Maurício Almeida • out. 15, 2021

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Stephen King é o Mestre do Terror e não sou só eu quem estou dizendo isso. Anos de carreira e o escritor é um dos mais adaptados para cinema e TV, afinal quantos filmes baseados em livros de King a gente não conhece. Nos últimos anos, então, parece que virou febre revistar suas obras.


Claro que não estou reclamando, por mim, quantos mais livros de Stephen King virarem filmes, melhor. Querendo ou não, gostem ou não,
o cinema ajuda a popularizar a leitura. A Netflix e outras plataformas de streaming de vídeo já perceberam o potencial de grandes obras e também abraçaram a causa. Quantas séries e filmes as próprias plataformas não passaram a produzir baseadas em grandes obras literárias?


Voltando ao Mestre do Terror, digamos que ele tem uma vantagem pelo “tempo de experiência” e até mesmo por ter se aventurado escrevendo alguns roteiros para TV e cinema. Então,
para homenagear o Mestre, fiz uma seleção de alguns de seus livros que viraram filmes. Acredito que a maioria você já conhece, alguns resolvi trazer como “surpresa”.


Prepare a pipoca para mais uma leitura cinematográfica! 

1- Jogo perigoso

Já que citei a Netflix na introdução do texto, vou começar por um livro que foi adaptado diretamente para e pela própria Netflix. Jogo Perigoso (Gerald's Game) foi publicado em 1992 e ganhou (novamente) notoriedade após a sua adaptação, em 2017, por Mike Flanagan (mesmo diretor de A Missa da Meia Noite).


Em
Jogo Perigoso, Stephen King conta a história de Jessie e Gerald, um casal com o casamento em crise que resolve tirar uns dias de férias em uma região isolada do Maine. Para apimentar a relação, Gerald propõe uns joguinhos de adultos, sabe? Daqueles que envolvem algemas e tals.


Porém, como estamos em uma obra de King, obviamente as coisas não saem como planejado e Gerald simplesmente morre de ataque cardíaco durante os jogos. Detalhe: ele tinha algemado Jessie e as chaves da algema estavam fora de seu alcance.


E é aí que começa o terror bem ao estilo Stephen King, bem lá no psicológico de Jessie e, claro, de nós leitores.
Na trama, a gente percebe o quão suscetíveis somos aos nossos medos, como eles voltam a nos assombrar em situações em que não temos controle nenhum.


O livro é bem agonizante e perturbador, pode parecer uma situação banal, mas é essa falsa percepção de domínio da situação que nos deixa mais fragilizados. A adaptação de Flanagan também é digna de destaque, vale conferir na Netflix.

2- O Iluminado

Eu trouxe O Iluminado mais por questão de protocolo, porque seria incabível falar de Stephen King e cinema, sem citar, talvez, a mais famosa das adaptações.


Falar de O Iluminado é sempre falar da polêmica: qual é melhor, filme ou livro? Ainda mais quando a gente sabe que o escritor detestou o filme e nunca escondeu isso. Talvez, uma das “tretas” mais famosas do meio literário e cinematográfico seja Stephen King x Stanley Kubrick.


Sobre o livro, acredito que não tenhamos muitas novidades a se falar, pois o mesmo já foi abordado à exaustão (mentira, nunca se cansa de falar de Stephen King). Mas vamos aos protocolos formais.


O Iluminado foi lançado em 1977, sendo o primeiro grande sucesso de King, e a sua adaptação para o cinema veio em 1980. A trama, uma das mais famosas do escritor, conta o drama de Jack Torrance e sua família no isolado Overlook Hotel. Danny, seu filho, possui um dom (ou maldição), o hotel Overlook esconde histórias macabras e parece estar vivo, soma-se a isso uma vida medíocre de Jack e um casamento em ruínas.


O que o livro tem e o filme não entrega é exatamente a construção dos personagens. Na obra de King, o leitor é transportado para a vida de cada um dos personagens, assim, podemos perceber a angústia e força de uma esposa (tratada como frágil, um peso morto no filme de Kubrick), o inferno psicológico que vive Jack e o que torna Danny o iluminado.


Você pode até gostar do filme, eu mesmo o adoro, mas está bem aquém da narrativa de King. Inclusive, o próprio Stephen escreveu o roteiro de uma minissérie televisiva, em resposta à adaptação de Kubrick. Quem já assistiu, garante que, realmente, a série também é bem melhor que o filme. No final das contas, quem sai ganhando são os fãs de Stephen King.


Bem, mas eu só citei O Iluminado porque não faria sentido nenhum apresentar o livro a seguir, sem passar por esse livro.

3- Doutor Sono

Talvez o caçula dos romances de Stephen King a ganhar uma adaptação cinematográfica, Doutor Sono é a continuação de O Iluminado. Porém, dessa vez, sem tretas entre escritor e diretores.


O 61º livro de King foi lançado em 2013 e ganhou o prêmio Bram Stoker de Melhor Romance daquele ano.
Como o próprio Stephen disse, a obra foi uma retomada do seu estilo de terror “mantenha as luzes acessas”. O que era de se esperar, sendo a continuidade da obra que é, não era para menos!


Trinta anos se passaram após os acontecimentos no Overlook Hotel e Danny, agora, é um homem de meia idade e, obviamente, herdou algumas das ‘maldições’ paternas, como o alcoolismo. O seu dom ainda permanece, porém, agora Danny consegue fazer o uso devido, o que o leva a se tornar o Doutor Sono.


Porém, a vida de Danny vai ter uma reviravolta ao conhecer Abra Stone, uma menina de apenas 12 anos com um poder iluminado maior que o seu. Inclusive, Abra prevê os atentados de 11 de setembro. 
A conexão psíquica de Danny e Abra dão o tom da trama, com muito mais ação do que O Iluminado, Doutor Sono entrega uma sequência digna do primeiro clássico de King.


A adaptação cinematográfica chegou aos cinemas em 2019.

4- Cujo

Confesso que Cujo eu conheci primeiramente pela sua adaptação cinematográfica de 1983. Resumidamente falando, a história de um cachorro São Bernardo que fica possuído por um espírito maligno, não me atraía nem um pouco. Porém, o seu final um tanto quanto inesperado, me fez dar uma chance ao livro.


Cujo foi publicado em 1981 e confesso que me surpreendeu e muito a sua história. Mesmo com um início que a gente não compreende muito bem como se amarraria ao restante da história. O que começa com a morte do serial killer Frank Dodd, vai terminar com um cachorro lutando contra a raiva ou algo mais poderoso ainda.


Bem, pode parecer confuso, mas o espírito de Frank Dodd passa a atormentar Tad Trenton, um garotinho, filho de Vic e Donna. A princípio, essa perturbação a Tad é apenas “pretexto” para a construção da narrativa que se dará ao longo do livro. E no que
Cujo se destaca: na construção dos seus personagens.


Essa é uma premissa das obras de King, para falar a verdade. Não me recordo de uma obra em que não há essa elaboração dos personagens, para sentir a obra é preciso conhecer bem seus personagens, entender suas dores, alegrias, frustrações, desejos e medos, pois só assim, o terror de King te pegará de jeito.


Em
Cujo, o destaque vai para a personificação do próprio cachorro Cujo, você lê por umas 200 páginas o conflito de um simples cão contra uma força maligna que se alojou em sua cabeça. E sabe o que é o melhor? King fugiu dos padrões e não entrega um final feliz como se espera. O livro é muito agoniante, se você parar pra pensar que o conflito principal ocorre em lugares reduzidos: a mente de um cachorro e um carro trancado, com Donna e Tad.


Um livro que você vai querer ler o mais rápido possível para acabar com a agonia e sensação sufocante da obra.

5- Misery

Se você é como eu que “ama odiar” os vilões, Misery tem ninguém menos que  Annie Wilkes, uma das piores vilãs de Stephen King, com certeza. Passei a leitura toda torcendo pelo fim de Annie, porque não era possível uma pessoa ser tão louca quanto ela, que ser desprezível.


Misery foi publicado em 1987 e conta uma história que poderia ser bem simples: Annie Wilkes é uma enfermeira (aposentada ou afastada?) que “socorre” Paul Sheldon, seu escritor favorito, após um acidente de carro. Porém, tratando-se de King, a história tem uma reviravolta das mais loucas.


Paul Sheldon criou sua fama com uma série de livros sobre Misery Chastain, sua personagem mais famosa e a queridinha de Annie Wilkes. Porém, na época do acidente, Paul tinha acabado de ‘matar’ sua personagem. Annie, em posse literalmente do autor, o mantém em cativeiro até que ele reescreva a história e traga Misery de volta.


E a história é muito envolvente porque o humor e a lucidez de Annie se alteram numa velocidade que você se surpreende. Há momentos do livro que você para e “não é possível que eu li isso mesmo! Ela não fez isso, fez?”


Para você ter ideia, a adaptação do livro para o cinema, Louca Obsessão, é bem mais comedido que o livro, alguns dos momentos mais tensos de loucura de Annie não foram para as telonas e, mesmo assim, Kathy Bates; a Annie Wilkes no cinema, ganhou o Oscar pela atuação.


O livro é fantástico e ainda destaco uma curiosidade: quando Paul é obrigado a reescrever a história de Misery e criar um novo livro, ele o redigi em uma máquina que faltava a letra ‘n’, fazendo com que o autor preenchesse os espaços vazios à mão. Na edição do livro, ao menos na edição da Suma, as letras são diferenciadas, como se fosse um livro dentro do próprio livro.

6- O Cemitério

Cemitério, de 1983, é com certeza um dos livros mais sombrios de King. Talvez, nas próximas edições, as editoras poderiam adotar o título do cinema: Cemitério Maldito. Porque temos aqui, uma narrativa sombria, com caracterizações dos personagens bem ao estilo Stephen King.


A história de um cemitério indígena com poderes de ressuscitar animais de estimação, obviamente, não acaba bem quando as pessoas acham uma boa ideia enterrar seus filhos neste cemitério, parece óbvio, não é mesmo? Pois essa certeza acaba desconstruída por King e sua melhor maneira de construir personagens e seus psicológicos.


E eu digo isso porque o próprio Stephen King diz ter se ‘arrependido’ de ter escrito
Cemitério, exatamente por ser sombrio demais. A história é a de Louis Creed, um jovem médico, que acredita ter encontrado a paz que a família (a esposa e dois filhos, além do famoso gato) tanto merecia, em uma pequena cidade do Maine. Porém, nem tudo são flores.


O principal conflito da obra é como as pessoas lidam com a morte. E essa luta é tão particular que a gente não consegue nem mesmo impor nossa ideia, pois você tem a sua convicção sobre a morte e o que acontece depois, mas ao ler
Cemitério você se torna quase que um cúmplice das atitudes de Louis, atitudes essas que vão desencadear outras tragédias.


Imagine você mergulhar na mente de uma pessoa que está lidando com o luto, tente compreender o que se passa e julgar assim mesmo suas atitudes. O terror psicológico de Stephen King está afiadíssimo em
Cemitério. Essa é uma das obras para você ler e ficar se remoendo por dias e dormindo com a luz acesa!

7- Carrie

Carrie foi o primeiro livro de Stephen King e, graças à sua esposa Tabitha King, fomos agraciados com a obra. Para quem ainda não sabe a história, King não estava gostando do que vinha escrevendo e simplesmente jogou no lixo tudo que já tinha produzido. Tabitha leu o que Stephen jogou fora e o obrigou a continuar, sim, com o livro.


Pois bem, Carrie foi lançada lá nos idos de 1974 e a primeira - e mais famosa - adaptação cinematográfica em 1976, dirigida por Brian De Palma e no elenco Sissy Spacek e John Travolta.


O livro tem uma narrativa bem diferente dos clássicos que vieram a seguir e consagraram King. O terror continua na esfera psicológica, porém sem aquela construção de personagens tão densa, característica de Stephen King. Digamos que o livro Carrie é mais direto ao ponto. O clímax é do início ao fim, em todo momento há uma certa tensão do que viria a seguir, porque as coisas simplesmente aconteciam uma atrás da outra.


A história é uma das mais populares, Carrie White é uma garota com poderes telecinéticos, mas sem ter um pleno conhecimento do que são e como lidar com eles. A sua mãe, Margaret White, é para mim uma das piores vilãs de Stephen King, porque ela usa da sua fé para abusar da garota. Ela é daquelas personagens carolas que vivem presas aos séculos passados, usando a bíblia a ferro e fogo.


Carrie sofre com os abusos não só em casa, mas na escola ela é vítima de bullying ao extremo e, como com certeza você já sabe, o ápice é o baile da escola. A forma como King narra os fatos, como Carrie se vinga de toda a cidade e, principalmente, dos alunos da sua escola é algo eletrizante. Fiquei tão preso à história que terminei a leitura do livro em um único dia.


Carrie ganhou, além da versão de 76, mais algumas adaptações cinematográficas. Em 1999, foi lançada uma sequência do filme original; A Maldição de Carrie. Em 2002, uma nova versão, que seria uma minissérie, mas tornou-se um filme. E, em 2013, a adaptação cinematográfica de Kimberly Peirce trazia Julianne Moore no papel de Margaret White.

8- It

Um dos maiores calhamaços de Stephen King também virou filme e não foi uma única vez, podemos dizer que It ganhou as telas do cinema por 3 vezes. Publicado em 1986, a sua primeira versão cinematográfica foi ao ar, no ano de 1991, porém não no cinema, mas sim diretamente para a TV. Então, digamos que adaptações realmente cinematográficas são apenas duas.


Em 1991, Tommy Lee Wallace lançou a sua versão de It, com mais de 3 horas de filme e com Tim Curry no papel de Pennywise, um dos palhaços mais famosos da literatura e do cinema.


Como resumir mais de mil páginas em poucas palavras? E como explicar que um calhamaço desses, do Mestre do Terror também é uma história sobre amizade? 


Bem resumidamente, It conta a história de sete crianças atormentadas por uma entidade maligna, alienígena que se alimenta (literalmente) de crianças e as assombra tomando forma das coisas que assustam essas crianças. Essa criatura utiliza o medo como ferramenta para enfraquecer suas vítimas.


E o que torna o livro tão especial é que, em It, Stephen King permitiu-se criar e contar a história de cada um dos personagens que fazem parte da trama, não somente as crianças, mas os jovens que as atormentavam, seus familiares, a cidade etc. É como se você estivesse lendo dezenas de histórias ao mesmo tempo e, por fim, elas se cruzam.


É uma leitura longa e devagar, não adianta ler apressadamente e você nem vai querer, porque as histórias são boas, com uma linguagem simples. Talvez, o único ponto que pode gerar uma certa confusão na leitura é que King navega na linha temporal sem muitos avisos, às vezes você está numa narrativa das crianças e no parágrafo seguinte, está sob a perspectiva dos adultos.


De volta à história, essas sete crianças formam o famoso Clube dos Otários (ou perdedores) e fazem uma promessa de que, se um dia a Coisa voltar à cidade delas, elas irão se reunir para destruir novamente a Coisa.


É muito legal que a mescla da narrativa entre as linhas do tempo gera uma expectativa no leitor, porque você está em um determinado presente e os personagens comentam sobre algo do passado que você ainda não leu. E aí, é pulga atrás da orelha e você fica igual doido para que role o quanto antes um flashback.


São mil páginas para serem degustadas, não devoradas. Se você estiver muito afim de uma leitura prazerosa, abra o seu coração para esse calhamaço. É um dos melhores livros que você irá ler, em momento algum ele fica monótono.


É uma leitura que, quando você acha que tudo caminha para um final, até previsível, King ainda tira uma carta da manga. Essa coisa dele querer fazer com que você entenda o que se passa no psicológico de cada personagem é aplicado até mesmo à Coisa. Sim, se em Cujo você se aventura pela mente de um cachorro com raiva, por que não entender o que sente uma figura alienígena ou um monstro?


A obra é tão densa que a última adaptação de It, na verdade foram duas: uma duologia de filmes dirigida por Andy Muschietti; o filme It foi lançado em setembro de 2017, enquanto It: Capítulo Dois foi lançado em setembro de 2019.


Eu listei apenas 8 livros de Stephen King que viraram filmes porque, da mesma forma e na mesma velocidade que King escreve livros, suas obras são adaptadas para o cinema, televisão e séries. 


Vocês também podem ter dado falta de alguns clássicos ou de filmes mais recentes da Netflix, mas é porque, a princípio, essa lista são de livros que viraram filmes e não contos. Sim, muitas adaptações são baseadas em textos e não em obras completas. É a genialidade de King que permite essas extrapolações interpretativas de suas obras.


Mas quero ouvir você, agora: qual dos filmes baseados em Stephen King é o seu favorito? O seu livro favorito é o mesmo filme? Conte para gente, nos comentários.


Agora, antes de você sair, eu tenho uma dica muito importante!


Você, além de leitor, aventura-se pela escrita? Deseja que seus textos e livros estejam em listas juntos aos King? Conheça o meu canal no YouTube, um espaço para falarmos sobre tudo isso e muito mais. Então, inscreva-se agora e não deixe de ativar as notificações. Só assim poderemos criar um vínculo literário e termos boas conversas. Até.

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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