Juliano Loureiro • fev. 12, 2023

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A dramaturgia brasileira sempre teve um papel importante na sociedade, muito além do aspecto cultural, as peças teatrais sempre tiveram um quê de denúncia, críticas sócio-políticas.


Talvez, o sucesso recaia sempre para as encenações mais cômicas, caricatas e regionalistas. Afinal, o brasileiro gosta de se ver no palco e na tela.


Infelizmente, muitas vezes, uma peça só é reconhecida após alguma adaptação, seja para televisão ou para o cinema. Pois bem, se você curte filmes, minisséries e, principalmente, novelas, saiba que muitos dos seus criadores fizeram escola no teatro.


Mas há também dramaturgos que fizeram um caminho inverso. Cravaram seus nomes na história da literatura e depois migraram seus talentos para o palco.


Falar sobre a história do teatro nacional é assunto para muitos posts, mas não há maneira melhor de conhecê-la através dos nomes e peças. Por isso,
separei alguns nomes importantes e obras que você deve conhecer, para saber mais sobre a dramaturgia brasileira.


Vem comigo, porque essa história pode render vários atos. Boa leitura!

Alguns dos principais nomes da dramaturgia brasileira

Augusto Boal

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De fama com projeção internacional, Augusto Boal foi um importante nome não só da dramaturgia brasileira, mas de toda América Latina.


Boal escreveu, adaptou e dirigiu mais de 70 peças. Foi o criador do método Teatro do Oprimido para democratizar os meios de produção teatral.


Suas principais obras, escritas em coautoria com  Gianfrancesco Guarnieri, foram encenadas no Teatro de Arena. As duas principais peças são: Arena Canta Bahia e Arena Conta Zumbi.

Plínio Marcos

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Plínio foi um daqueles dramaturgos que surgiram em meio ao caos da ditadura e suas peças sofreram com as censuras dos militares. Mas antes do teatro, um dado curioso sobre a carreira: Plínio Marcos começou a trabalhar com artes em um circo.


Quando chegou à dramaturgia, as gírias da periferia e personagens em situações de subdesenvolvimento, em suas obras, foram fundamentais para renovar os padrões dramatúrgicos brasileiros. 


Suas principais peças são Dois Perdidos numa Noite Suja, Navalha na Carne, Balbina de Iansã e Abajur Lilás.

Hilda Hilst

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A “surpresa” desta lista fica por conta de Hilda Hilst. Talvez, não seja preciso apresentá-la como poetisa que foi, sendo considerada uma das maiores escritoras do século XX.


Após consolidada a carreira como escritora, mesmo afastada dos principais movimentos teatrais da época, Hilda produziu oito peças em um intervalo de apenas dois anos. O impacto do trabalho de Hilda Hilst na dramaturgia foi uma revolução poética nos palcos.


As suas principais peças teatrais foram: A Empresa, O Rato no Muro, O Visitante, Auto da Barca de Camiri, As Aves da Noite, O Novo Sistema, O Verdugo e A Morte do Patriarca.

Dias Gomes

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Dias Gomes é um dos principais e mais premiados dramaturgos nacionais. Tem seu nome marcado não só na dramaturgia, como também na teledramaturgia, ou seja, naquilo que é um dos principais produtos culturais brasileiro, a telenovela.


A sua primeira peça teatral foi escrita quando ele tinha apenas 15 anos: A comédia dos moralistas. Apesar de nunca ter sido encenada, em 1939, foi premiada no Concurso do Serviço Nacional de Teatro.


Na TV, seus principais trabalhos e sucessos foram: O Bem Amado, Roque Santeiro e Saramandaia.


Já nos palcos, as principais peças são: O Pagador de Promessas, A Revolução dos Beatos, O Berço do Herói e Campeões do Mundo.

Nelson Rodrigues

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Considerado por muitos o mais importante dramaturgo nacional, a sua fama não era assim das mais aprazíveis. Nelson Rodrigues também era imoral e reacionário político e a sua vida foi bem “polêmica”, para resumir bem.


Mas é no campo das artes, mais precisamente na dramaturgia, que sua vida nos diz respeito. Até mesmo porque, aqui estamos falando do pai do teatro moderno, mais adiante traremos a peça responsável por isso.


Assim como a sua vida, sua carreira (não só) no teatro foi marcada por polêmicas e temáticas bem pesadas, como incestos, adultérios e crimes.


Suas obras mais importantes na dramaturgia são: Vestido de noiva e Álbum de família


Para conhecer mais sobre a vida do dramaturgo, recomendo a leitura de “Conheça Nelson Rodrigues, o mais influente dramaturgo brasileiro”.

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5 importantes peças da dramaturgia nacional

1. Morte e Vida Severina (Maria Claro Machado)

Para quem não sabe, pode causar um estranhamento, afinal Morte e Vida Severina não é (talvez) a maior obra de João Cabral de Melo Neto? Pois é, não deixa de ser.


O que muita gente não sabe é que a obra foi um pedido de Maria Claro Machado, que à época, ali no final dos anos 50, dirigia o teatro Tablado, no Rio de Janeiro. Escrita entre os anos de 1954 e 1955, a peça só estrearia nos palcos em 1958, pela companhia Norte Teatro Escola do Pará, a montagem  foi em Recife.


Outra curiosidade: a peça só veio alcançar o sucesso graças a Chico Buarque de Holanda. Em 1966, Chico musicalizou a poesia de João Cabral. A montagem da peça feita pelo Teatro da Universidade Católica (TUCA), de São Paulo, em 1965, acrescentou à trilha a versão de Chico Buarque, com isso, a peça fez estrondoso sucesso dentro e fora do Brasil.


Bem, acho que a sinopse da peça é de conhecimento popular. A história de Severino, um retirante nordestino em busca de sobrevivência no litoral, e as mazelas que a vida no sertão.

2. Auto da Compadecida (Ariano Suassuna)

A obra que colocou o nome de Ariano Suassuna na mais alta prateleira da literatura e dramaturgia brasileira foi encenada, pela primeira vez, em 1956, no Recife, com montagem de João Cândido. 


Escrita em 3 atos, Auto da Compadecida traz uma mescla da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Com a adaptação televisiva feita pela Rede Globo, no final dos anos 90, o sucesso foi ainda maior.


Ariano Suassuna retratou a essência nordestina em todos aspectos, desde a oralidade dos personagens, como também as crenças e apegos às lendas locais, seja no aspecto religioso ou social.

3. Vestido de Noiva (Nelson Rodrigues)

A primeira montagem de Vestido de Noiva foi no ano de 1943, pelas mãos do diretor polonês Zbigniew Marian. A obra, de autoria de Nelson Rodrigues, foi a grande responsável pelo início da modernização do teatro brasileiro.


O ápice da peça não está apenas no conflito entre os antagonistas Alaíde e Lúcia, mas sim numa tensão constante entre todos os personagens. Contrapondo os momentos de amabilidade familiar, sempre retratados em qualquer arte, Vestido de Noiva carrega em sua narrativa uma forte sensação de angústia. Nelson Rodrigues traz a percepção da linha tênue (se é que existe) entre o desejo e ódio.

4. O Pagador de Promessas (Dias Gomes)

Considerada por muitos como uma das maiores peças da dramaturgia brasileira, a obra de Dias Gomes foi encenada pela primeira vez em São Paulo pelo TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) no ano de 1960.


O sucesso da peça transcendeu os palcos e a sua adaptação para o cinema, em 1962, venceu o prêmio Palma de Ouro no Festival de Cannes.  No ano seguinte, foi o primeiro filme brasileiro indicado ao Oscar como Melhor Filme Estrangeiro.


A história de O Pagador de Promessas é dividida em 3 atos, começando na cidade de Salvador com o protagonista Zé-do-Burro. Ele deseja levar uma grande cruz até o interior da Igreja de Santa Bárbara para pagar uma promessa.


Durante o percurso, Zé-do-Burro sofre com as mentiras, corrupção e ganância da sociedade.

5. Trair e coçar é só começar (Marcos Caruso)

Trair e coçar é umas das peças teatrais de maior sucesso no Brasil e, quiçá, com maior longevidade. Nos palcos, desde 1986, seus números são impressionantes:


  • mais de 9 mil apresentações;
  • mais de 6 milhões de espectadores;
  • presente no Guinness Book por 4 vezes.


Além dos números, a peça acumula premiações, como, por exemplo, o Prêmio Quality Cultural.


A sua trama gira em torno de meras hipóteses de adultérios, geradas por equívocos e confusões provocadas por uma empregada, que se aproveita da desconfiança geral entre os casais do enredo para subornar seus patrões e amigos. 


Eu trouxe, por agora, somente essas peças porque se você me dedicar exclusivamente à elas, precisaríamos de um outro post exclusivo. Mas para não dizer que não foram mencionados, vale (muito) à pena você conhecer outras peças de nomes consagrados como:


  • Chico Buarque,
  • Paulo Pontes,
  • Antônio Bivar,
  • Rachel de Queiroz,
  • Jorge Andrade,
  • Ivam Cabral,
  • Rodolfo García Vázquez,
  • Jô Bilac,
  • Ana Maria Nunes,
  • José Vicente,
  • Miguel Falabella,
  • Maria Adelaide Amaral. 


Além, claro, de buscar outras peças dos dramaturgos já citados.

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