:
- Estação das Chuvas (romance de 1996);
- Nação Crioula (romance de 1997);
- Um Estranho em Goa (romance de 2000);
- O Vendedor de Passados (romance de 2004);
- As Mulheres do Meu Pai (romance de 2007);
- Barroco Tropical (romance de 2009);
- Nweti e o Mar (infantojuvenil de 2011);
- Teoria Geral do Esquecimento (romance de 2012);
- A Rainha Ginga (romance de 2014);
- O Livro dos Camaleões (coletânea de contos de 2015);
- A Sociedade dos Sonhadores Involuntários (romance de 2017).
Principais características das obras de Agualusa
- Os romances de José Eduardo Agualusa se dividem em duas fases:
- Literatura Engajada: retrato fidedigno (característico de um texto jornalístico) dos dramas contemporâneos e históricos dos povos colonizados pelos portugueses;
- Literatura Fantástica: inserção de elementos mágicos, sobrenaturais e extraordinários às narrativas.
- Narradores variados: desde narração feita em primeira pessoa, em terceira pessoa e multi narradores.
- Mescla entre a realidade e a ficção.
- Forte influência do cenário político.
- Agualusa mescla bem os
elementos fortes do ambiente externo com a beleza da vida particular de suas personagens. Ao mesmo tempo em que expõe a violência ideológica e física dos dominadores, ele sabe colorir suas narrativas com tons tragicômicos do dia a dia angolano.
- Presença de personagens contraditórias, com um mix de qualidades positivas e negativas.
- Narrativas ágeis, leituras agradáveis, dinâmicas e com reviravoltas.
- Tramas multifacetadas. A partir de uma linha central, a história principal se divide em várias histórias secundárias.
- Valorização da negritude e busca incessante pelas raízes culturais africanas.
- Interconexão da sociedade lusófona
dos quatro continentes.
- Intertextualidade: ler Agualusa é ter contato direta ou indiretamente com outras obras culturais, seja literatura, música, cinema, fotografia, teatro ou outra qualquer arte.
Prêmios recebidos
- Prêmio Sonangol de autor revelação (Angola);
- Prêmio Nacional de Cultura e Artes (Angola);
- Grande Prêmio de Literatura da RTP (Portugal);
- Grande Prêmio de Conto Camilo Castelo Branco (Portugal);
- Grande Prêmio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens (Portugal);
- Prêmio Fernando Namora (Portugal);
- Prêmio Independent de 2007 na Categoria Ficção Estrangeira (Inglaterra);
- Prêmio Literário Internacional de Dublin (Irlanda).
Conheça agora meus livros
Após conhecer uma referência da literatura lusófona, quero deixar mais uma sugestão para algumas leituras em língua portuguesa.
Quero que você conheça os meus livros publicados:
- Frases minhas sobre um coração em festa:
um compilado de frases poéticas escritas desde 2020. Inicialmente, essas frases serviram como um desabafo, uma catarse para os momentos conturbados que o autor passou.
- Lucas: a Esperança do Último: ano de 2042. Lucas e Félix são os únicos seres sobreviventes de Nova Del Rey, cidade que ainda carrega os impactos da Grande Extinção, ocorrida há 23 anos. A vida monótona de Lucas acaba quando ocorre um encontro inesperado.
- Antônio e o tempo:
Em uma tarde despretensiosa, ao voltar da faculdade, Antônio encontra uma maleta velha. No interior, um lindo relógio de bolso dourado. Um relógio especial, capaz de parar o tempo.
- Terraço:
o meu mais recente conto. Uma história sobre sobrevivência (será?). Nessa nova realidade, onde o luto e a esperança não têm espaço, a sobrevivência exige deixar para trás o passado e tudo que se ama.
Acesse o meu site e descubra tudo sobre as obras e garanta a sua próxima leitura!
