Juliano Loureiro • ago. 21, 2020

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O texto que você vai ler a seguir é excelente para mostrar para aquele seu amigo que diz odiar literatura, que nunca leu um livro por preguiça e sempre diz preferir o filme ao livro. Diga a ele que é hora de parar com o drama. Ou melhor, não diga isso. Porque é sobre o drama que irei falar.


O gênero dramático talvez seja o estilo mais presente no nosso dia a dia, porque ele não está somente nos livros. Ele está nos palcos dos teatros e nas telas de tv e cinema, sendo encenado inclusive para quem torce o nariz para leitura.


A importância do gênero literário para a literatura e outras artes, além de suas características você fica sabendo, agora!


Uma boa leitura!

A origem do gênero dramático

Quando eu conceituei gênero literário, no texto Gêneros literários: descubra quais são, seus estilos e características, voltei no tempo, mais precisamente na Grécia Antiga de Aristóteles e a sua Arte Poética. E é pra lá, que voltamos para conhecer a origem do gênero dramático.


Um primeiro dado curioso sobre o gênero dramático é que ele surge em um contexto totalmente religioso, digamos assim. Os textos dramáticos, também conhecidos como textos teatrais (por isso você também encontra a expressão gênero teatral), eram feitos com único propósito de encenação. 


E aí você já se pergunta onde entra a religião na história. Os textos dramáticos, em sua maioria, eram apresentados em festas religiosas, com o intuito de louvar o deus Dionísio (ou Baco). Não por acaso, Dionísio é tido como o deus das festas e do vinho. Muita coisa faz sentido, agora, não é mesmo?


Brincadeiras à parte, com o passar dos anos, o gênero dramático foi se desprendendo da religião, abrangendo os diversos contextos da vida. 


Mesmo no ínicio do gênero, alguns nomes se destacaram e, ainda hoje, são referências do drama: Sófocles (496-406 a.C.), Eurípedes (480-406 a.C.) e Ésquilo (524-456 a.C.). Uma última curiosidade para encerrar a origem do gênero, a palavra “drama” em grego, significa “ação”.

Características e estrutura do gênero dramático

No tópico anterior, eu já falei a principal característica dos textos dramáticos que é a sua elaboração com o propósito final de interpretação. As histórias contadas são narradas através das falas dos personagens, sejam diálogos ou monólogos, outra característica importante é a ausência de um narrador.


Para facilitar a compreensão, vou listar as principais características dramáticas:



  • história contada através das falas dos personagens;
  • a narrativa pode ser tanto em diálogos, como em monólogos;
  • divisão do texto em atos e cenas;
  • atos: correspondem à mudança de cenário;
  • cenas: determinam entradas e saídas de personagens 
  • rubricas: descrições do espaço e/ou da situação antes de cada ato;
  • encenação gestual e sonora (encenação cênica)


A partir do momento que você vai estudando o gênero, vai reparar que algumas de suas estruturas, características estão presentes na sua vida e você nem se tocou.


Por exemplo: você sabe como são conhecidos os autores de textos dramáticos? São os dramaturgos. Esse termo lhe é familiar? Já ouviu a expressão “teledramaturgia brasileira”? Isso mesmo! As novelas, que você assiste em casa, saíram de um texto dramático escrito por um dramaturgo.


Além do dramaturgo, o autor do texto, o gênero tem os componentes: 


  • personagens, podendo ser:
  • protagonista: personagem central
  • antagonista: aquele que se opõe ao protagonista
  • figurantes ou coro: compõem apenas o “cenário” e comentam as ações ao longo da peça.
  • espaço cênico (palco e/ou cenários).
  • tempo.


Por último, uma característica dos textos dramáticos é a estrutura interna das suas narrativas, que apresentam uma sequência quase que padrão, sendo:


  1. apresentação ou exposição: introdução aos personagens e ações a serem executadas;
  2. conflito: ponto onde surgem as eventualidades que vão de encontro ao planejamento inicial das ideias;
  3. complicação: o conflito chega quase ao seu ponto culminantes;
  4. clímax: apreensão com relação à situação e ponto alto do conflito e;
  5. desfecho ou desenlace.


Antes de passar para o último tópico do nosso texto, vale trazer um conceito muito atrelado ao estilo dramático, que é catarse!


Catarse nada mais é do que o fenômeno causado pelo despertar de fortes emoções, na plateia. Essas emoções despertadas pelas interpretações dos autores, têm o poder de camuflar, aliviar as angústias e anseios internos das pessoas.

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Tragédia

Segundo  Aristóteles, a tragédia é a “a imitação de uma ação de caráter elevado que suscita o terror e a piedade e tem por efeito a purificação das emoções”. 


Os textos de tragédia relatam adversidades e sofrimento das personagens, culminando num final funesto. Para impressionar os leitores/espectadores, provoca terror e compaixão.

Comédia

Um dos estilos mais conhecidos do gênero dramático, a comédia tem como objetivo fazer a plateia sorrir. Por isso, seus textos exploram situações ridículas e cômicas do nosso cotidiano.


É bem comum a presença de personagens estereotipados que reforçam nossas falhas enquanto seres humanos.

Tragicomédia

Como o nome mesmo diz, os textos de tragicomédia unem aspectos do estilo tragédia e comédia. Como isso é feito? Simples: relata-se um problema bem trágico e como o personagem principal se vê totalmente acabado, com uma narrativa com elementos irônicos e que parecem “tirar um sarro” do personagem e sua situação.


Curiosidade: no início, a tragicomédia também trazia uma mistura do real e do imaginário em suas narrativas.

Farsa

De caráter satírico e totalmente caricato, as narrativas do estilo farsa fazem uma crítica à sociedade e situações grotescas e ridículas do dia a dia.

Auto

Um estilo bem antigo, surgido na Idade Média, o auto é um texto dramatizado, em sua maioria, em um único ato. Sua temática é religiosa, porém com um teor satírico.


Agora que trouxe um pouco sobre o gênero dramático, com certeza você já identificou alguma obra que você tenha lido e curtido. Conte pra gente a sua percepção sobre o estilo, o que você já sabia sobre e o que foi novidade.

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