Juliano Loureiro • mai. 28, 2021

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A literatura é uma arte comumente associada a outras expressões artísticas e, tenho certeza, que você sabe qual é aquela que mais faz parceria com os livros. Se você falou o cinema, errou. A música é parceira das antigas da literatura, são praticamente carne e unha.


Para você ter ideia, o gênero lírico, lá da Grécia Antiga, tem esse nome porque os versos declamados eram acompanhados pelo som da lira. Essa história eu já contei, aqui no blog, em um texto sobre
Gêneros Literários.


E a parceria entre as duas artes não ficou no passado, muito pelo contrário, literatura e música andam tão juntas que fica difícil encontrar artistas que se dedicam exclusivamente a uma delas, sem arriscar pela outra ou ter a sua arte transformada em música ou impressa em livros, por outros artistas.


Autores que são músicos ou músicos escritores? Música que vira livro ou história que é musicalizada? Você vai ver, agora, como essas artes estão tão interligadas que, por várias vezes, você consumiu essa “arte híbrida” sem saber.

Músicas inspiradas em livros e seus autores

Vamos começar com os músicos homenageando seus autores favoritos, as histórias mais famosas ou, até mesmo, cantando a literatura como toda.

Língua, do Caetano Veloso

Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões

Gosto de ser e de estar

E quero me dedicar a criar confusões de prosódia

E uma profusão de paródias

Que encurtem dores

E furtem cores como camaleões

Gosto do Pessoa na pessoa

Da rosa no Rosa

E sei que a poesia está para a prosa

Assim como o amor está para a amizade

E quem há de negar que esta lhe é superior?”


Esse é um trecho da música cantada por Veloso. Preciso dizer algo mais? Eu deixo para o próprio Caetano:

Don't Stand So Close to Me, do The Police

Um dos grandes clássicos de Sting e companhia, quem diria, foi inspirado na obra Lolita, de  Vladimir Nabokov. A mais famosa história da relação conflituosa entre professor e aluna, envolvendo amor, tabu e desejos foi transformada nessa canção vencedora do Grammy de Melhor Performance de Rock, em 82.


Detalhe ainda mais curioso é que Sting, antes da fama, era professor, o que levantou a hipótese da música ser autobiográfica. E é claro que o cantor negou.


“Her friends are so jealous


You know how bad girls get

Sometimes it's not so easy

To be the teacher's pet”

Relembre o grande clássico do The Police:

Dom Quixote, dos Engenheiros do Hawaii

Humberto Gessinger é um dos compositores do rock nacional mais aficionado à literatura e isso é evidente em suas composições musicais e letras. E uma das maiores obras literárias do mundo, não poderia ficar de fora do setlist dos Engenheiros.


Dom Quixote, o cavaleiro andante que nos seus devaneios luta contra os moinhos de vento, em parceria com Sancho Pança era tão bonzinho que era feito de “otário”, como cantou Humberto:


Muito prazer, meu nome é otário

Vindo de outros tempos, mas sempre no horário

(...)

Por amor às causas perdidas

Tudo bem, até pode ser

Que os dragões sejam moinhos de vento

Tudo bem, seja o que for

Seja por amor às causas perdidas

Por amor às causas perdidas”


Dom Quixote pode até não ter tido uma batalha real, mas a homenagem é justíssima:

1984, de David Bowie

Aqui, um caso de gênio inspirando gênio, pois são inquestionáveis as influências de George Orwell e David Bowie na literatura e na música. Inclusive, figuram em algumas listas como os maiorais de suas vertentes artísticas.


E, apesar da faixa homônima ao livro, a influência de Orwell vai além. A música 1984 é apenas uma das faixas do álbum 
Diamond Dogs, de Bowie, totalmente dedicado à obra de Orwell e que, a princípio, foi feito para ser uma peça teatral totalmente dedicada ao livro 1984. Porém, a mulher de Orwell não concedeu os direitos sobre o livro.


A faixa em questão, fala sobre o tópico principal do livro, a manipulação da sociedade pelas mídias:


“Someday they won't let you

now you must agree

The times they are a-telling

and the changing isn't free

You've read it in the tea leaves

and the tracks are on tv

Beware the savage jaw

Of 1984”


Não deixe de conferir a performance do camaleão do rock:

Misty Mountain Hop , de Led Zeppelin

Uma das maiores bandas de rock de todos os tempos cantando sobre uma das maiores obras da literatura. As montanhas Misty, ou Montanhas Nebulosas, dizem alguma coisa para você? A viagem psicodélica de Jimmy Page, Robert Plant, John Paul Jones e John Bonham só é comparada à saga fantástica de J. R. R. Tolkien e seu O Hobbit.


Misty Mountain é uma das faixas do disco clássico IV e conta a história maluca de um passeio pelo parque, a caminho das montanhas Misty e um guarda. Mas, como toda boa saga, a história ainda está presente nas músicas
The Battle of Evermore, também do álbum IV e Ramble On, do disco II.


So I'm packing my bags


for the Misty Mountains


Where the spirits go now,


Over the hills where the spirits fly, ooh.


I really don't know


Confira o clássico do Led em homenagem a Tolkien:

To Tame a Land, do Iron Maiden

Contrariando quem ainda tem um estereótipo errôneo sobre o rock pesado, o heavy metal é uma das principais vertentes da música a beber da fonte da literatura para suas composições. E um de seus maiores representantes, o Iron Maiden, foi buscar em Duna, de Frank Patrick, referências para a canção To Tame a Land.


E as referências a uma das mais importantes ficção científica de todos os tempos são evidentes na letra:


He is the king of all the land

In the Kingdom of the sands

Of a time tomorrow

He rules the sandworms and the Fremen

(....)

In the land called planet Dune

Body water is your life

And without it you would die

In the deserted planet Dune

(...)

In a world called Arrakis

It is a land that's rich in spice

The sandriders and the mice

That they call the Muad'Dib

He is the Kwisatz Haderach

He is born of Caladan

And will take the Gom Jabbar


Ficou curioso em ouvir essa homenagem? Confira:

Monte Castelo, da Legião Urbana

Camões e a Bíblia na voz de Renato Russo. Assim podemos definir Monte Castelo, uma das mais famosas canções da Legião Urbana.


Talvez, uma das mais conhecidas, exatamente por você já ter ouvido seus versos, nas suas versões originais, porque a canção de Renato Russo é basicamente um recorte de um trecho bíblico e do poema O Amor é Fogo, do poeta português Luís Vaz de Camões.


Ainda que eu falasse a língua do homens

E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria


É só o amor, é só o amor

Que conhece o que é verdade

O amor é bom, não quer o mal

Não sente inveja ou se envaidece


O amor é o fogo que arde sem se ver

É ferida que dói e não se sente

É um contentamento descontente

É dor que desatina sem doer


A versão cantada de Camões e da Bíblia, na voz de Renato Russo você pode conferir, aqui:

Agora que você já viu uma das maneiras como a música e a literatura se juntam, que tal você me ajudar a ampliar essa lista? Deixe um comentário com alguma canção baseada em livro ou história, que eu não citei.


Enquanto você pensa, quero fazer um convite especial. Quero lhe apresentar o meu livro
Lucas: a esperança do último. É uma literatura young adult com distopia e uma história bem envolvente, quem sabe algum cantor ou cantora não anime fazer uma música sobre, hein? Que estilo musical combina com ficção científica?


Mas falando do livro, em
Lucas: a Esperança do Último, apenas 2% da população mundial sobreviveu à Grande Extinção. Estamos em 2042 e Lucas acredita que somente ele e seu gato Félix sobreviveram. Mas algo acontece e ele passa a acreditar que ainda pode encontrar a sua família, para isso, terá de sair em uma jornada de vida ou morte.


Quer saber mais sobre essa história?
Baixe, agora, os capítulos iniciais e conheça Lucas!

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. Link abaixo:

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