Juliano Loureiro • dez. 23, 2020

Compartilhe este artigo:

Nevermore!


Uma única expressão, repetida em versos livres de
O Corvo já é o suficiente para marcar o nome de Edgar Allan Poe como um dos principais escritores da literatura mundial.


O seu retrato caricato é reconhecido por qualquer leitor e seus textos são referências para os amantes do terror e também da literatura policial. Poe talvez é um dos autores que a frase “leia os textos para conhecer o autor” mais se encaixa.


Tão misteriosa quanto seus textos foi a vida desse poeta, cronista, novelista e criador de gêneros literários. A sua vida foi tão intrigante quanto suas obras, por isso, hoje quero apresentar a vida e obra desse gênio que foi Edgar Allan Poe.


Gosta de terror, suspense, literatura policial? Então, conhecer Poe é uma obrigação! Confira essa pequena homenagem ao autor!


Boa leitura!

Biografia de Edgar Allan Poe

edgar-allan-poe

Edgar Poe (isso mesmo, sem Allan. Para frente você vai entender) nasceu em Boston, Estados Unidos, em 19 de janeiro de 1809. E, sinceramente, a partir desse dia, sua vida não seria nada, mas nada fácil. Os percalços vão marcar a vida do escritor e, nem na morte, a simplicidade se fez presente para Poe.


Com apenas um ano de idade, o seu pai simplesmente abandonou a família e, para ficar ainda pior, no ano seguinte, a mãe de Edgar Poe faleceu de tuberculose. O órfão Poe, então, passou aos cuidados do casal Francis e John Allan, um rico comerciante escocês.

A vida acadêmica

Essa “adoção” permitiu que Allan Poe tivesse uma educação de qualidade, na Europa. Porém, isso não significou uma vida tranquila.


Após concluir os estudos, na Europa, volta para os Estados Unidos, onde daria início à faculdade, na cidade da Virgínia. O que poderia ser o início de uma carreira promissora e uma vida acadêmica de destaque, foi manchada pelo vício em bebidas, jogos e relações sem comprometimentos com diversas mulheres.


Edgar Allan Poe sempre demonstrou enorme interesse na literatura, na faculdade, destacava-se no estudo de Línguas Românicas, antigas e modernas. Paralelo à vida acadêmica, a vida pessoal também não era das melhores. 


Poe vivia em constantes conflitos com seu pai adotivo. Tamanhas eram as confusões que o seu pai viria a cortar a “mesada” de Poe. O que no futuro foi benéfico, porque obrigou o autor a trabalhar em uma editora, na qual ele pode publicar suas histórias.

Primeira obras de Poe

Voltando à esfera acadêmica, a bebedeira, a jogatina e a promiscuidade do escritor fizeram com que ele largasse os estudos e se dedicasse, “exclusivamente”, à escrita. Então, em 1827, “Tomerlane and Other Poems”, uma coleção de poemas anônimos, é publicado.


E aí, quando você pensa que agora a vida de Poe entraria nos trilhos e ele daria sequência a uma brilhante carreira literária, somos surpreendidos pelo escritor.


Edgar Allan Poe resolveu entrar para a carreira militar, na mesma época em que foi morar com uma tia viúva e prima (com a qual ele viria a casar). Nos anos de 1829 e 1830, Poe passou por tudo isso e, adivinha se deu certo a vida militar!


Academia de West Point recebeu Poe e, apenas, oito meses depois estava o expulsando por indisciplina. Não o bastante, foi nessa época em que o escritor rompeu de vez os laços com seu pai adotivo.


Precisando de renda, resolve encarar um pouco mais a sério seus escritos e passa a trabalhar em revistas. Algumas de suas publicações foram, inclusive, premiadas, mas isso não foi o bastante para que Edgar Allan Poe vencesse seu maior inimigo: o alcoolismo.


Por todas as vezes em que trabalhou em revistas, Poe teve a oportunidade de publicar seus trabalhos, suas histórias, contos, crônicas, poemas e até críticas literárias. Mas o alcoolismo falava sempre mais alto e Edgar Allan Poe acabava sempre demitido.


O álcool e o falecimento da sua prima e esposa culminaram com a carreira e a vida de Poe. O escritor faleceu em 7 de outubro de 1849, na cidade de Baltimore, nos Estados Unidos. 

Principais obras de Edgar Allan Poe

Com uma vida dessas, como relatei, não era de se esperar uma temática diferente nas escritas de Edgar Allan Poe. O autor explora a fundo o sofrimento e a dor causada pela morte. O suspense, o terror e o horror são pilares de suas obras. Mas o poeta enxergava um certo romance nessa atmosfera sombria, para ele, não havia nada mais bonito do que um poema sobre a morte de uma bela mulher.


Para quem ainda não conhece suas obras, vale frisar aqui que Poe era um autor completo, cronista, poeta e novelista, é considerado o pai dos contos policiais modernos. Sua obra é fundamental para a literatura norte-americana. Sua capacidade analítica permitiu que criasse a literatura policial, seu conto mais famoso
“Assassinatos na Rua Morgue”, publicado em 1841, é considerado o nascimento dos contos policiais.


Allan Poe também foi fundamental para o terror,
"Contos do Grotesco e Arabesco", publicado em 1837, foi uma das principais influências para escritores do gênero. Além disso, na poesia, o nome de Edgar Allan Poe também é tido como um dos principais da literatura mundial. Obras como “O Corvo e Outros Poemas”, de 1845 e “Annabel Lee” , de 1849, figuram como principais obras da literatura.

Contos

  • Berenice (1835)
  • Os Assassinatos da Rua Morgue (1841)
  • O Gato Preto (1843)
  • O Demônio da Perversidade (1845)
  • O Barril de Amontillado (1846)
cta-livro-lucas
cta-livro-lucas

Poesia

  • Tamerlane (1827)
  • O Verme Vencedor (1837)
  • Silêncio (1840)
  • O Corvo (1845)
  • Um Sonho Dentro de um Sonho (1849)

O corvo

Um dos poemas mais famosos da literatura mundial. Mesmo que você não goste do gênero, com certeza, já se deparou com ele, com algum de seus versos ou uma referência que, talvez, não tenha associado ao poeta.


O corvo
foi publicado, pela primeira vez, no New York Evening Mirror, um dos maiores jornais dos EUA, no ano de 1845. Mais precisamente, no dia 29 de janeiro. Hoje, temos a noção da magnitude do poema, porém, na época, a receptividade foi boa, porém aquém do poderia ser.


Antes de entrar na história do poema, vale trazer dois dados curiosos. O primeiro, não tão legal é constatar que o devido reconhecimento veio somente após a morte de Edgar Allan Poe e um grande trabalho de tradução para outros idiomas. E aí entra a segunda curiosidade sobre a obra.
O corvo ganhou duas versões em língua portuguesa: uma por Machado de Assis e outra por Fernando Pessoa. E há uma grande polêmica (besta, diga-se de passagem) sobre qual a melhor versão.


O Corvo
é um poema que conta a história de um homem atormentado pelas lembranças de sua amada, a falecida, Leonora. Não bastante a dor da perda, o homem recebe a visita de um corvo falante, que lhe traz algumas verdades inconvenientes, algumas inquietações, que faz com que o personagem reflita sobre o amor, a perda e sua dor.


A atmosfera sombria do poema é abrilhantada por uma construção com rimas internas e uma visível musicalidade, referências mitológicas, folclóricas e religiosas. Através dos questionamentos de um corvo, Edgar Allan Poe consegue tratar da morte como poucos fizeram, ainda mais em uma estrutura poética tão rica.
O Corvo, em seus versos livres, nos traz uma nova visão do que é o amor, da idealização da mulher e conscientização da solidão e morte.


“(...)

Ave ou demônio que negrejas!

Profeta, ou o que quer que sejas!

Cessa, ai, cessa! clamei, levantando-me, cessa!

Regressa ao temporal, regressa

À tua noite, deixa-me comigo.

Vai-te, não fique no meu casto abrigo

Pluma que lembre essa mentira tua.

Tira-me ao peito essas fatais

Garras que abrindo vão a minha dor já crua.”

E o corvo disse: “Nunca mais”.


E o corvo aí fica; ei-lo trepado

No branco mármore lavrado

Da antiga Palas; ei-lo imutável, ferrenho.

Parece, ao ver-lhe o duro cenho,

Um demônio sonhando. A luz caída

Do lampião sobre a ave aborrecida

No chão espraia a triste sombra; e, fora

Daquelas linhas funerais

Que flutuam no chão, a minha alma que chora

Não sai mais, nunca, nunca mais!”

6 curiosidades sobre Allan Poe

Engana-se quem pensa que os mistérios de Edgar Allan Poe restringiam-se apenas às suas obras. O mestre do terror e pai das histórias modernas de detetive também tinha suas particularidades e curiosidades.


Separei alguns fatos curiosos, se são verdade ou folclore não saberemos ao certo, mas dão mais brilho à brilhante biografia de Poe.

Allan Poe nunca foi adotado

Oficialmente dizendo, que fique bem claro. Com a morte da sua mãe por tuberculose e o abandono por parte do pai, a criança Edgar Poe foi “adotado” pelo casal John e Frances Allan.


Essa adoção permitiu que Edgar fosse para a Europa estudar, mas isso não significou que existia uma família de verdade. Do casal, o autor herdou apenas o sobrenome Allan, pois não teve direito a nenhuma linha no testamento da “família adotiva”.

Poe casou com a sua prima. De 13 anos.

Nos anos de 1800, o casamento entre primos não era nada fora do comum, é bem comum a história de casamentos entre parentes desse grau. O fato curioso na história de Edgar Allan Poe é que ele tinha 27 anos à época (1835) e sua prima Virginia Clemm, 13.


Soma-se à história do casal mais uma triste coincidência: Virgínia faleceu aos 24 anos, vítima de tuberculose, mesma doença que levou a mãe de Edgar. 

O famoso bigode de Poe

É impossível fazer um retrato de Edgar Allan Poe sem alguns traços característicos, dentre eles o olhar melancólico e o seu bigode característico.


Apesar da fama, você sabia que o bigode nunca fez parte da vida do escritor? Somente nos seus últimos anos de vida - talvez uma marca da melancolia - é que Poe manteve o bigode.

Um Poe embriagado visita o presidente

Nada mais vergonhoso do que fazer uma visita bêbado, certo? Ainda mais quando o anfitrião é ninguém mais, ninguém menos que o presidente dos Estados Unidos. Porém, não satisfeito em passar essa vergonha uma vez, Edgar Allan Poe fez duas vezes!


O ano era 1842 e o presidente John Tyler. Na primeira visita, o estado do escritor era tão deplorável que o filho do presidente praticamente colocou Poe para correr da Casa Branca. O autor estava com o seu casaco ao contrário e completamente despenteado. 


Na última tentativa, Edgar estava menos bêbado, mas a vergonha não foi menor. Ao invés de pedir a ajuda para sair da miséria - motivo real da visita - Poe tentou aproveitar a situação para vender assinaturas de sua revista, pedindo contatos ao presidente. Por fim, não conseguiu nenhum, nem outro.

Uma morte repleta de mistérios

Nada mais misterioso do que a sua própria morte. Edgar Allan Poe realmente era cercado de mistérios, muitos ainda sem resolução.


Até hoje, ninguém afirma com convicta certeza qual a causa da morte do escritor. Relatos da época contam que Poe foi visto vagando pelas ruas trajando roupas de outras pessoas, dias antes de sua morte. Há biógrafos que afirmam que o escritor, antes de morrer, ainda agonizou por 4 dias.

Um obituário nada cortês

Apesar de toda relevância para a literatura, já reconhecida à época, a notícia de sua morte não foi divulgada como se era esperado. Primeiro porque o redator do seu obituário, no jornal New York Daily Tribune, foi seu antigo “rival” Rufus Griswold. Olha só que ‘homenagem’ prestada:


“Edgar Allan Poe está morto. Faleceu anteontem em Baltimore. Este anúncio surpreenderá a muitos, mas poucos vão lamentá-lo”.


Mais curioso ainda é que Griswold viria a ser o primeiro escritor da biografia de Edgar Allan Poe.


Edgar Allan Poe realmente é um mestre do terror e do suspense, permeando não somente seu universo literário, como a própria vida. Esses mistérios, boatos, suposições só servem para engrandecer ainda mais a biografia desse gênio da literatura mundial. 


Você tem alguma história favorita? Conte para a gente nos comentários. Mas, antes, deixa eu fazer um convite literário muito bacana:


Lucas: a esperança do último é um romance distópico que estou produzindo através de um projeto de financiamento coletivo. Para que você conheça um pouco sobre a história de um futuro sombrio, onde apenas 2% da população está viva, disponibilizei os três primeiros capítulos para leitura!


Baixe, agora os primeiros capítulos e conheça Lucas!

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. Link abaixo:

Acessar canal no YouTube

Pesquisar no blog

Últimos artigos

assessoria-de-imprensa-como-funciona-a-grande-aliada-dos-autores
Por Juliano Loureiro 24 abr., 2024
om essa liberdade vem o desafio de se destacar em um mercado cada vez mais disputado. É aqui que a assessoria de imprensa/literária se tornam ferramentas cruciais, ajudando autores a construir sua visibilidade e a estabelecer uma marca pessoal forte no espaço literário.
Mostrar mais...
logomarca-reduzida-bingo
Bingo Conteúdos Literários
CNPJ: 41.933.018/0001-23
Fale conosco
Email: suporte@livrobingo.com.br
Endereço: Avenida Getúlio Vargas , n.º1492, 2º andar.
CEP: 30112-024. Belo horizonte/MG
Share by: