Juliano Loureiro • ago. 29, 2021

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O gênero de fantasia científica, ou subgênero como dizem por aí, teria de tudo para ser um dos gêneros literários mais aclamados pelos leitores, afinal, como você pode deduzir, junta dois universos com fãs fervorosos: o gênero fantasia e a ficção científica.


Porém, a fantasia científica encontra-se em uma linha tênue entre gêneros e numa disputa ingênua (para não dizer besta) sobre qual gênero literário é o melhor.


Quer saber mais sobre, afinal, o que é essa tal fantasia científica e todas as ‘polêmicas’ que envolve suas obras e leitores? Venha com o Bingo! e descubra onde ciência e fantasia se encontram!

O que é Fantasia Científica

A Fantasia Científica é um gênero (ou subgênero) literário que mescla elementos narrativos da ficção científica e da fantasia. É uma linha bem tênue essa definição, como quase tudo na literatura, a definição fica mais a cargo de um ‘pacto’ de leitura entre o autor e sua história e os leitores.


Esse tal pacto de leitura a qual me refiro exige um trabalho narrativo quase que perfeito do escritor, porque ele vai ser responsável por transformar o impossível em possível, através de elementos criados na história. E cabe ao leitor, ter a mente aberta para a compreensão de que, se algo é impossível acontecer na vida real, na literatura pode ser viável através dos argumentos narrativos criados pelo autor da obra.


Sim, pode parecer confuso ou um conceito que não se sustenta, mas como já disse em outros textos,
as definições literárias são não rígidas, exatas. A literatura tem essa flexibilidade conceitual porque as produções têm mais a ver com uma leitura de terceiros, obviamente, alguns parâmetros fazem um certo limite, mas é como se dentro desse cercado conceitual, as obras podem circular e formar outros pequenos cercadinhos, é algo bem transitório.


Para tentar “desconfundir” o que é confuso, uma forma de entender a fantasia científica é ter bem claro o que são obras de ficção científica e de fantasia, porque aí você junta um pouco de cada um e pronto, está aí a sua fantasia científica. Vamos lá!

A ficção científica

Vamos começar com a ficção científica, gênero bastante abordado por aqui, inclusive, você pode ler um conteúdo aprofundado sobre o assunto, aqui! Retirando desse conteúdo um conceito bem resumido:


ficção científica é uma narrativa inventada, com respaldo científico para aquilo que possamos achar fantasioso. Então, toda extrapolação na narrativa, não quer dizer de fato que exista, mas há uma possibilidade científica de que possa se tornar realidade ou está cientificamente explicada na obra.


Lembra do que eu disse sobre o pacto de leitura? No caso da ficção científica temos uma ciência que vai justificar fatos e eventos é importantíssimo saber que, essa ciência que comprova e sustenta esses eventos
pode ser fictícia, porém deve ser explicada dentro da obra. E aí, cabe ao leitor ter esse discernimento. 


Então, já temos a ciência (e tecnologia) da fantasia científica, falta agora entender esse elemento fantasioso.

A literatura de fantasia

Uma obra considerada de fantasia apresenta elementos que são imaginados, fantasiados. Trata-se de uma história que só é plausível de acontecer no universo literário e justifica-se (e aí o leitor concorda com os argumentos) por uso de elementos mágicos.


Você deve ter reparado que tanto a ficção científica quanto a literatura de fantasia partem, ou abordam, elementos inexistentes mas que, justifica-se dentro da obra?


Vamos de exemplos:
O Senhor dos Anéis é a maior obra de fantasia de todos os tempos e ninguém questiona a possibilidade dos reinos e personagens existirem na vida real. Por quê? Porque o leitor já tem para si que ali, ele está num universo paralelo, então, dentro das obras de Tolkien, tudo que acontece é real.


Em clássicos como
Eu, Robô e Blade Runner temos robôs e androides que levam uma vida normal, têm suas profissões, animais clonados de estimação. Cenários que, ainda, não são reais - plausíveis, mas ainda em experimentos -, mas que se justificam dentro de suas obras e são explicados de como chegaram a tal cenário. Essa é a ficção científica, a sua história sustenta-se pela ciência - real ou especulativa.

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E onde entra a fantasia científica

A fantasia científica está na interseção dos dois conceitos, ou melhor dizendo, ela abrange as principais características da ficção científica e fantasia.


Ela não é um ou outro, mas sim, ambos! A ciência que justifica a narrativa, mais os elementos mágicos são a base da fantasia científica. Uma maneira simples, mas que ajuda muito na identificação de uma obra é observar o vocabulário, as expressões que se apresentam à narrativa. 


Bruxaria, mágica, poções, encantamentos dão entendimento de uma literatura fantasiosa. Mas esses elementos estão sendo usados de que maneira? Há um porquê explícito? E outra coisa: na história há outros elementos que não fantasiosos? 


Por exemplo: Avatar tem o mundo de Pandora, a árvore mágica lá (desculpem fãs de Avatar, assisti apenas uma vez o filme), além de seus personagens mágicos. Porém, há também uma temática de exploração espacial e genética. Então, Avatar, é somente fantasia? E a ciência e tecnologia envolvidas?


Sabe qual seja, talvez, o maior exemplo de fantasia científica? Star Wars! Eu, antes de me interessar por esses conceitos literários, tinha para mim que Star Wars era a mais pura ficção científica, afinal, temos o espaço sideral, as naves, os robôs, os sabres de luz. Mas isso porque são elementos que nos vêm à mente de imediato, ao falarmos sobre Star Wars. Mas esquecemos dos mundos mágicos e poderes mágicos (como a clássica manipulação da Força). 


Duna, a maior e mais vendida obra de ficção científica tem um quê de fantasia científica também, afinal não tem uma substância que provoca alucinações que ajudam a prever o futuro? Viu como é muito tênue a linha que divide esses conceitos?


E mesmo com essa confusa e “indefinida” definição de fantasia científica, há ainda subgêneros que ajudam a compreender o estilo:

  1. fantasia científica transcendental: o cenário narrativo apresentado na história é um planeta e não um mundo imaginado. Exemplo: trilogia A Espada de Shannara, de Terry Brooks.
  2. space opera: as obras space operas contém, além das viagens espaciais, um toque de magia. Exemplo: Star Wars.
  3. espada e planeta: os personagens não estão em um mundo imaginado que remete à alta fantasia, mas em outro planeta. Exemplo: Uma Princesa de Marte, de Edgar Rice Burroughs.
  4. Terra agonizante e cenário apocalíptico: o exemplo clássico desse subgênero é o filme Mad Max. Exemplos literários: The Dying Earth, de Jack Vance, Viriconium, de M. John Harrison.
  5. romance planetário: narrativa montada principalmente ou totalmente sobre um único planeta e exemplificando seus cenários, povos nativos e culturas, oferece considerável escopo para a fantasia científica, no sentido da fantasia racionalizada pela referência às convenções da ficção científica. Exemplo: Duna, de Frank Herbert; Northwest Smith, de C.L. Moore; Além do Planeta Silencioso, de C.S. Lewis.


Espero que o texto tenha ajudado a entender esse mundo fantasioso e científico que é a fantasia científica. Mais uma vez ressalto que as definições e conceitos literários têm esse viés não tão rígido, bem mais maleável e, por que não dizer, insustentável. Devemos estar abertos às definições, mas compreender que o pacto de leitura é bem mais importante.


Fato é que em fantasia científica você pode aproveitar o melhor de dois mundos: o científico e o mágico. Agora, conte para mim, você é do time da ciência ou da magia? Ou joga nos dois times?


Ah! Antes de ir, quero fazer um convite diferente para você. Olha só!


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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