Juliano Loureiro • set. 08, 2021

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Listas de melhores livros, melhores obras de tal autor, os 100 melhores livros de todos os tempos….não faltam listas de indicações para leitores ávidos para uma nova leitura. Porém, nem sempre é uma “nova” leitura. Quem não tem aqueles livros que já foram lidos mais de uma, duas, dezenas de vezes?


Às vezes, a gente não quer realmente algo novo, queremos uma leitura que temos a certeza de que será prazerosa e bem proveitosa. Já ouviu a expressão
comfort food? São aqueles pratos que não só saciam a nossa fome, mas também tem um quê de nostalgia, de boas recordações da comida caseira, aquela receita especial da vovó, enfim, uma culinária afetiva.


Podemos adaptar esse conceito à literatura, algo como um
comfort book ou leitura afetiva. Sabe aquele livro que você sempre recomenda, que está sempre folheando despretensiosamente? É sobre essa leitura que irei falar hoje.


É claro que não se trata de uma lista de leitura obrigatória, a fiz com base no meu gosto pessoal - e que adoro compartilhar com você, leitor do blog -, e algumas opiniões encontradas em outros sites e blogs de literatura. Trata-se mais de indicações! 


Separei, por hora,
6 livros para você ler mais de uma vez. E vou explicar o porquê de cada sugestão. Espero que goste, boa leitura!

1. O Menino Maluquinho, de Ziraldo

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A minha primeira indicação é muito fácil de você ler - ou já ter lido - mais de uma vez. No meu caso, a primeira leitura foi feita lá nos anos de ensino fundamental, ou seja, eu tive mais de 20 anos para uma releitura.


O Menino Maluquinho era bastante trabalhado em salas de aula, uma forma de incentivar a leitura e aprimorar a nossa alfabetização, até porque a obra prima de de Ziraldo é escrito com frases curtas e, ao menos a edição que tenho guardada, a diagramação do livro permite uma leitura rápida. São poucas frases por páginas e ainda divide espaço com ilustrações, essas também merecem destaque.


Mas por que indico
O Menino Maluquinho para ser lido mais de uma vez? Talvez, na escola, você tenha lido somente por ler. Ou então, na sua infância, alguém o leu para você ou você mesmo tenha lido.


O que talvez não tenha marcado a sua leitura à época, é a
sutileza da mensagem de Ziraldo para as crianças. Na obra, temos retratada a pureza, a simplicidade da infância e quão intenso as crianças vivem essa fase. Depois de adulto, reler O Menino Maluquinho nos acalma os ânimos, nos traz as boas recordações da nossa fase maluquinha, por assim dizer. E, cá entre nós, dá uma saudade tremenda!


Essa minha primeira indicação também serve para um conselho: leia esse livro para uma criança. Leia para seus filhos, sobrinhos, filhos de amigos ou, simplesmente, leia para sua criança interior.

2. Laranja Mecânica, de Anthony Burgess

laranja-mecanica

Após indicar uma leitura simples, cheia de afetividade, a minha próxima indicação de livro que você tem que ler mais de uma vez, é o polêmico e complicado Laranja Mecânica.


Confesso que a obra de Anthony Burgess me deu um nó na cabeça, na minha primeira leitura. Conseguir mentalizar o cenário futurístico distópico não foi simples, porque além do exercício de imaginação, foi preciso lidar com a língua inventada pelo autor. 


Nadsat era o dialeto falado por Alex e seus drugues (que significa amigos em nadsat) e é, praticamente, o idioma de todo o livro. Obviamente, algumas edições têm um glossário com os significados, mas aí exige aquela coisa bem chatinha de ficar lendo e consultando o glossário, lê mais um pouco, consulta o glossário. E assim vai, até o término da leitura.


E aí você está se perguntando por que então, você deveria ler Laranja Mecânica mais de uma vez. Se você vencer a preguiça de consultar o glossário, ao decorrer da leitura, você acaba se familiarizando com o nadsat e, querendo ou não, aprende um novo idioma. 


Quando você adquire uma certa fluência no novo idioma, dá aquela sensação de estar completamente imerso em nova cultura. Você se sente parte de um novo mundo. Depois que ‘aprendi’ o nadsat, parti para uma segunda leitura do livro e logo veio a terceira e quarta.


Passado o desafio do idioma, você passa a se atentar a outros detalhes da cultura futurística de Burgess, você percebe o conflito dos personagens, entende o conceito de ultra-violência, tão disseminado após a publicação de Laranja Mecânica.


Essa obra é chocante, mas os traços de violência não são tão - ou somente - explícitos. Há tanto ensinamento nas entrelinhas que a cada leitura, você tem uma nova percepção do que é a violência e de tantas formas errôneas que a combatemos. A gente classifica Laranja Mecânica  como uma obra de ficção distópica, mas a sua mensagem não é nem um pouco distante da nossa realidade.


Para quem sentir dificuldade com a leitura, assistir ao filme ajuda bastante, porém há uma ressalva importantíssima que os finais são diferentes. A obra cinematográfica de Kubrick tem um final que, praticamente, muda a mensagem de Burgess.

3. O Hobbit, de J.R.R Tolkien

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Eu poderia muito bem escolher qualquer um dos livros de Tolkien, porque se você gosta de fantasia, gosta de Tolkien, é praticamente indissociável a literatura de fantasia e Senhor dos Anéis.


Por experiência própria, indico
O Hobbit como o livro a ser lido mais de uma vez e explico o porquê. Eu nunca tive muito interesse por esse mundo de magias, magos, elfos, dragões, apesar de ter visto os filmes e adorado, a leitura para mim, era mais difícil. 


Primeiro, porque quando chegou aos cinemas o primeiro filme de
O Senhor dos Anéis, eu não era um leitor ávido, como sou hoje. Então, assisti ao filme, vi as sequências, mas nem cheguei perto das obras literárias.


Segundo, porque eu sou muito disperso, e uma leitura mais densa, digo por envolver muitos personagens, mundos fictícios, seres mágicos, não entrava na minha cabeça, eu não conseguia me prender à leitura.


Passados alguns bons anos, me tornei um leitor ferrenho e fui me enveredando por mundos literários que, até então, nunca tinha me aventurado. Vale lembrar que, para quem não é fã de Tolkien, o primeiro contato com o autor tenha sido, provavelmente, com
O Senhor dos Anéis, apesar de O Hobbit ser o primeiro livro da saga. Isso porque Hollywood levou para as telas a história de Frodo, primeiramente.


Pois bem, para vencer a minha relutância contra o universo da fantasia, procurei pelo livro que fosse “o mais fácil” de compreender. Li
O Hobbit em poucos dias, nunca imaginei que seria capaz. Por toda a história da escrita do livro, é justificável a sua “simplicidade” na escrita.


Apesar dos seres mágicos e terras fantasiosas, não tive dificuldades em embarcar na viagem de  Bilbo Bolseiro e criar uma Valfenda, enquanto lia. É, realmente, um livro prazeroso de se ler, para se desligar mesmo do nosso mundo e se permitir viajar.


O Hobbit  foi a minha porta de entrada para literatura de fantasia e é compreensível ser considerado um dos melhores livros de todos os tempos. A trama da história é muito bem amarrada e a alternância de seres mágicos deixa a leitura mais gostosa e surpreendente, porque uma hora você tá preocupado com um dragão, aí aparece um grupo de anões, tem “um mago” que não dá muitas explicações, só coloca Bilbo nas encrencas e deixa ele se virar.


Tenho certeza de que quem lê
O Hobbit mais de uma vez, lê as demais obras de Tolkien diversas vezes, também. É um mundo para o qual vale dar uma fugidinha esporadicamente.

4. O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams

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Já que citei o livro que abriu as portas do mundo da fantasia para mim, vou trazer aquele que foi um dos responsáveis para que eu desse chance à ficção científica. 


O
Guia do Mochileiro das Galáxias é um dos livros mais gostosos que já li na minha vida e confesso que queimei a língua com a obra de Douglas Adams. Eu era muito preconceituoso com a série de livros de Adams, tinha a sensação que eram histórias “bobinhas”, para crianças e pré-adolescentes.


Até que um dia, ganhei mais de 30 livros de um amigo e lá estava
O Guia. A primeira coisa que me chamou a atenção foram as capas, os títulos e, principalmente, a informação de se tratar de uma “trilogia de cinco livros”.


Resolvi fazer uma leitura despretensiosa do primeiro volume, que dá nome à série. Confesso que a história é totalmente diferente do que eu imaginava, pra ser sincero, eu não esperava nada do livro.


Me deparei com um
humor muito sagaz, diálogos incríveis e personagens maravilhosos. Foi uma leitura tão divertida que no espaço de um mês eu já tinha terminado os três primeiros livros da trilogia (lembre-se, são cinco). Imaginei que a inserção de tantos elementos diferentes das minhas leituras habituais seria um fator complicador, mas, sinceramente, a narrativa de Adams beira a perfeição no primeiro livro.


O humor do livro não é aquela comédia pastelão, com clichês, mas está numa escrita repleta de sátiras, ironias e situações cômicas.
O Guia é um entretenimento de primeira, que vai despertar sua curiosidade e arrancar algumas risadas.

5. Dom Casmurro, de Machado de Assis

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Ler Machado de Assis não é fácil, ao menos para mim. Mas isso está muito longe de significar que suas obras não sejam boas. E Dom Casmurro é uma leitura que vale muito a pena ser feita várias vezes.


Um dos maiores clássicos da literatura brasileira enfrenta a eterna disputa:
ler os clássicos por prazer ou obrigação acadêmica? Aqui, no Bingo!, a gente acredita que toda leitura deve ser feita, se não de maneira prazerosa, ao menos de mente e coração abertos. Não é só porque você tem obrigação de ler que o livro não será bom.


Dito isso,
Dom Casmurro já merece ser lido mais de uma vez para você ter a convicção da resposta para a pergunta: Capitu traiu ou não Bento?


Essa é, com certeza, a pergunta de um milhão de reais da literatura mundial. Esqueça as aulas de literatura da escola, deixe de lado as picuinhas literárias e se permita mudar de opinião diversas vezes sobre a suposta traição.
Dom Casmurro é uma obra prima que tem diversas leituras.

6. Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago

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Essa leitura eu recomendo fortemente para que não esqueçamos da fragilidade da nossa sociedade, de como, infelizmente, agimos por alguns instintos muito egoístas.


Ensaio sobre a cegueira não deveria ser somente um livro para ser lido mais de uma vez, mas obrigatória para todo mundo. E não me refiro a uma leitura acadêmica, mas sim para formação de caráter, aprendizado social e discernimento. Essa obra prima de Saramago não é só um dedo na ferida, mas uma mão inteira.


Leitura e releitura fundamental para conscientização! 


Até o momento, listei somente 6 livros que estão na minha estante e já foram lidos diversas vezes. Ainda há outros que valem a indicação, mas quero abrir espaço para que você nos conte quais livros você já leu mais de uma vez e que deveríamos acrescentar à lista! Deixe seu comentário abaixo e compartilhe com outros leitores, vamos expandir essas indicações.


Mas, antes disso, eu tenho uma dica muito importante!


Você, além de leitor, aventura-se pela escrita? Deseja que seus textos e livros estejam em listas como essa, que as pessoas leem inúmeras vezes?


Conheça o meu canal no YouTube, um espaço para falarmos sobre tudo isso e muito mais. Então, inscreva-se agora e não deixe de ativar as notificações. Só assim poderemos criar um vínculo literário e termos boas conversas. Até.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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