Juliano Loureiro • nov. 29, 2020

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O ano está chegando ao fim e você ainda não cumpriu a sua meta de leitura anual? Está em dúvida sobre o que ler ou, ainda, quem ler? Se você está em busca de grandes escritores, eu continuo minha série de homenagens aos grandes autores da literatura mundial. Hoje, vou para a terceira parte das dicas.


Caso você tenha chegado a este conteúdo “por acaso”, que tal, depois da leitura, ver quais outros escritores já foram estudados aqui? Agora, se você já acompanha o blog, que tal relembrar os homenageados?


No primeiro texto, os autores foram: Gabriel García Márquez, Franz Kafka, Juan Rulfo e Antoine de Saint-Exupéry.


Já na
segunda parte, os grandes escritores mundiais homenageados foram: Neil Gaiman, Harlan Coben e Margaret Atwood.


Para essa terceira parte, vou começar por um nome que “inventou” a fantasia e a “reinventou” quando suas obras foram parar no cinema.

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Talvez, a primeira curiosidade sobre esse fabuloso escritor seja o seu nome completo, não que ele precise, porque somente o último nome; Tolkien; já impõe respeito e nos remete ao maior, ao pai da literatura de fantasia, John Ronald Reuel Tolkien.


Na introdução, eu afirmei que o autor “reinventou” a fantasia quando chegou ao cinema. As aspas servem de recorte temporal e vou explicar. Seria uma blasfêmia eu afirmar que Tolkien só ficou famoso por conta do cinema. Talvez, o cinema só tenha revivido a importância do autor, porque desde os anos 30, a sua importância para a literatura é inegável. E você vai saber um pouco dessa história, agora.


A segunda curiosidade sobre esse grande autor é que ele nasceu na África, em Bloemfontein, no dia 3 de janeiro de 1892. Continuando nas curiosidades “extra-literárias”, em 1972, foi nomeado Comandante da Ordem do Império Britânico pela Rainha Elizabeth II e, o último fato curioso é que Tolkien lutou na Primeira Guerra Mundial.


Voltando à história de Tolkien, com 4 anos ele perdeu seu pai. Junto a sua mãe e irmão, mudaram-se para Birmingham, na Inglaterra. Desde a sua infância, Tolkien viveu cercado por um mundo de magia, seja através dos contos de fadas apresentados pela sua mãe ou até mesmo inspirado pelo cenário de Sarehole, local ao sul de Birmingham, que viria servir de inspiração para a criação de Shire.


O incentivo na sua infância o fez interessar em línguas, criando inclusive as línguas de seus personagens futuros, como os hobbits. E, como não poderia ser diferente, Tolkien enveredou-se pelos estudos linguísticos e construiu uma carreira renomada.


No ano de 1908, ingressou no colégio Exeter, da Universidade de Oxford e mergulho de cabeça nos estudos da filologia, antigas sagas e lendas nórdicas. Pelo Exeter, conseguiu sua Licenciatura em Letras. Em Oxford, Tolkien já começou a ganhar notoriedade.


Especializou-se em línguas Anglo-Saxônicas, língua alemã e literatura clássica. Na própria Oxford, lecionou língua e literatura anglo-saxônica, tornando-se especialista em literatura medieval. Esse período como professor compreendeu os anos de 1925 e 1945, nessas duas décadas, Tolkien publicou os ensaios
Sir Gawain e o Cavaleiro Verde” (1925) e “Beowulf” (1936)


Mas, no ano seguinte ao
Beowulf é que nasceu uma das obras primas da literatura mundial. Escrito para as crianças, O Hobbit é a concretização do universo fantasioso de Tolkien. Um mundo mágico, personagens mitológicos em uma saga medieval repleta de seres imaginários e o surgimento de uma Terra Média com seus magos, elfos e anões.


E
O Hobbit foi só o pontapé inicial de uma saga épica ainda maior que estava por vir. Dividida em três volumes, a trilogia do O Senhor dos Anéis é responsável por coroar o trabalho de Tolkien.  A Sociedade dos Anéis” (1954), “As Duas Torres” (1954) e “O Retorno do Rei” (1955)  compõem a maior fantasia literária já publicada e são frutos de um imaginário fora de série, criada pela paixão linguística de J.R.R. Tolkien.


A obra de Tolkien, principalmente a sua obra prima é cultuada desde os anos 60 e chegou ao cinema somente em 2001. Ou seja, a importância de Tolkien já não é de hoje e está muito além de modismos temporais. Adentrar às histórias dessas produções exigiria um novo post. Por hoje, vamos nos satisfazer com as curiosidades apresentadas e, claro, se você ainda não leu nada de Tolkien, está perdendo uma oportunidade incrível de conhecer novos mundos.

Algumas obras de Tolkien

  • Sir Gawain e o Cavaleiro Verde (1925);
  • O Hobbit (1937);
  • Sobre Histórias e Fadas (1945);
  • Mestre Gil de Ham (1949);
  • O Senhor dos Anéis (1954);
  • As Duas Torres (1954);
  • O Retorno do Rei (1955);
  • As Aventuras de Tom Bombadil (1962);
  • A Última Canção de Bilbo (1966);
  • Ferreiro do Bosque Grande (1967);
  • Silmarillion (1977); obra póstuma.
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A próxima homenageada é a “Rainha do Crime”, Agatha Mary Clarissa Miller, ou simplesmente, Agatha Christie.


Não há como falar de romances policiais sem citar Agatha e “seu filho” mais famoso, o detetive Hercule Poirot. O personagem belga aparece em, simplesmente, 33 das obras de Agatha Christie. E aí, você se pergunta:
“Simplesmente 33? Por que? Quantas obras têm Agatha Christie?”.


A escritora inglesa, nascida em Torquay, no Condado de Devonshire, no dia 15 de setembro de 1890, tem nada mais, nada menos, do que 93 livros publicados e 17 peças teatrais. Com um currículo desses, não dá para negar que Agatha, com certeza, faz parte do
hall dos grandes escritores mundiais.


Agatha Christie nasceu em uma família rica, então passou parte da sua infância tendo aulas particulares, em casa. E como quase todo grande escritor, desde nova, demonstrou total interesse pela escrita, no caso de Christie, poemas e contos.


Curiosidade: durante a Primeira Guerra Mundial, Agatha Christie voluntariou-se para trabalhar no Exército da Cruz Vermelha. Trabalhando como enfermeira, adquiriu conhecimento químico suficiente para introduzir nas suas histórias. Então, tudo que envolver envenenamento, química e remédios em suas obras, com certeza tem embasamento científico.

O primeiro livro de Agatha Christie

Foi nessa mesma época, ali por volta de 1917, que surge a ideia do seu primeiro livro e de uma maneira um tanto quanto não convencional. Quem deu o estímulo para a primeira produção de Agatha Christie foi sua irmã e em forma de aposta. Isso mesmo que você leu.


A irmã de Agatha apostou que ela não seria capaz de produzir uma história policial que os leitores não descobrissem o assassino, antes do final da história. E, dessa brincadeira, dessa aposta, três anos depois, em 1920, estaria publicado
O Misterioso Caso de Styles. E já no primeiro livro, a primeira aparição de Hercule Poirot. 

Mistérios da vida real

O sucesso só viria em 1926, mas assim como em suas obras, cercado de mistérios e uma trama policial.


O
Assassinato de Roger Ackroyd trouxe a consagração para a autora, mas não somente pela qualidade literária. Pouco depois do lançamento da obra, Agatha desapareceu realmente. Foram 11 dias desaparecida, sem qualquer pista ou justificativa plausível para o mistério. 


Boatos afirmam que foi por conta do divórcio, já outras fontes afirmam que tudo não passou de uma jogada de marketing para vender o livro. Seja qual for a verdade, a escritora já havia conseguido marcar seu nome como uma das principais romancistas do mundo e a maior escritora policial.

O sucesso que veio do Oriente

Quatro anos após o sucesso de Roger Ackroyd e seu sumiço, Agatha Christie casa-se com o arqueólogo Max Mallowan. O casal faz uma viagem pelo Oriente Médio, que inspira a escritora a produzir diversas obras, inclusive o seu best seller Assassinato no Expresso do Oriente, em 1934. Outras obras inspiradas pela viagem foram Morte na Mesopotâmia (1936), Morte no Nilo (1937) e Aventura em Bagdá (1951).


Uma curiosidade bem “fofa” é a história da sua outra personagem mais famosa, Miss Marple. A simpática senhorinha é inspirada na avó da autora e é uma velhinha que tenta a sorte como detetive. A vovó Marple aparece, ao todo, em 12 obras da autora.


Agatha Christie recebeu, em 1971, a mais alta condecoração do Reino Unido, o título de “Dame” que passa a incorporar a seu nome. No teatro, Agatha produziu 17 peças, dentre elas
A Ratoeira (1952), que foi encenada mais de 13 mil vezes na Inglaterra, sendo recordista mundial de tempo em cartaz.

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Algumas obras de Christie

  • Treze à Mesa (1933);
  • Por Que Não Pediram a Evans? (1935);
  • O Assassinato no Beco (1936);
  • Morte na Praia (1941);
  • Uma Dose Mortal (1941);
  • Um Corpo na Biblioteca (1942);
  • A Mão Misteriosa (1942);
  • Um Brinde de Cianureto (1945);
  • A Mansão Hollow (1946);
  • Segundo a Correnteza (1948);
  • Convite Para um Homicídio (1950);
  • Um Passe de Mágica (1962);
  • Depois do Funeral (1953);
  • A Extravagância do Morto (1956);
  • Um Gato Entre os Pombos (1959);
  • A Aventura do Pudim de Natal (1960);
  • O Cavalo Amarelo (1961);
  • Noite Sem Fim (1967);
  • Um Pressentimento Funesto (1968);
  • Um Passageiro Para Frankfurt (1970);
  • Um Crime Adormecido (1976).
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Para encerrar as homenagens, deste post, aos grandes escritores mundiais, eu quero falar sobre um serralheiro mecânico de formação, mas que trabalhou como funcionário público na área da saúde e da Previdência Social. E, além disso tudo, foi vencedor  de dois, dos principais prêmios de literatura: Prêmio Camões (1995) e Prêmio Nobel de Literatura, pelo conjunto de sua obra (1998).


Bem, nada mal para um autodidata literário, não é mesmo? Isso é apenas uma introdução sobre a vida de José Saramago.


Saramago nasceu no dia 16 de novembro de 1922, em Azinhaga de Ribatejo, no concelho de Golegã, distrito de Santarém, em Portugal. E como esse português se tornou um dos maiores autores mundiais? Vou contar um pouco da história deste
gajo.

Carreira literária de Saramago

Antes, vale ressaltar que o nome Saramago só foi adicionado ao nome de batismo, José de Souza, quando começou a frequentar a escola. Saramago era o apelido da sua família e é o nome de uma planta que cresce na região que o autor nasceu.


E a carreira literária de Saramago começou em meio a tantos trabalhos que ele executou, como eu apresentei no início do tópico. Diferentemente de outros grandes autores, aqui homenageados, digamos que Saramago começou de “supetão”.


José Saramago trabalhou ao longo de doze anos em uma editora, onde exercia a função de diretor literário e diretor de produção. Nesse tempo, em 1947, publicou o seu primeiro livro, o romance
Terra do Pecado. Mas, o início da carreira literária não o afastou dos trabalhos de bastidores, por assim dizer. Uma rápida pincelada na carreira de Saramago:


  • foi crítico literário na revista Seara Nova;
  • nos anos de 1972 e 1973 fez parte da redação do jornal Diário de Lisboa, no qual foi comentador político e coordenador do seu suplemento cultural;
  • em 1975 foi diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias;
  • De 1985 a 1994, foi presidente da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores.


E aí, você se pergunta como ele conseguiu tempo para ser escritor e cravar seu nome na história da literatura mundial. A partir de 1976, José Saramago dedicou-se exclusivamente aos trabalhos literários. Começou como tradutor, mas logo tornou-se “apenas” escritor.


Dentre suas obras mais famosas:
O Evangelho Segundo Cristo; de 1991; Ensaio sobre a Cegueira; de 1995 e O Homem Duplicado, de 2002.


José Saramago foi o primeiro escritor de língua portuguesa a receber, em 1998, o Prêmio Nobel de Literatura, a maior e mais importante premiação literária.

Obras de Saramago

Romances:

  • Terra do Pecado (1947);
  • Manual de Pintura e Caligrafia (1977);
  • Levantado do Chão (1980);
  • Memorial do Convento (1982);
  • O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984);
  • A Jangada de Pedra (1986);
  • História do Cerco de Lisboa (1989);
  • O Evangelho Segundo Jesus Cristo (1991);
  • Ensaio sobre a Cegueira (1995);
  • Todos os Nomes (1997);
  • A Caverna (2000);
  • O Homem Duplicado (2002);
  • Ensaio sobre a Lucidez (2004);
  • As Intermitências da Morte (2005);
  • A Viagem do Elefante (2008);
  • Caim (2009);
  • Claraboia (2011);
  • Alabardas, alabardas, Espingardas, espingardas (2014).

Poesia:

  • Os poemas Possíveis (1966);
  • Provavelmente Alegria (1970);
  • O Ano de 1993 (1975).

Dramaturgia:

  • A Noite (1979);
  • Que farei com Este Livro? (1980);
  • A Segunda Vida de Francisco de Assis (1987);
  • In Nomine Dei (1993);
  • Don Giovanni ou O Dissoluto Absolvido (2005).

Crônicas:

  • Deste Mundo e do Outro (1971);
  • A Bagagem do Viajante (1973);
  • Os Apontamentos (1976);
  • Poética dos Cinco Sentidos – O Ouvido (1979);
  • Moby Dick em Lisboa (1996);
  • Folhas Políticas (1976-1998).

Contos:

  • Objecto Quase (1978);
  • O Conto da Ilha Desconhecida (1997).

Infantil:

  • A Maior Flor do Mundo (2001);
  • O Silêncio da Água (2011).


Mais três grandes autores da literatura mundial para você se debruçar nas leituras. Não faltam estilos literários para você curtir, tem fantasia, tem poesia, crônica, romance policial e até história para as crianças.


É difícil trazer esses nomes, porque na literatura mundial há um leque infinito de nomes relevantes. Há aqueles que já marcaram seus nomes, têm os que ainda estão escrevendo e produzindo e também, há os novos autores que, às vezes, com uma obra já atinge uma relevância enorme. 


Então, prefiro trazer aos poucos essas listas, para que você tenha também um pouco de história, conheça os autores e não tenha apenas uma lista com dezenas, centenas de nomes, sem nem ao menos conhecer esses autores.


Fique à vontade para sugerir nomes para as próximas homenagens, me diga quais das obras de Tolkien, Agatha e Saramago você já leu. Ou quais são as próximas leituras.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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