Vida e obra de H. P. Lovecraft, o escritor que revolucionou o terror

H.P Lovecraft: biografia

Com certeza, a primeira curiosidade a ser respondida é o que significa as iniciais que antecedem um dos sobrenomes mais famosos da literatura.

Howard Phillips Lovecraft nasceu no dia 20 de agosto de 1890, na cidade de Providence, em Rhode Island, Estados Unidos.

Parece uma história comum a grandes escritores: Lovecraft teve uma infância e adolescência terríveis. Bem, o que nos leva a crer que a sua vida não foi nem um pouco fácil.

H.P Lovecraft perdeu o pai quando ainda era uma criança. Filho único de Winfield Scott Lovecraft e Sarah Susan Phillips, poderíamos imaginar que a sua vida seria uma maravilha. O pai era negociante de joias e metais preciosos e a sua mãe era de uma família notável, a primeira família colonizadora americana.

Quando Lovecraft tinha apenas três anos, seu pai sofreu um colapso nervoso, o que o levou a viver em clínicas de repouso até a sua morte. O falecimento do pai foi um dos fatos obscuros da vida do autor, que passou por anos acreditando que o pai estava em coma, enquanto algumas evidências apontam para uma morte em decorrência da paresia causada pela sífilis.

Sem o pai, Lovecraft passa a ser criado pela mãe, com ajuda das tias e do avô Whipple Van Buren Phillips, um homem industrial referência no mercado. O avô foi um dos principais incentivadores de Lovecraft. Além de presenteá-lo com livros, dentre eles vários clássicos como por exemplo Ilíada e Odisséia, era um excelente contador de histórias, muitas dessas inventadas ali na hora.

Mas, como nada na vida de Lovecraft foi fácil, o avô faleceu em 1904, deixando a família praticamente à beira da miséria. E a tristeza não para por aí. A sua mãe veio a falecer em 1921, sem tempo de ver o trabalho do filho publicado.

Agora, deixa eu contar porque quis trazer todos os fatos familiares de Lovecraft antes de falar propriamente sobre ele. Se as coisas ao seu redor não andavam bem, com o nosso autor não seria diferente.

Apesar de toda a sua genialidade, da capacidade de criar um gênero dentro do terror, não foi na escola que Lovecraft formou seu caráter literário. Isso porque o autor foi uma criança doente - diagnosticada com  poiquilotermia, doença que fazia com que sua pele fosse sempre gelada ao toque. 

Não preciso dizer que essa doença é raríssima e impossibilitou Lovecraft frequentar a escola com a frequência ideal. Não o bastante, Lovecraft não conseguiu pegar seu diploma de ensino médio, devido a um colapso nervoso sofrido. Sem diploma do ensino médio, sem faculdade. Essa era uma marca da vergonha que Lovecraft carregou consigo até o túmulo.

H.P Lovecraft morreu aos 46 anos, em virtude de um câncer intestinal.

Carreira literária de H.P Lovecraft

Falar da carreira literária de Lovecraft vai nos fazer voltar todo o filme de sua vida. E sabe por quê? Apesar de ser um cânone da literatura do terror, você acredita que há pouquíssimo trabalho impresso e publicado originalmente, com Lovecraft em vida? 

Talvez, sem conhecer, você ache que há dezenas e dezenas de livros publicados pelo autor. Pois é, não é bem assim. Mas, vamos com calma que vou contar tudo agora.

Apesar de não ter tido uma vida acadêmica comum - digamos assim -, estudar nunca foi problema para Lovecraft. O autor foi, com certeza, uma das crianças autodidatas mais brilhantes que conhecemos. Lembra que falei do avô que o incentivava a ler? Pois é, mas antes disso, Lovecraft já dava indícios de ser um menino prodígio.

Aos dois anos de idade, Lovecraft já recitava poesias e aos seis anos já escrevia os seus próprios versos. E, por tudo que passou na infância, mortes, doenças e quase que um abandono escolar, Lovecraft afundou-se nas leituras sobre ciência e astronomia e dedicou a sua adolescência praticamente toda à poesia.

Aos 27 anos, Lovecraft vira a página da sua vida literária e começa a investir no gênero que o tornaria famoso. E em 1917, Lovecraft já com seus 33 anos, trabalhando como ghostwriter na revista Weird Tales, o escritor publica, na própria revista, o seu primeiro conto: Dagon.

Curiosidade: na Weird Tales, Lovecraft chegou a escrever uma história para o famoso  mágico Harry Houdini. A história era Sob as Pirâmides ("Under the Pyramids" ou "Imprisoned with the Pharaohs").

Após o pontapé na carreira, Lovecraft passou a se corresponder constantemente com novos escritores e, numa dessas conversas, tornou-se amigo de Robert Howard, o criador das famosas histórias de Conan, o Bárbaro.

E, para deixar a sua vida bem ímpar, Lovecraft publicou um único romance, chamado O Caso de Charles Dexter Ward. E aí, você se pergunta como alguém pode ter tamanha fama e um único romance publicado.

A verdade é que, em vida, H.P Lovecraft não era dos escritores mais populares. Somente após a sua morte, a ascensão do gênero terror é que seus contos vieram à tona e tiveram o seu devido valor reconhecido.

Características dos contos de Lovecraft

Tem uma informação que sempre torna as histórias de terror ainda mais assustadoras: falar que são baseadas em fatos reais. No caso de Lovecraft, não são bem fatos reais, mas sim seus sonhos e pesadelos.

E é essa “inspiração” que torna sua escrita recheada de simbolismos e mexe com o subconsciente dos leitores. Porque, afinal, quem consegue controlar os sonhos, não é mesmo? Além disso, a escrita de Lovecraft era recheada de cinismos e pessimismo, criando uma atmosfera bem pesada. Aquele terror, horror de tudo que está a sua volta e você não tem para onde ir.

Outro traço marcante, talvez o mais visível, é a ambientação e personagens de seus contos. Sempre é um ambiente hostil ao homem e repleto de seres fictícios. E aqui, entra a figura mais emblemática das obras de Lovecraft: o Cthulhu. Com certeza você já viu esse mostrengo por aí, no que se refere ao terror.

Há uma curiosidade muito bacana sobre Lovecraft que, talvez, nem os fãs do autor saibam. Mas foi H.P Lovecraft que criou um dos artefatos mais conhecidos das histórias de terror, inclusive, aparecendo em alguns filmes. O Necronomicon é um livro usado para invocar demônios, que por anos as pessoas juravam que ele existia. E, apesar da aparição do artefato em outras obras, o Necronomicon é um livro fictício criado pela mente pertubada de Lovecraft.

Alguns contos de Lovecraft

Bem, se você não o conhecia, está devidamente apresentado a Howard Phillips Lovecraft. Mas, conhecer realmente, só através dos seus contos. Fiz uma lista de alguns, só para despertar a sua curiosidade:

• O Chamado de Cthulhu: com certeza, o conto mais famoso do autor e com uma das figuras mais emblemática das histórias de terror: o Cthulhu;
• Um Sussurro nas Trevas: o dado interessante nesse conto é ele ser ambientado na cidade de Arkham, famosa nas histórias do Batman. Em ambas, a cidade é habitada por monstros;
• À Procura de Kadath: esse conto mostra a magnitude da mente de Lovecraft em criar cenários a partir dos seus sonhos e pesadelos;
• Os Gatos de Ulthar: Ulthar é uma pequena vila com uma lei, correta, porém estranha estar oficializada, digamos assim. Lá, é proibido matar gatos. Bem, só lendo a história para entender que as coisas não são tão simples;
• A Coisa na Soleira da Porta: é possível uma pessoa dar seis tiros na cabeça de um amigo e ainda provar que não é o culpado? Imagine Lovecraft desenrolando essa trama;
• Nas Montanhas da Loucura: William Dyer é um geólogo que quer impedir novas expedições à Antártica. Mesmo com a descoberta - feita pelo próprio Dyer - de ruínas fantásticas e aterrorizantes e uma montanha maior ainda que o Himalaia. O que teria por detrás dessa descoberta?

Não é possível indicar poucos contos de Lovecraft, a sua obra é de um brilhantismo tão grande que não há consenso entre os leitores de quais são os melhores trabalhos do autor. Listei apenas seis, mas há uma biblioteca lovecraftiana que você deve conhecer. E, se você já é fã do autor, compartilhe com a gente as suas indicações, nos comentários.

Ei! Antes de você ir, deixa eu fazer um convite. Saindo do terreno sombrio de Lovecraft e adentrando a um cenário distópico, quero apresentar-lhe o meu romance Lucas: a Esperança do Último.

Em Lucas: a Esperança do Último, apenas 2% da população mundial sobreviveu à Grande Extinção. Estamos em 2042 e Lucas acredita que somente ele e seu gato Félix sobreviveram. Mas algo acontece e ele passa a acreditar que ainda pode encontrar a sua família, para isso, terá de sair em uma jornada de vida ou morte.

Quer saber mais sobre essa história? Baixe, agora, os capítulos iniciais e conheça Lucas!