Juliano Loureiro • ago. 08, 2022

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Travessão, aspas e itálico têm a mesma função? 


Essa dúvida é mais comum do que pensamos e, no mundo digital que vivemos, parece que o uso está indiscriminado e sem leis.


Mesmo sabendo que, no final das contas, o importante é se comunicar, ainda há regras para o uso dos sinais ortográficos e do itálico. Não é nenhum “bicho de sete cabeças”, é simples, gera algumas dúvidas, mas estamos aqui para esclarecer de vez.


Então, prepare-se, fique bem
relax - sem preocupação, sem medo.


Boa leitura!

Travessão: como e quando usar

O travessão, eu tenho uma percepção particular de que ele tem caído em desuso, talvez por consumir muito texto na internet e redes sociais e, bem sabemos que, na web, as regras gramaticais são colocadas de lado, mas essa minha visão não vem ao caso.


De fato, o travessão é facilmente reconhecido como o sinal de pontuação dos diálogos. Penso que uma das regras que todo mundo sempre decorou na escola é de que, antes das falas, vem o travessão.


E não tem mistério, o travessão é o sinal que indica o início de um discurso direto e alternância de falas, tão simples como o exemplo a seguir:


— Boa tarde, doutor Alexandre! Tudo bem?

— Tudo bem, Carlos! E com você? O que te traz até meu consultório?

— Doutor, tem dois dias que minhas pernas estão inchadas.


Esse diálogo que criei entre Carlos e o seu médico Alexandre está bem definido quando cada um dos personagens está no seu turno de fala. Todos sinalizados pelo travessão (-).

cta-quero-escrever
cta-quero-escrever

Apesar de no exemplo o trecho estar isolado, você identificaria facilmente dentro de um texto, porque além do travessão, cada fala inicia-se em uma nova linha.


Porém, o travessão não se limita exclusivamente a este uso.


Outro uso bastante comum é no lugar de vírgulas ou parênteses
, para inserção de algum complemento explicativo. Normalmente, a opção do uso do travessão é para que o trecho tenha mais destaque, por exemplo:


Gostaria de ser um escritor diferente — menos prolixo, menos inseguro — e ter publicado muito mais histórias
. 


Há ainda o uso, confesso que pouco vejo, em substituição aos dois pontos. Neste caso, a função é destacar determinado trecho, por exemplo:


“[…] e eis aí como, pela simples transmissão de uma força, se tocam os extremos sociais, e se estabelece uma coisa que podemos chamar — solidariedade do aborrecimento humano” (
ASSIS, Machado de, 2017).

O uso das aspas

O uso das aspas costuma gerar confusão na hora da escrita, inclusive com a sua utilização quase que indiscriminada. Pior que esse uso sem discernimento somente as pessoas que fazem aspas com as mãos, quando estão conversando.


Brincadeiras à parte, essas aspas feitas com as mãos são os exemplos mais práticos, afinal todo mundo compreende quando fazemos os sinais. Mas para não ficar dúvidas, vamos às explicações.


As aspas são sinais ortográficos para indicar a abertura e fechamento de um discurso, por isso, são sempre utilizadas em pares (“ ”), o famoso abrir e fechar as aspas.


A utilização mais comum das aspas é em caso de citações, sempre abrimos aspas para inserir um texto que não é nosso.


“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre.” (Paulo Freire)


Outro uso e bastante comum das aspas é para indicar uma ironia em determinado trecho, por exemplo:


  • Que “excelente” jogador. Não acertou uma bola no gol.
  • Foi uma “ótima” tarde de segunda. Perdi todos meus compromissos por conta de atrasos.
  • Que “Deus” é esse que permite semear o ódio entre as pessoas?


Enquanto o travessão é o sinal do discurso direto, as aspas são utilizadas para inserir um discurso em meio ao texto, de forma indireta.


Como disse o treinador: “quem não faz leva gol”.


Outros usos das aspas:


  • para citar obras: o livro “O Iluminado”, de Stephen King, é o meu preferido;
  • em termos estrangeiros: recebi o “feedback” da editora e não foi legal;
  • para neologismo: vamos todos “brasileirar” durante a Copa e torcer pelo hexa;
  • em gírias: aos sábados, eu faço um “bico” para complementar minha renda.


Vale destacar que existem as aspas simples (‘ ‘), utilizadas quando em determinado trecho já estamos utilizando as aspas duplas, por exemplo:


Segundo candidato à presidência: “o brasileiro não será mais obrigado a fazer ‘bicos’, para sobreviver(...)”.

cta-juliano
cta-juliano

Itálico: como e quando usar

O itálico, ao contrário do travessão e das aspas, não é um sinal ortográfico, mas sim uma caligrafia com o propósito de destacar determinadas palavras, expressões e até mesmo frases inteiras.


O uso do itálico é bem parecido com a utilização das aspas, empregados para indicar que uma palavra ou grupo de palavras tem um sentido especial.


Ao pesquisar sobre o assunto, percebemos que a regulamentação do uso do itálico é um tanto quanto variante, exceto no campo biológico, para referirmos aos nomes de espécies.


Segundo a maioria das normatizações, o itálico serve para diferenciar ou destacar uma parte do texto, diferenciar as citações do restante e, em vários momentos, acompanhado das aspas.


Hoje em dia, o uso mais comum do itálico é para destacar o estrangeirismo.


Aproveitarei o gancho dessa “indefinição” do uso do itálico e salientar que em caso de publicações acadêmicas é sempre recomendado consultar a normatização da instituição que irá publicar o seu trabalho.


Em caso de obras literárias, muitos autores acabam se apoiando na licença poética para fazer um uso mais livre, principalmente das aspas e do itálico. 


Inclusive, em publicações como esta, em um blog, o itálico e o travessão servem como facilitadores de leitura, muitas vezes pensando na legibilidade do texto.

Mais dicas de escrita no YouTube

Agora que você já leu sobre o uso do travessão, aspas e itálicos, quero te convidar para conhecer o meu canal no Youtube.


Conheça o canal Bingo - Conteúdos Literários, onde falo de tudo e um pouco mais sobre escrita, literatura, gramática, produção e publicação de livros. Tem dicas, resenhas, reviews, opiniões. Só falta você lá! Inscreva-se e vamos trocar umas ideias.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. Link abaixo:

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