Juliano Loureiro • ago. 17, 2021

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Muitas mulheres ao longo da história — e por distintos motivos — tiveram que publicar suas obras sob um nome masculino. Grande parte é por conta do machismo que afetava (e ainda afeta) essas escritoras. Neste artigo, confira uma lista de escritoras com pseudônimo masculino.


Por mais que a prática pareça arcaica hoje em dia, em tempos não tão distantes era mais comum do que se imagina. Para se ter uma ideia,
até hoje são encontrados livros cuja autoria pertence a uma mulher, mas com a assinatura de um nome masculino.


Existem casos de escritoras já consagradas que preferem publicar livros com pseudônimos masculinos, seja para:
1) não ter mais um livro de sucesso só pelo nome conhecido; 2) para que a crítica dê mais “credibilidade” ao texto. Esse último é muito marcante no Reino Unido, local onde os tablóides são bem problemáticos.


Mas se você quer entender as razões pelas quais essas mulheres assinaram seus livros com pseudônimos masculinos, basta seguir com a leitura até o final!

Afinal, por que elas assinavam com nomes masculinos?

Como citado anteriormente, existem muitos motivos que fazem com que uma mulher não utilize seu próprio nome no momento de realizar uma publicação. O principal seria a ideia de que “ninguém adquiria um livro escrito por mulheres”.


Até porque, acreditava-se que toda a elite cultural, científica e dos saberes era focada apenas nos homens. Enquanto isso, as mulheres precisavam focar seus esforços em cuidar das casas, dos filhos e dos maridos.


Sandra Vasconcelos, professora titular de Literatura Inglesa e Comparada da Universidade de São Paulo (USP),
revelou para a BBC Brasil:


“Naquela época, uma mulher que tinha atividade intelectual estava cometendo uma transgressão enorme. [...] As que ousavam publicar usando seus próprios nomes recebiam muitas críticas, porque estavam extrapolando o papel designado para elas. A maioria acaba usando pseudônimo porque não quer se expor publicamente.”


Apesar de parecer um pensamento muito antigo
, muitos homens ainda acreditam que os melhores livros só podem ser escritos por outros homens. Mas a história provou o contrário.

Quais são as escritoras com pseudônimo masculino mais conhecidas?

Abaixo, veja uma lista de autoras que publicaram seus obras sob uma assinatura masculina:

1. Mary Ann Evans — George Eliot

Esse talvez seja um dos casos mais emblemáticos de toda a história. Mary Ann Evans foi uma jornalista, poeta e autora que publicou seu primeiro romance, Adam Bede, em 1859.


No entanto, Evans ficou com medo de ser estereotipada “apenas” como uma escritora de romances. Por isso decidiu
utilizar um pseudônimo masculino, que se chamava George Elitot.


A sua publicação de 1874, utilizando esse pseudônimo, quebrou barreiras, vendendo milhões e sendo consagrado como um dos maiores livros da literatura inglesa. 


“Middlemarch: um estudo da vida provinciana” trazia, por meio de um narrador, ideias profundas sobre arte, religião, política, sociedade, ciência e relações humanas em toda a sua complexidade.


Nos dias atuais, é possível encontrar edições do livro com o nome real da autora, mas o comum é vê-lo comercializado com o pseudônimo George Eliot.

2. Nelle Harper Lee — Harper Lee

O caso de Nelle Harper Lee é muito comum entre mulheres que utilizam outros pseudônimos: tirar apenas o primeiro nome. Isso porque dá um ar “mais masculino” para as publicações.


Em vida, Lee publicou apenas duas obras. No entanto, uma delas é a aclamada “O sol é para todos”. O livro conta a emocionante história ambientada no Sul dos Estados Unidos da década de 1930, região envenenada pela violência do preconceito racial.


Durante muitos anos os americanos pensaram que a autoria era masculina.
O sol é para todos ganhou o Prêmio Pulitzer em 1961 e deu origem a um filme homônimo, vencedor do Oscar de melhor roteiro adaptado, em 1962.

3. Alice Bradley Sheldon — James Tiptree Jr.

Alice é tida como um ícone da ficção científica americana. Sua obra ajudou muito para quebrar paradigmas de gênero, principalmente aqueles que ditam o que é literatura masculina ou feminina (e sabemos que não existe distinção).


Pelos temas dos seus livros, muitos pensavam que James Tiptree Jr. poderia ser uma mulher, mas nada foi confirmado até 1976, quando Sheldon decidiu para de utilizar o pseudônimo e revelar a verdade. Em uma entrevista, revelou:


“Um nome masculino parecia uma boa maneira de me camuflar, senti que um homem passaria despercebido. Eu tive muitas experiências em minha vida por ser a primeira mulher em uma determinada ocupação”.


Um fato curioso é que a obra de Sheldon foi tão impactante que um prêmio foi criado em sua homenagem, no entanto, utiliza o nome masculino. O prêmio se chama “James Tiptree, Jr. Literary Award”.

4. Aurore Dupin — George Sand

Dupin começou a utilizar o pseudônimo George Sand após se divorciar do marido, em 1831. Para somar, ela era dona de uma linha de roupas masculinas, e as utilizavam no dia a dia.


Esse comportamento fez com que Dupin ficasse amiga de muitos intelectuais do século XIX, como Victor Hugo, Voltaire e Jules Verne. Em vida, Dupin já publicou mais de 140 romances e assinava colunas de política nos principais jornais franceses da época.

5. Karen Blixen — Isak Dinesen

Blixen é conhecida pelo romance “A fazenda africana”. Em vida, utilizou vários pseudônimos, como Pierre Andrézel. Mas o mais famoso foi Isak Dinesen.


Blixen foi indicada ao Prêmio Nobel duas vezes em vida.

6. Joanne Rowling — J. K. Rowling

Talvez essa seja a mais conhecida para a nova geração. A autora de “Harry Potter” já vendeu mais de 600 milhões de livros ao redor do mundo e se consagrou como uma das maiores escritoras de ficção de todos os tempos.


Mas no início não foi bem assim. A editora do livro preferia que J. K. assinasse sobre um nome masculino, pois acreditava-se que “ninguém leria um livro infantil escrito por uma mulher”. Por isso os seus primeiros nomes são reduzidos, pois ninguém saberia se era um escritor masculino ou feminino.


Gostou de conferir a lista de escritoras com pseudônimo masculino?


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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