Rubem Braga é um dos maiores nomes da crônica jornalística brasileira. Os seus textos traziam à tona muito daquilo que se tentava varrer por debaixo dos panos, porém de uma forma bem ímpar, bem ao estilo Braga de escrever.
O escritor e cronista teve uma vida bem agitada nas redações de grandes grupos, criou o seu próprio jornal, sua editora. Foi preso pelo Governo e representou o mesmo governo mundo afora.
Podemos dizer que Rubem Braga foi muita coisa, menos pacato (ao menos publicamente). Vamos conhecer, agora, um pouco da vida desse capixaba que foi um marco - quase cânone - na crônica e no jornalismo brasileiro.
A vida de Rubem Braga
Capixaba de Cachoeiro de Itapemirim, Rubem Braga nasceu no dia 12 de janeiro de 1913. Mas ao longo de sua vida perambulou muito pelo país e pelo exterior.
Além de escritor e cronista de grandes jornais e revistas nacionais, Rubem Braga foi repórter, inclusive correspondente na Segunda Guerra, editor e embaixador do Brasil em Marrocos.
Mas antes de acumular tantos cargos importantes, vamos saber um pouco de como foi a vida do escritor que nos deixou em 19 de dezembro de 1990.
O início
Não se tem muitas informações sobre a carreira escolar de Rubem Braga, mas ao que tudo indica, o seu começo na carreira literária foi ainda no colégio.
Aos 13 anos de idade, publicou o seu primeiro texto, no jornal
O Itapemirim,
do Colégio Pedro Palácios.
Apesar do trabalho publicado pela escola,
Rubem Braga não se deu muito bem no colégio, chegou a ter uma desavença com um dos seus professores e acabou pedindo para sair.
O escritor mudou-se não só de escola, como também de cidade e estado. Rubem Braga foi concluir o ginásio no colégio Salesiano de Niterói, Rio de Janeiro.
A carreira jornalística
Mas Rubem ainda faria um ir e vir entre as cidades: ele retorna a Cachoeiro do Itapemirim para escrever no jornal da família,
Correio do Sul, entre os anos de 1928 e 1929. Mas foram somente nesses anos, pois Rubem Braga ingressaria na faculdade de Direito, no Rio de Janeiro. Mas não foi nem Rio e nem Espírito Santo o destino seguinte do autor.
Em 1932, Braga concluiu o curso de Direito em Belo Horizonte. E é na capital mineira o seu próximo trabalho, desta vez, no
Diário da Tarde. O jornal faz parte do grupo
Diário dos Associados e foi assim que Rubem Braga começou o trabalho de jornalista, inclusive, com um grande evento:
cobrir a Revolução Constitucionalista.
O trabalho como jornalista deixou Braga ainda mais “inquieto”. Poucos anos depois de fazer parte do
Diário da Tarde, mudou-se para São Paulo e passou a escrever para o Diário de S. Paulo. Em 1935, era responsável pela página policial do
Diário de Pernambuco e ainda teve tempo para criar a
Folha do Povo, em Recife.
Entre essas idas e vindas jornalísticas, o posicionamento político e social de Rubem Braga trouxe alguns problemas. Em 1935, quando estava no
Diário da Tarde, o então jornalista
Rubem Braga pediu demissão após fazer críticas à Igreja e não receber apoio do dono do
Diário dos Associados, Assis Chateaubriand.
Quando fundou o
Folha do Povo, Rubem Braga tinha um posicionamento totalmente de oposição ao governo de Getúlio Vargas.
Por isso, tanto o próprio escritor quanto seu jornal sofreram com perseguições políticas, levando Braga a se refugiar no Rio de Janeiro.
Mas pouco adiantou. Ao chegar em terras cariocas e começar a trabalhar no periódico
A Manhã, não demorou para que o governo mandasse a redação encerrar as suas atividades.
A política na vida de Rubem Braga
Esse “gato e rato” de Braga e políticos perdurou por anos. Mas nem sempre o escritor estava sendo perseguido. Confira alguns dos principais fatos históricos e políticos de Rubem Braga:
- Rubem Braga casou-se, em 1936, com a também escritora Zora Seljan. Zora ela militante comunista e, apesar de não se filiar a nenhum partido, Rubem acabou se envolvendo ativamente com a Aliança Nacional Libertadora;
- Chegou a ser detido pelo Governo Vargas;
- Em 1943, tornou-se chefe de publicidade do Serviço Especial de Saúde Pública de Minas Gerais;
- Nos anos de 44 e 45, esteve na Segunda Guerra Mundial, acompanhando a Força Expedicionária Brasileira (FEB) pelo
Diário Carioca;
- Cobriu a eleição de Juan Domingo Perón, na Argentina, em 1946;
- Em 47, morou na França durante seis meses como correspondente do O Globo;
- Foi chefe do Escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil no Chile, em 54 e 55;
- De 1961 a 1963, foi embaixador do Brasil no Marrocos.
A carreira literária de Rubem Braga
A
primeira obra publicada por Rubem Braga foi em 1936, o livro de crônicas
O conde e o passarinho.
O escritor era reconhecido como um grande cronista. Seus textos mostravam o seu estilo peculiar em ser irônico, lírico e extremamente bem humorado, mas com bastante acidez quando preciso. Sabia como ninguém expor injustiças, fazer duras críticas políticas e sociais e combatia a censura de governos autoritários e o tratamento restritivo à imprensa.
Apesar do seu lado cronista,
Rubem Braga possui forte influência da corrente modernista, a sua narrativa está bem ancorada, principalmente, à segunda geração do modernismo. A escrita de Braga pode ser descrita como:
- reflexão sobre fatos cotidianos;
- universalidade dos temas;
- objetividade e clareza;
- pouca adjetivação;
- coloquialismo: marcas de oralidade;
- caráter memorialístico;
- predominância do tempo presente;
- simplicidade modernista;
- crítica sociopolítica;
- tom melancólico;
- temática da solidão;
- escrita opinativa;
- ironia;
- lirismo.
Bibliografia de Rubem Braga
Conheça as obras de Rubem Braga:
- O conde e o passarinho (1936);
- Morro do isolamento (1944);
- Com a FEB na Itália (1945);
- Um pé de milho (1948);
- O homem rouco (1949);
- 50 crônicas escolhidas (1951);
- Três primitivos (1954);
- A borboleta amarela (1955);
- A cidade e a roça (1957);
- 100 crônicas escolhidas (1958);
- Ai de ti, Copacabana (1962);
- Crônicas do Espírito Santo (1964);
- A traição das elegantes (1967);
- 200 crônicas escolhidas (1977);
- O menino e o tuim (1986);
- As boas coisas da vida (1988);
- O verão e as mulheres (1990);
- 1939: um episódio em Porto Alegre (Uma fada no front) (1994);
- Casa dos Braga: memória de infância (1997);
- Um cartão de Paris (1997).
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