Juliano Loureiro • dez. 26, 2022

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Erros em livros são vistos pela grande maioria dos leitores como algo imperdoável, afinal, os escritores são “deus das palavras”, proibidos de errar. 


É óbvio que ninguém erra de propósito, e por mais que o processo de publicação de um livro envolva etapas de revisão, os erros ainda acontecem.


Erros de digitação são toleráveis, de ortografia são passíveis de ‘apedrejamento’, já os erros de concordância, coesão e coerência passam batidos até pelos olhos críticos.


Sabendo que ninguém gosta de errar, preparei este conteúdo para te ajudar a evitar os erros mais comuns, os mais ‘irritantes’ aos nossos olhos e aqueles que todo mundo corre ao dicionário para confirmar.


Frequentemente aparece uma corrente nas redes sociais perguntando “qual o erro de português mais te irrita?”, então, vamos de senso comum responder e te ajudar a não mais errar.

1. Mas ou Mais?

Tem gente que não tolera em hipótese alguma essa confusão, nem na oralidade. Pode ser que em uma conversa você “acha que ouviu” um dos termos, mas não fazia sentido algum. A sonoridade, às vezes, nos pega.


Porém, faz todo sentido essa dúvida ser abominável por escritores e profissionais das letras, afinal os termos têm sentidos completamente diferentes e as aplicações nem se fala então.


O termo
mas é conjunção adversativa que expressa contradição ou compensação. Exemplos: 


  • Estudei muito, mas não consegui a nota mínima.
  • Corri com o pé machucado, mas cheguei em primeiro lugar.


Já o termo
mais é comumente utilizado como advérbio de intensidade, como indicador de quantidade e adição. Exemplos: 


  • Quanto mais estudo, mais inteligente fico.
  • Cada ano que passa, eu leio mais.

2. Por que, por quê, porque e porquê

Alguns dos principais vilões dos redatores, há quem diga que nem com anos de estudo conseguiu compreender os usos de cada um desses termos. Bem, aqui não vou apontar os erros porque só vai fazer sentido se você souber quando utilizá-los.


Por que:
usado no início de perguntas diretas ou em perguntas indiretas - aquelas que não usamos o sinal de interrogação. Exemplos:


  • Por que você não compra o ingresso antecipado para o show?
  • Gostaria de saber por que ele não comprou os ingressos antes.


Porque:
usamos com o sentido de causa ou motivo. A dica é tentar substituir por pois, se fizer sentido, o uso está correto. Exemplos:


  • Estudo todo dia porque desejo passar no concurso.
  • Eu fiquei chateado porque não consegui os ingressos.


Por quê:
a regra mais simples dentre os termos. Usamos o por quê em finais de frases. Dica: pode ser substituído por qual motivo (também no final das frases). Exemplos:


  • Ele está chateado por quê?
  • Não comprou os ingressos? Por quê?


Porquê:
único a desempenhar papel de substantivo, pode ser substituído por motivo ou causa. Está sempre acompanhado de artigos o/os. Exemplos:



  • Agora você entende o porquê de comprar ingressos antecipados.
  • O porquê dele estar revoltado é bobagem.
cta-quero-escrever
cta-quero-escrever

3. Meio ou Meia

Acredito que muita gente erra aqui querendo acertar. Só que esquecem que advérbios como meio, não são flexionados em gêneros masculino e feminino.


Então, tenha em mente que usamos
meio quando expressamos um sentimento, uma sensação que ainda é pouca ou ainda está “mais ou menos”. Exemplos:


  • Hoje, Maria estava meio cansada.
  • Estou meio confuso com essa matéria.


O termo
meia é referente a numerais (números fracionários). Exemplos:


  • Hoje acordei às onze e meia (meia hora).
  • Fui ao mercado e comprei meia dúzia de ovos de codorna.


Atenção: os dois termos também são utilizados como substantivos:


  • Estou acostumado ao meio acadêmico, não ao empresarial (ideia de ambiente).

Minha mãe perdeu, novamente, o seu par de meias favoritas (peça de roupa).

4. Se não x senão

A língua portuguesa e suas armadilhas. A princípio, não há como diferir, o termo não e o sufixo em senão já dão a ideia de negativa. Pois mesmo assim, há diferenças no uso.


Senão
: é uma contraposição, tem o mesmo sentido de “do contrário”. Uma dica para saber se o uso é correto, substitua o termo na frase por “ou então”, se fizer sentido, está certo. Exemplo:


  • Estude, senão ano que vem você estará aqui novamente.


Se não:
usamos em situações em que há outra opção viável, no contexto. Tem sentido de “caso não”. Exemplo:


  • Se não formos hoje, perderemos o jogo.

5. Afim x a fim

Forte concorrente ao top 3 das dúvidas de escritores e estudantes, afim e a fim podem ser diferenciados com algumas dicas bem simples, veja só:


Afim
é usado como substantivo e adjetivo, utilizado para se referir às coisas que sejam semelhantes. Exemplos:


  • Os dois escritores têm estilos afins um do outro.
  • Na minha bolsa tem bermuda, camiseta e afins.


E a expressão
a fim indica finalidade, intenção, objetivo, propósito e afins. Exemplos:


  • A fim de garantir o melhor lugar para ver o show, ele comprou os ingressos pela internet.

Acordei a fim de ir ao show do Milton Nascimento.

6. Hora ou ora?

Pelo que observo por aí, aqui não é bem uma dúvida entre qual usar, a verdade é que há muita gente que nem sabia ser possível usar o termo ora, além da expressão “ora, ora, ora…”.


Ora
tem o significado de por enquanto, pode indicar alternância, além do uso como interjeição, que já citei acima. Então, veja outros exemplos de uso:


  • Por ora, estou bem satisfeito com meu desempenho na faculdade.
  • Meu pai, ora conversa comigo, ora com minha mãe.


Também não podemos esquecer que
ora é uma conjugação do verbo orar (rezar). Bem, acredito não ser preciso explicar o que significa hora, sendo mesmo o único sentido referente a tempo, horário.

cta-juliano
cta-juliano

7. Demais e de mais

É fácil de se imaginar porque as pessoas confundem o uso desses dois termos, afinal o mais indica intensidade, então é comum passar despercebida a confusão.


Quando usamos
de mais, estamos expressando algo relacionado à quantidade. Para ajudar a memorizar, basta pensar que é o contrário de menos. Exemplo:


  • O custo para publicar o livro vai subir de mais, ano que vem.


Agora, o termo
demais é o verdadeiro advérbio de intensidade, usado para indicar também alguns excessos, como por exemplo:


  • Eu comi demais!
  • Esse cozinheiro é demais!

8. A gente x agente

Essa dica é um apelo para que nunca mais errarmos e, se você nunca cometeu esse equívoco, nunca o faça. Entre as pessoas que trabalham com textos, esse é um erro praticamente imperdoável.


Agente
é o James Bond. Brincadeira à parte, o termo agente se refere ao profissional de um determinado departamento. Exemplos:


  • O agente de saúde visitou nossas casas, pela manhã.
  • Na CIA, os agentes são bem remunerados.


A gente
nada mais é que o mesmo que nós, de forma bem informal e conjugado na terceira pessoa do singular. Exemplos:


  • A gente precisa se reunir com os diretores da escola.
  • Depois do almoço, a gente pode tomar um sorvete na praça?

9. Sessão ou seção?

Outra daquelas dúvidas que persegue os escritores desde a época da escola. Por isso trouxe algumas dicas bem simples.


Sessão
é usada frequentemente no contexto de exibição, apresentação artística, mas também pode significar uma reunião. Exemplos:


  • Fui à sessão de cinema mais cedo possível. Gosto de ver o filme tranquilamente.
  • As sessões parlamentares são sempre tumultuadas.


Já a expressão
seção refere-se à parte de um todo, uma repartição. Veja:

  • A seção de TI fica ao final do corredor.
  • A seção de filmes de terror era a minha favorita nas locadoras.

10. Há ou A?

Para encerrar o top 10 de erros para evitar ao escrever o seu livro, o uso do “há”. Muita gente decorou a regra de que com H tem o significado de existir, ter. Mas, mesmo assim, é bem comum acharmos erros na sua utilização.


Não entraremos muito em detalhes sobre o artigo
“a”, porque seria tema para um post exclusivo. Aqui, a artimanha é saber porque usar ou não o há.


Além de usar para expressar algo que existe, o
é utilizado para expressar tempo já passado ou distância percorrida. Quando não for em nenhuma dessas situações, utiliza-se o “a”. 


Vamos de exemplo para elucidar:


  • Estou dois anos sem poder jogar futebol.
  • O passageiro desembarcou na última parada há 10km.
  • Estamos a 12 quilômetros de casa.
  • Estou a 20 dias da minha viagem.


Agora, você me pergunta como fazer para não errar mais, mesmo com essas dicas. A resposta é clichê:
leia muito e sempre tenha algum dicionário por perto. Hoje em dia, nem precisamos mais ter um dicionário físico, o Google já nos entrega milhares de fontes de consulta.

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Antes de você ir, quero dar mais algumas dicas sobre escrita. Bem, talvez não só sobre escrever, mas também sobre livros, tecnologia, leituras e literatura.


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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