Juliano Loureiro • nov. 23, 2020

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Você sabia que a literatura oriental é uma das mais antigas do mundo? E o que você conhece sobre as obras dos países orientais? Não se acanhe em dizer que pouco sabe, infelizmente, a cultura oriental, principalmente no campo literário não tem o devido reconhecimento. Com certeza, você se surpreenderá se conhecer.


Enquanto a literatura oriental não tem os holofotes que a sua gastronomia, por exemplo, a gente consegue garimpar algumas informações pela internet à fora. E é claro que eu não poderia deixar de apresentar um pouco sobre a cultura literária e trazer alguns exemplos de livros orientais para você conhecer a literatura do outro lado do planeta.


Ah!
É muito importante ressaltar que, hoje, vou falar exclusivamente sobre a literatura japonesa, um dos principais pilares literários do oriente e que já despontou no Brasil como uma grande linha literária. Por dois motivos: o primeiro por ser exatamente o expoente atual da literatura oriental e segundo pela escassez de fontes confiáveis sobre demais culturas literárias. Exigiria um exímio trabalho de pesquisa. Quem sabe, num futuro próximo, hein?


Então, se você acha que a literatura oriental e japonesa são apenas os mangás, aquelas revistinhas em quadrinho que a gente lê “de trás pra frente”, hora de rever seus conceitos e conhecer alguns livros orientais.

Origem e história da literatura japonesa

Como tudo que surgiu a longínquos anos, encontrar informações 100% fidedignas em todas as fontes de pesquisa é quase impossível. E a literatura oriental - principalmente a japonesa - já tem seus quase dois mil anos. Ou seja, é muito antes do imenso interesse mesmo da humanidade em ter seus registros para posterioridade.


Apesar da referência oriental ser a literatura do Japão, a cultura literária nipônica teve forte influência da literatura chinesa. E a China teve um papel tão fundamental que, dos cincos períodos literários japoneses, quatro foram altamente influenciados pelas obras chinesas.


Obviamente, a literatura japonesa não era somente uma cópia da chinesa, desde os primeiros períodos - que veremos adiante -, havia pequenas inserções dos japoneses no modo de se fazer a literatura. 


Com o passar dos anos, a literatura no Japão passou a ter uma identidade própria e, com o avanço dos tratados comerciais, a cultura japonesa também absorveu um pouco dos traços ocidentais.


Claro que, mesmo com tantas referências e influências, foi possível estabelecer uma cultura e literatura oriental própria. A prova disso são os inúmeros autores e obras japonesas lançadas no Brasil, por exemplo.


Mas, de volta à história, para entender um pouco de como se desenvolveu a literatura, vou falar um pouco sobre cada período literário e, por fim, vou trazer alguns dos principais livros orientais. Com certeza, alguns nomes lhe serão familiares.

Os períodos da literatura japonesa

1 - Período Yamato

O primeiro período da literatura oriental japonesa data-se do período arcaico até o final do século VIII d.C..


Como é de se esperar de um período tão antigo e inimaginável, a literatura escrita ainda não existia. Mas isso não quer dizer que não houve produções literárias, entendeu? 


Nesse período foram compostas inúmeras baladas, orações rituais, mitos e lendas que, transmitidas na oralidade, tiveram seus registros escritos somente em um futuro próximo. Essas produções foram registradas e contam as primeiras histórias do Japão, enquanto um Estado em formação e a essência da sua política.


A principal obra desse período é a antologia
Maniosiu, organizada por Otomo no Yakamochi depois do ano de 759 e o nome mais importante é do poeta Kakimoto Hitomaro.

2 - Período Heian

Com seu início já no final do século VIII e término no final do século XII, o período Heian tem um grande marco, não só na literatura oriental, como na história da literatura mundial.


No ínicio do século XI, que a japonesa Murasaki Shikibu escreveu o que seria algo como a pedra fundamental da literatura japonesa e, ainda mais importante, o primeiro romance da literatura mundial:
Genji monogatari (Contos ou História de Genji).


Foi também no Período Heian que foi publicado um outro grande clássico da literatura oriental,
Makura-no-soshi (O livro travesseiro) de Sei Shonagon.


E, não foi só isso que Heian preparou para a literatura mundial.
Foi nesse segundo período da literatura oriental que surgiu o primeiro nikki, um exemplo de um importante gênero literário japonês, que é o diário. O seu autor foi o poeta Ki Tsurayuki, que, também foi o responsável pela antologia Kokin-siu, que trouxe a base para a poesia japonesa.

3 - Período Kamakura-Muromachi

O terceiro período da literatura japonesa compreende do final do século XII até o século XVI.


Destacam-se, nesse período, a criação do renga, pouco antes do século XIV e as publicações
"otogizoshi", coleção de relatos de autores desconhecidos. Mas, aposto que você está se perguntando o que vem a ser o renga.


Renga são versos unidos escritos em estrofes repetidos por três ou mais poetas. Para entender melhor, basta conferir a obra Minase sangin (Três poetas em Minase), de 1488, escrito por Sogi, Shohaku e Socho, os maiores representantes dessa literatura oriental.


As obras de destaque deste período, além de
Minase sangin são: Heike monogatari (Contos do clã Taira), de autor anônimo (pasmem!), A cabana de três metros quadrados, do monge Abutsu, e Ensaio em ócio, de Kenko Yoshida. Além dessas, tem a Shin kokin-siu, que é a primeira antologia imperial de poesias, organizada por Fujiwara Teika.

4 - Período Odo

Com início no século XVII e término no ano de 1868, o Período Edo presenciou o aperfeiçoamento (deixando com a cara que conhecemos hoje) do haicai, um verso de 17 sílabas. Os principais nomes do haicai são o monge mendicante zen Basho, Yosa Buson e Kobayashi Issa.


O Período Edo foi bem contrastante com o seu antecessor, talvez por ser uma época de tranquilidade no país, o Japão viu surgir uma prosa obscena e com temáticas mais realistas, mais próprias do mundo em que vivemos. Destacam-se nesse campo, os autores:  Ihara Saikaku, com
O homem que passou a vida fazendo amor e Jippensha Ikku, autor da obra Hizakurige.

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5 - Período Moderno

O último período da literatura oriental teve início no final do ano de 1868. Como eu disse nos tópicos iniciais, a literatura no Japão passou por vários períodos de influência chinesa em suas obras. Já a partir deste período, a influência ocidental passa a ser marcante e evidente.


Claro que isso não impediu de nomes orientais se destacarem com suas obras. No século XIX, os romances estavam em alta e destacaram-se os autores: Kanagaki Robunis, Tokai Sanshi, Tsubuochi Shoyo e Futabei Shimei.


Já no século XX, o destaque da literatura oriental é o naturalismo e o nome referência é o de Shimazaki Toson. Houve espaço também para os autores de relatos, inclusive, dois deles, Yasunari Kawabata e Kenzaburo Oé receberam o Prêmio Nobel (o primeiro em 68 e o segundo em 94), os demais foram Akutagawa Ryunosuke, Junichiro Tanizaki, Yukio Mishima e Abe Kobo.


Agora que você já conheceu um pouco da história da literatura oriental, que tal conhecer mais algumas de suas obras principais? Separei algumas dicas de livros:

Obras da literatura oriental e japonesa

O livro do travesseiro, de Sei Shônagon

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Podemos entender O livro do travesseiro como um diário de sensações, sentimentos e impressões de Sei Shônagon sobre um Japão feudal.


A obra é composta por trezentos - isso mesmo, TREZENTOS -, textos curtos. Mas não se assuste, essa quantidade é porque são realmente observações da autora sobre o dia a dia do Japão imperial, as coisas que ela via, possuía, sentia, vivenciava.


O mais legal é conseguir perceber, nessas pequenas observações cotidianas, as diferenças culturais e os movimentos que a sociedade fazia em um período tão diferente do nosso. É como se a gente tentasse ver um todo nos pequenos detalhes desse “diário”.

Kyoto, de Yasunari Kawabata

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Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1968, Kyoto narra a história de Chieko, uma jovem que vê os negócios da família e de toda cidade irem à falência pelo simples fato da dominância cultural do Ocidente sobre o Japão.


Em meio à desolação e angústia, Chieko encontra, por acaso, sua irmã gêmea, da qual foi separada no nascimento. As irmãs vivem em cidades distintas e realidades sociais diferentes, mas vão tentar passar por tudo isso em prol de uma reaproximação.

Musashi, de Eiji Yoshikawa

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Um dos livros japoneses de maior sucesso no Brasil, Musashi é a história de vida de Miyamoto Musashi, o samurai mais famoso do Japão.


Musashi é uma figura contraditória, o samurai teria vivido provavelmente entre 1584 e 1645 e teve uma vida de transformações. Deixou de ser um sanguinário e despertou-se para uma vida de equilíbrio, o que o transformou no samurai mais sábio do Japão.

O livro do chá, de Kazuko Okakura

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Bem, o título do livro é quase que auto explicativo. Realmente trata-se de uma obra sobre o chá, aliás, mais precisamente sobre a chanoyu, que é a celebração do chá. Uma curiosidade sobre a obra: o livro foi publicado em inglês, com a perspectiva de atingir um número maior de leitores.


Curiosidades à parte, quando compreende-se que a obra vai abordar todo o ritual da celebração, a gente entende a sua relevância. Por se tratar de um momento tão rico culturalmente, quem é de fora não consegue perceber o significado do rito, que leva consigo o taoísmo e o zen.

Um questão pessoal, de Kenzaburo Oe

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Mais uma obra vencedora do Nobel de Literatura!


O livro tem uma história delicada e bem sensível. O professor Bird, de apenas 27 anos, tem uma vida mediana em Tóquio. Porém, a gravidez inesperada da esposa faz com que Bird se desespere só em imaginar ter uma vida regrada, uma vida cotidiana.


A angústia aumenta quando o casal descobre que o filho tem uma anomalia que irá levar para a vida toda. Em um momento de extrema fraqueza, Bird só deseja a morte ao filho. Porém, Bird consegue ter um “estalo” e percebe que nem tudo está perdido!

A arte da guerra, Sun Tzu

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Talvez o mais famoso livro da literatura oriental, A arte da guerra é o representante da literatura chinesa, no texto de hoje.


Com certeza, você já viu citações à obra e, mais curioso ainda, é poder ver tais citações nos mais diversos contextos. Apesar do título ser bem objetivo, falando de guerra, combate, o livro acabou se tornando referência no mundo dos esportes e, pasmem, no mundo dos negócios.


Originalmente,
A arte da guerra nasceu com o intuito de uso militar, mesmo. São 13 capítulos escritos pelo estrategista Sun Tzu onde ele conta as suas artimanhas do jogo bélico. É como um relato militar de aspirações, estratégias, táticas e planos.


Obviamente, o primeiro público a comprar a obra foi o militar. E há grandes nomes que, supostamente, fizeram de
A arte da guerra sua fonte de pesquisa bélica, entre eles:  Napoleão, Zhuge Liang, Cao Cao, Takeda Shingen, Vo Nguyen Giap e Mao Tse Tung.


Mas há quem vê o livro como uma metáfora para a vida. Não é difícil encontrar A arte da guerra como livro de cabeceira de empreendedores, esportistas ou qualquer pessoa que precisa de um empurrãozinho motivacional.


Com mais de dois mil anos de história, não são 6 livros que vão fazer você conhecer por completa a história da literatura oriental. Mas eu quero saber: você já conhecia a literatura dos países do oriente? 


Se sim, quais autores e livros você já leu? Deixe um comentário para a gente! Ah! Antes de encerrar, quero deixar uma última dica, porém diferente.


O Bingo! é um portal para leitores e, também, para escritores. Isso mesmo! Se você quer escrever um livro ou já tem um aí guardado, mas não sabe como publicá-lo, eu vou te ajudar! E o melhor, de graça. 


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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