Juliano Loureiro • mai. 16, 2023

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Rubem Braga é um dos maiores nomes da crônica jornalística brasileira. Os seus textos traziam à tona muito daquilo que se tentava varrer por debaixo dos panos, porém de uma forma bem ímpar, bem ao estilo Braga de escrever.


O escritor e cronista teve uma vida bem agitada nas redações de grandes grupos, criou o seu próprio jornal, sua editora. Foi preso pelo Governo e representou o mesmo governo mundo afora.


Podemos dizer que Rubem Braga foi muita coisa, menos pacato (ao menos publicamente). Vamos conhecer, agora, um pouco da vida desse capixaba que foi um marco - quase cânone - na crônica e no jornalismo brasileiro.

A vida de Rubem Braga

Capixaba de Cachoeiro de Itapemirim, Rubem Braga nasceu no dia 12 de janeiro de 1913. Mas ao longo de sua vida perambulou muito pelo país e pelo exterior. Além de escritor e cronista de grandes jornais e revistas nacionais, Rubem Braga foi repórter, inclusive correspondente na Segunda Guerra, editor e embaixador do Brasil em Marrocos.


Mas antes de acumular tantos cargos importantes, vamos saber um pouco de como foi a vida do escritor que nos deixou em 19 de dezembro de 1990.

O início

Não se tem muitas informações sobre a carreira escolar de Rubem Braga, mas ao que tudo indica, o seu começo na carreira literária foi ainda no colégio. Aos 13 anos de idade, publicou o seu primeiro texto, no jornal O Itapemirim, do Colégio Pedro Palácios.


Apesar do trabalho publicado pela escola,
Rubem Braga não se deu muito bem no colégio, chegou a ter uma desavença com um dos seus professores e acabou pedindo para sair.


O escritor mudou-se não só de escola, como também de cidade e estado. Rubem Braga foi concluir o ginásio no colégio Salesiano de Niterói, Rio de Janeiro.

A carreira jornalística

Mas Rubem ainda faria um ir e vir entre as cidades: ele retorna a Cachoeiro do Itapemirim para escrever no jornal da família, Correio do Sul, entre os anos de 1928 e 1929. Mas foram somente nesses anos, pois Rubem Braga ingressaria na faculdade de Direito, no Rio de Janeiro.  Mas não foi nem Rio e nem Espírito Santo o destino seguinte do autor.


Em 1932, Braga concluiu o curso de Direito em Belo Horizonte. E é na capital mineira o seu próximo trabalho, desta vez, no Diário da Tarde. O jornal faz parte do grupo Diário dos Associados e foi assim que Rubem Braga começou o trabalho de jornalista, inclusive, com um grande evento: cobrir a  Revolução Constitucionalista.


O trabalho como jornalista deixou Braga ainda mais “inquieto”. Poucos anos depois de fazer parte do
Diário da Tarde, mudou-se para São Paulo e passou a escrever para o Diário de S. Paulo. Em 1935, era responsável pela página policial do Diário de Pernambuco e ainda teve tempo para criar a Folha do Povo, em Recife.


Entre essas idas e vindas jornalísticas, o posicionamento político e social de Rubem Braga trouxe alguns problemas. Em 1935, quando estava no
Diário da Tarde, o então jornalista Rubem Braga pediu demissão após fazer críticas à Igreja e não receber apoio do dono do Diário dos Associados, Assis Chateaubriand.


Quando fundou o Folha do Povo, Rubem Braga tinha um posicionamento totalmente de oposição ao governo de Getúlio Vargas. Por isso, tanto o próprio escritor quanto seu jornal sofreram com perseguições políticas, levando Braga a se refugiar no Rio de Janeiro.


Mas pouco adiantou. Ao chegar em terras cariocas e começar a trabalhar no periódico
A Manhã, não demorou para que o governo mandasse a redação encerrar as suas atividades.

A política na vida de Rubem Braga

Esse “gato e rato” de Braga e políticos perdurou por anos. Mas nem sempre o escritor estava sendo perseguido. Confira alguns dos principais fatos históricos e políticos de Rubem Braga:


  • Rubem Braga casou-se, em 1936, com a também escritora Zora Seljan. Zora ela militante comunista e, apesar de não se filiar a nenhum partido, Rubem acabou se envolvendo ativamente com a Aliança Nacional Libertadora;
  • Chegou a ser detido pelo Governo Vargas;
  • Em 1943, tornou-se chefe de publicidade do Serviço Especial de Saúde Pública de Minas Gerais;
  • Nos anos de 44 e 45, esteve na Segunda Guerra Mundial, acompanhando a Força Expedicionária Brasileira (FEB) pelo Diário Carioca;
  • Cobriu a eleição de Juan Domingo Perón, na Argentina, em 1946;
  • Em 47, morou na França durante seis meses como correspondente do O Globo;
  • Foi chefe do Escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil no Chile, em 54 e 55;
  • De 1961 a 1963, foi embaixador do Brasil no Marrocos.
rubem-braga

A carreira literária de Rubem Braga

A primeira obra publicada por Rubem Braga foi em 1936, o livro de crônicas O conde e o passarinho


O escritor era reconhecido como um grande cronista. Seus textos mostravam o seu estilo peculiar em ser irônico, lírico e extremamente bem humorado, mas com bastante acidez quando preciso. Sabia como ninguém expor injustiças, fazer duras críticas políticas e sociais e combatia a censura de governos autoritários e o tratamento restritivo à imprensa.


Apesar do seu lado cronista,
Rubem Braga possui forte influência da corrente modernista, a sua narrativa está bem ancorada, principalmente, à segunda geração do modernismo. A escrita de Braga pode ser descrita como:


  • reflexão sobre fatos cotidianos;
  • universalidade dos temas;
  • objetividade e clareza;
  • pouca adjetivação;
  • coloquialismo: marcas de oralidade;
  • caráter memorialístico;
  • predominância do tempo presente;
  • simplicidade modernista;
  • crítica sociopolítica;
  • tom melancólico;
  • temática da solidão;
  • escrita opinativa;
  • ironia;
  • lirismo.

Bibliografia de Rubem Braga

Conheça as obras de Rubem Braga:


  • O conde e o passarinho (1936);
  • Morro do isolamento (1944);
  • Com a FEB na Itália (1945);
  • Um pé de milho (1948);
  • O homem rouco (1949);
  • 50 crônicas escolhidas (1951);
  • Três primitivos (1954);
  • A borboleta amarela (1955);
  • A cidade e a roça (1957);
  • 100 crônicas escolhidas (1958);
  • Ai de ti, Copacabana (1962);
  • Crônicas do Espírito Santo (1964);
  • A traição das elegantes (1967);
  • 200 crônicas escolhidas (1977);
  • O menino e o tuim (1986);
  • As boas coisas da vida (1988);
  • O verão e as mulheres (1990);
  • 1939: um episódio em Porto Alegre (Uma fada no front) (1994);
  • Casa dos Braga: memória de infância (1997);
  • Um cartão de Paris (1997).

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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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