Juliano Loureiro • mar. 16, 2021

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Particularmente a ficção científica me encanta, seja na literatura ou no cinema. Imaginar como será o futuro, seja ele distópico, destruído, ou dominado pela tecnologia onde conversamos com robôs. A ficção atiça a nossa curiosidade, nos faz refletir sobre a vida e até nos faz aprender um pouco sobre física.


Dois sub-gêneros da ficção científica, cyberpunk e steampunk, possuam características únicas mas que muitas vezes são confundidas. Hoje, falaremos sobre as características desses dois sub-gêneros e algumas obras que os exemplificam.


Vamos lá?! Boa leitura!

Ficção científica: o gênero de origem

ficção científica pode ser compreendida como uma narrativa inventada, com respaldo científico para aquilo que possamos achar fantasioso. Toda extrapolação e invenção na narrativa, por mais que ela não exista, há uma possibilidade científica de que possa se tornar realidade ou que está cientificamente explicada na obra. Um bom exemplo disso é no livro Flashforward, do autor Robert J. Sawyer, que a todo momento cita embasamentos científicos e possibilidades "reais" para o conflito entre espaço-tempo na narrativa.


A ciência contida nos livros de ficção científica pode ser, digamos, especulativa. Com base no presente, o autor pode “prever” e descrever os avanços tecnológicos para justificar suas ficções, no futuro. É confuso? Um pouco, mas quando eu falar da popularização do gênero, você vai compreender esse último aspecto.


A ficção científica, vale ressaltar, na verdade nasceu como um subgênero dos romances de Aventura, Mistério, Drama e Horror. E não devemos nos prender a um cenário narrativo científico. Por vezes, a ciência é só pano de fundo para uma história policial, um drama, ou qualquer outro estilo literário.

O que é cyberpunk?

A grosso modo, a palavra cyberpunk é a junção de cyber (cibernética) + punk, movimento cultural underground da década de 80. Na literatura cyberpunk temos um universo com alta tecnologia mas em um universo caótico, distópico, com conflitos sociais graves. Cidades hiper populosas, com pobreza extrema, e dominadas por grandes corporações também são recorrentes neste sub-gênero literário. Ah, não podemos nos esquecer dos androides, implantes biônicos e o constante questionamento sobre os limites dos direitos e poderes das máquinas.

Exemplos de obras cyberpunk

O movimento cyberpunk surgiu na década de 80 e não tem um marco exato, apesar de Neuromancer levar este pioneirismo. Neste período, tivemos a crescente popularidade do movimento punk, marcado por música e cultura característica, roupas extravagantes e a constante vontade de quebrar regras.


Um bom exemplo é Akira (1988), animação japonesa que se passa em New Tokyo no ano de 2019, após uma grande destruição no ano de 1988. O protagonista, Kaneda, faz parte de uma gangue de motos, provoca arruaças por toda a cidade e se veste de forma extravagante. Aliado a isso, temos uma cidade cidade futurista, moderna, tecnológica, mas destruída.

Neuromancer (Wiliam Gibson)

capa-neuromancer

Neuromancer, lançado em 1984, é considerada a principal obra do gênero cyberpunk. Venceu todos os principais prêmios da ficção científica e, anos mais tarde, por conta desta obra de William Gibson que o termo "cyberpunk" foi criado. O que livro também introduziu novos conceitos para a época, como inteligências artificiais avançadas, uma rede de Matrix e um cyberespaço quase que “físico”.


A trama conta a história de Case, um ex-hacker (ou cowboy, como são chamados) que foi impossibilitado de exercer sua "profissão" graças a um erro que cometeu ao tentar roubar seus patrões. Eles então envenenaram Case com uma micotoxina, que danificou seu sistema neural e o impossibilitou de se conectar à Matrix. Antes deixaram uma quantia de dinheiro com ele, pois "iria precisar dele".


Case então procura as clínicas clandestinas de medicina de Chiba City, onde gasta todo seu dinheiro com exames, sem conseguir encontrar uma cura. Drogado, sem dinheiro, desempregado - é nessa condição que Molly o encontra e a trama se inicia, com uma cura para os danos de Case à vista.


Com o passar da leitura, diversos personagens interessantes são introduzidos na trama (Molly, Armitage, Wintermute) e vai se descobrindo o passado obscuro de cada um deles no desenrolar da história, que possui um final surpreendente.

Blade Runner (Philip K. Dick)

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Livro de maior sucesso do autor estadunidense Philip K. Dick, Blade Runner foi originalmente publicado como "Androides Sonham com Ovelhas Elétricas?", mas passou a ser chamado de Blade Runner por conta do sucesso do filme Blade Runner: o Caçador de Androides, 1982, do diretor Ridley Scott.


Nessa história,  a Terra foi devastada por uma guerra atômica e grande parte da população sobrevivente emigrou para os mundos-colônias, fugindo da poeira radioativa que extinguiu inúmeras espécies de animais e de plantas. Ter um animal "de verdade" se torna artigo de luxo e obsessão dos humanos. Para a maioria que não pode pagar por um espécime autêntico, empresas começam a desenvolver réplicas eletrônicas e incrivelmente realistas de pássaros, gatos, ovelhas... e até mesmo de seres humanos.

Rick Deckard é um caçador de recompensas.
 Seu trabalho: eliminar androides que vivem ilegalmente na Terra. Seu sonho de consumo: substituir sua ovelha de estimação elétrica por um animal de verdade. A grande chance aparece ao ser designado para perseguir seis androides fugitivos de Marte. É quando Rick percebe que a linha que separa humanos e androides não é tão nítida como acreditava.

O que é steampunk?

O termo steampunk se originou no final dos anos 1980 como uma variante de cyberpunk. As características dos dois eram basicamente iguais, com alta tecnologia embarcada, mas aqui temos histórias ambientadas no passado.


No steampunk, os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na nossa história real, mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época - como, por exemplo, computadores de madeira e aviões movidos a vapor. Grandes máquinas, que por ventura são vilões e antagonistas, também são comuns neste subgênero literário.

Exemplos de obras steampunk

Nos exemplos abaixo, as obras mostram uma realidade espaço-temporal na qual a tecnologia mecânica a vapor teria evoluído até níveis impossíveis (ou pelo menos improváveis), com automóveis, aviões e até mesmo robôs movidos a vapor já naquela época.


Um bom exemplo recente de obra steampunk é o game The Order: 1886, de Playstation 4, lançado em 2015. No game, a história é voltada para o grupo A Ordem, uma força de indivíduos dedicados, fundada há séculos pelo Rei Artur para confrontar criaturas hostis. A ação decorre em 1886 numa realidade alternativa, em que Sir Galahad é um dos mais respeitados cavaleiros da Ordem. Sir Galahad e três dos seus mais leais parceiros, irão precisar de toda a ajuda para lutar contra os rebeldes e outras ameaças que espreitam Londres neo-vitoriana.

A Máquina Diferencial (Bruce Sterling e Wiliam Gibson)

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A Máquina Diferencial é considerado um marco da literatura steampunk. Envolvendo controversos personagens históricos e ficcionais, William Gibson e Bruce Sterling tecem uma trama repleta de intrigas políticas, romance e ação. No romance os autores conferem um colorido especial a uma Londres oitocentista cientificamente avançada, onde os computadores (“Máquinas”) são capazes de impulsionar mudanças e reinar soberanos sobre os homens.


A obra leva ao leitor uma versão alternativa da Inglaterra vitoriana. Pelas ruas da capital, cartolas e crinolinas misturam-se a cinétropos, gurneys e cabriolés. O trem metropolitano e o sistema de esgotos revolucionam a rede urbana. Tudo graças às conquistas científicas alcançadas pela Máquina: no auge da Revolução Industrial, os avanços promovidos pela tecnologia a vapor anunciam a era da informática, só que com um século de antecedência.


Mas Londres também é uma cidade em convulsão. O alvoroço causado pela turba desordeira assusta a população, especialmente as classes mais abastadas, que fogem para o interior. Além disso, uma conspiração mais sofisticada – porém não menos perigosa – parece ameaçar a segurança e a estabilidade de todo o país.


Enquanto isso, uma misteriosa caixa com cartões perfurados é objeto de cobiça e disputa, pois guarda um segredo estratégico, ligado a interesses nebulosos. Acidentalmente ou não, ela cai nas mãos de diferentes personagens, mudando suas vidas: Sybil Gerard, ex-amante de um político influente e filha de um insurreto executado; Ada Byron, filha de Lorde Byron, então primeiro-ministro da Inglaterra; e Edward Mallory, um respeitado cientista, descobridor do famoso Leviatã Terrestre.

Máquinas mortais (Philip Reeve)

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"Era uma tarde escura de primavera, com ventos fortes, e a cidade de Londres estava perseguindo uma pequena cidade de mineração através do leito seco do velho Mar do Norte."


Com essas palavras, inicia-se a aventura de Tom e Hester em busca de Londres, através de uma terra devastada em que as cidade precisam, ficar em movimento constante para subsistir. Porém, sobreviver às metrópoles sobre rodas não será o maior desafio deles, pois ainda existem armas dos tempos da Guerra dos Sessenta Minutos que, se libertadas, poderão ser ainda mais mortíferas.


Chegamos ao fim do nosso texto. Agora, é possível entender todas as diferenças entre cyberpunk e steampunk, não é mesmo? Você é fã destes sub-gêneros da ficção científica? Me conte aqui nos comentários e até o próximo texto!

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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