Na hora que você está escrevendo a sua história, o seu livro ou escrevendo “de bobeira”,
de quem é a voz dos personagens? Eles falam por si só ou alguém fala por eles?
Nos
textos narrativos, os discursos são usados para dar voz aos personagens e narradores, expressar os pensamentos dos interlocutores, em resumo, transmitir as mensagens.
Mas estamos cansados de saber que existem diversas formas de se passar uma mensagem e para que essa variedade fosse possível, é óbvio que deveria existir mais de um discurso. E é isso que descobriremos, agora:
o que são os discursos diretos e indiretos? Quais diferenças e o que seria ainda um terceiro discurso, o indireto livre?
Chega de conversa, descobriremos o que é cada um desses discursos e os seus usos. Uma boa leitura!
O que é discurso direto
O
discurso direto é o mais fácil de se identificar e, talvez, o mais simples de se utilizar, isso porque ele é a reprodução exata da fala/pensamento do personagem.
Para o leitor, é ainda mais simples identificar o discurso direto, pois em 99% dos casos ele vem sinalizado com o
uso do travessão ou aspas.
Para localizar o discurso direto em uma história, é só atentar-se ao fato de que o narrador interrompe a sua ‘fala’ e abre um espaço para a reprodução fiel da fala de um personagem.
Outra marca do discurso direto é o uso de verbos de elocução, ou declarativos. Exemplos mais comuns destes verbos:
afirmar, dizer, sugerir, responder, perguntar etc.
Exemplo de uso do discurso direto:
Estava calor no dia, quando o pai entrou na sala e
perguntou:
-
Quem quer ir tomar um sorvete?
- Podemos ir à sorveteria na Praça Doze -
Sugeriu a mãe.
- Eu já estou pronto para ir -
Exclamou o filho caçula.
Discurso indireto: o que é e como usá-lo
O discurso indireto é quando o narrador utiliza-se de suas palavras para transmitir a mensagem/pensamento de outrem.
Para o leitor, esse discurso, por vezes, passa despercebido como uma representação de um diálogo. Porém, o escritor deve ficar bastante atento para a construção do discurso indireto.
O discurso indireto também pede o uso de um verbo de elocução, porém acompanhado de um conectivo, que pode ser uma preposição, uma conjunção etc. Esse conectivo é que “muda” a voz, passando do narrador para a voz do personagem.
Vamos ao exemplo, para ficar mais fácil.
Os seguranças afirmaram que ninguém entraria no evento, antes das 21h.
- “Afirmaram”: verbo de elocução;
- “que”:
conjunção;
- “Os seguranças afirmaram”:
a voz do narrador contando um fato;
- “ninguém entraria no evento, antes das 21h”:
as vozes dos seguranças.
Outro exemplo:
Ricardo
afirmou que nunca jogou uma partida tão disputada de basquete.
Um detalhe muito importante:
o discurso indireto ocorre sempre na 3ª pessoa e dispensa o uso de
travessão.
Os discursos direto e indireto são utilizados mais frequentemente, o que, obviamente, pode gerar mais dúvidas sobre seus usos e diferenças. Que tal analisarmos algumas sentenças, com a mesma mensagem, porém nos dois discursos?
Vamos fazer esse exercício juntos:
- discurso direto:
Eu preciso estudar mais!
- discurso indireto:
Disse que precisava estudar mais.
- direto:
O que fará para conseguir estudar mais?
- indireto:
Perguntou-me o que faria para estudar mais.
- direto:
Não me atrapalhe durante os estudos.
- indireto: Pediu que não lhe atrapalhasse durante os estudos.
O discurso indireto livre
Por último, mas não menos importante, o discurso indireto livre, que nada mais é do que uma
mescla entre os discursos direto e indireto.
Apesar da definição simples, o seu uso talvez seja o que gera mais dúvida, inclusive nos leitores quando se deparam com o discurso indireto livre e já não sabem mais se a voz é do personagem ou narrador.
Quando o autor decide pelo uso do discurso indireto livre, podemos ter certeza de que ele opta por fugir dos padrões acadêmicos e preza pela liberdade criativa e poética. Inclusive, é bastante comum o discurso indireto livre misturar a primeira pessoa do singular e plural e/ou terceira pessoa em uma mesma sentença.
Vamos de exemplos?
- A noite avançava rapidamente. Que frio está fazendo!
- Era um dia normal de verão. Estou derretendo com essa roupa.
Como você pode ter percebido,
uma característica marcante no discurso indireto livre é a imprecisão em determinar quem está falando, se ainda é o
narrador
ou o personagem.
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