Uma letra b azul ao lado de um ponto de exclamação verde

Juliano Loureiro • 13 de abril de 2021

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Eles passarão, / eu passarinho… os versos mais famosos de Mário Quintana representam a leveza com que o escritor viveu a sua vida. Conhecido como o “poeta das coisas simples”, o gaúcho Quintana é um dos maiores representantes da poesia brasileira, no século XX.


Apesar dos estudos acadêmicos que insistem em rotular Mário Quintana como um poeta modernista, a sua obra desafia esses enquadramentos estilísticos. Mas, isso é assunto para os próximos tópicos. Agora, vamos conhecer um pouco da vida deste poeta que fez da simplicidade suas maiores obras!

A vida de Mário Quintana

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O seu nome completo era Mário de Miranda Quintana e ele era gaúcho de Alegrete, Rio Grande do Sul. Nascido no dia 30 de julho de 1906, Mário Quintana era filho de Virgínia de Miranda Quintana e do farmacêutico Celso de Oliveira Quintana, o qual empregou o filho por alguns anos em sua farmácia.


Mário viveu a sua infância praticamente toda em sua cidade natal, mas aos 13 anos, muito a contragosto, foi enviado para Porto Alegre para estudar em uma escola de regime de internato, o Colégio Militar de Porto Alegre. Apesar de contrariado, graças a essa mudança, a sua carreira literária teve início.


Os seus primeiros poemas foram publicados em Hyloea, uma revista de circulação interna do Colégio Militar. E, já em 1923, sob o pseudônimo de JB os versos de Quintana foram publicados em um jornal da sua terra natal, Alegrete. 3 anos mais tarde, um de seus contos; A sétima personagem; foi escolhido como vencedor em um concurso promovido pelo jornal Diário de Notícias, de Porto Alegre.


Neste intervalo, entre 1923 e 1926, vamos destacar alguns marcos na vida de Mário Quintana: Em 1924, o nosso autor deixa o Colégio Militar e passa a trabalhar na livraria Globo, mas o trabalho durou apenas três meses. No ano seguinte, 1925, Quintana retorna de Porto Alegre para Alegrete e, como eu disse no início do texto, passa a trabalhar na farmácia da família.


Apesar do prêmio por A sétima personagem, 1926 teve seus momentos ruins para Mário Quintana, foi o ano que o autor perdeu a mãe. E, logo no ano seguinte, o pai de Quintana também veio a falecer.


No ano de 1929, Mário Quintana começa a trabalhar na redação do jornal O Estado do Rio Grande, como tradutor. Esse trabalho foi interrompido durante a Revolução de 1930, quando Quintana parte para o Rio de Janeiro e entra como voluntário para o 7º. batalhão de Caçadores de Porto Alegre. 


Mas, seis meses depois, o autor estaria de volta a Porto Alegre e à redação do Estado do Rio Grande e, também, em 1930, a Revista Globo e o Correio do Povo publicam poemas de Mário Quintana.

Primeiros livros publicados

O primeiro livro publicado por Mário Quintana veio somente em 1934 e, bem, não era um livro de Mário Quintana, mas sim Palavras e Sangue, de Giovanni Papini com a tradução do poeta brasileiro. Não foi somente o autor italiano que teve a ‘honra’ de ter sua obra traduzida por Mário, Voltaire, Virginia Woolf, Emil Ludwig e Marcel Proust foram ‘aportuguesados’ pelo nosso poeta gaúcho.


O primeiro trabalho autoral publicado de Mário Quintana veio em 1940, com
A Rua dos Cataventos, uma obra com sonetos e que logo caiu no gosto popular e da crítica literária. A Rua dos Cataventos acabou levando Mário para os mais diversos livros escolares e antologias poéticas.

Características literárias de Mário Quintana

Uma característica bem marcante nas obras de Mário Quintana é observada até mesmo por leitores despretensiosos. Seus versos e poemas encantam pela leveza e humor, mesmo quando alterna com uma certa melancolia.


Quem lê Quintana percebe que o autor trata muito do cotidiano, referindo-se à ações e acontecimentos que, por vezes, nos passam despercebidos, é o som dos ponteiros de um relógio, é um sentimento ou sensação desperta em um dado momento do dia, enfim, as coisas que nos acontecem diariamente, mas que não víamos a poesia no acontecer.


Mário Quintana foi um escritor moderno, não modernista. Apesar da “insistência escolástica” enquadrá-lo como um dos nomes do Modernismo, a sua poesia difere-se do movimento paulista e todo aquele Movimento de 22. A “escola moderna gaúcha” assimilou a estética da modernidade do Movimento, mas não se desprendeu por completo do passado, além de manter um olhar regionalista e nativista.


Temas como o amor, o tempo, a natureza são os preferidos do poeta.

Curiosidades sobre Quintana

Após essa breve biografia de Quintana, onde abordei os principais acontecimentos de sua vida e o que há de mais importante em sua carreira, há espaço para as curiosidades sobre o autor. Quando me referi como “o poeta das coisas simples”, não estava apenas afirmando sobre suas obras, mas também ao seu estilo de vida.


Veja essas curiosidades sobre Mário:


  • Mário Quintana sempre foi um solteiro convicto e boêmio;
  • ao longo de 60 anos, o escritor morou somente em quartos de hotéis;
  • um desses aposentos era o Hotel Majestic, em Porto Alegre, que hoje abriga o Centro Cultural Mario Quintana;
  • em 1966, sua obra Antologia poética recebeu o prêmio Fernando Chinaglia de melhor livro do ano;
  • No ano seguinte, em 1967, Quintana recebeu o título de cidadão honorário de Porto Alegre;
  • no ano de 1976, o poeta foi homenageado com a medalha Negrinho do Pastoreio, condecoração do governo do Rio Grande do Sul;
  • em 1980, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra;
  • antes disso, Mário Quintana concorreu três vezes para a vaga de literato na Academia Brasileira de Letras (ABL), mas nunca conseguiu ganhar. Na quarta vez que foi convidado, o poeta recusou;
  • em 81, ano o escritor ganhou o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano;
  • Mário Quintana detém o título de doutor honoris causa nas universidades: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Unicamp e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Principais obras

  • A rua dos cataventos (1940);
  • Canções (1946);
  • Sapato florido (1948);
  • O aprendiz de feiticeiro (1950);
  • Espelho mágico (1951);
  • Inéditos e esparsos (1953);
  • Poesias (1962);
  • Caderno H (1973);
  • Apontamentos de história sobrenatural (1976);
  • Quintanares (1976);
  • A vaca e o hipogrifo (1977);
  • Esconderijos do tempo (1980);
  • Baú de espantos (1986);
  • Preparativos de viagem (1987);
  • Da preguiça como método de trabalho (1987);
  • Porta giratória (1988);
  • A cor do invisível (1989);
  • Velório sem defunto (1990).

Livros infantojuvenis

  • O batalhão das letras (1948)
  • Pé de pilão (1968)
  • Lili inventa o mundo (1983)
  • Nariz de vidro (1984)
  • O sapo amarelo (1984)
  • Sapato furado (1994)


Legal demais conhecer um pouco mais sobre um dos principais poetas brasileiros de todos os tempos, não é mesmo? Ver que, às vezes, o simples pode ser mágico, encantador e a vida tão poética. Mas, me conte o que você já conhecia de Quintana, quais livros e poemas são seus favoritos? Deixe o seu comentário.


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 950 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 250 episódios publicados. 


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