Juliano Loureiro • jan. 28, 2021

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A distopia e seu universo pós-apocalíptico pode não ser das “leituras mais fáceis”, afinal, querendo ou não exige uma ginástica cerebral para imaginarmos tais cenários catastróficos, novas cidades, estados, países e até mundos controlados por governantes tiranos e autoritários.


Todo esse jogo imaginativo pode afastar aqueles que não estão acostumados a uma leitura por vezes mais densas ou que não curtam uma leitura um tanto quanto afastada da sua realidade. É nessas horas que os filmes podem ser um fator para virar a chave desses leitores desinteressados pela distopia.


A gente tem como hábito enxergar as adaptações cinematográficas sempre como uma homenagem a uma grande obra literária. Mas funcionam também como facilitadoras, ou simplificando, são cupidos entre leitores e livros distópicos.


A compreensão visual, o entendimento de um filme é muito mais fácil do que a compreensão da leitura, uma vez que na tela, o diretor já fez a leitura para o espectador. Então, assim como tem gente que acha que o cinema limita a interpretação, ele também funciona como insight interpretativo.


Não vou me alongar mais nessa introdução, porque, com certeza, cairia no eterno embate “
qual é melhor? Livro ou filme?”. Nesse post, não quero comparar as artes, mas apenas listar grandes filmes inspirados em grandes obras!


Ainda não achou uma distopia para chamar de sua? Confira essa lista com filmes e quem sabe você já não sai com uma listinha de livros para serem lidos?! Boa leitura!

1 - Jogos Vorazes (2012), de Francis Lawrence e Gary Ross

Já que mencionei o fator facilitador da história dos filmes, quero começar a lista com um filme que, com certeza, muitos vão torcer o nariz e “ah! Filme de criança, de sessão da tarde!”. Bem, é verdade que Jogos Vorazes não possui uma história densa ou complexa, mas ainda é uma distopia.


Quis trazer
Jogos Vorazes e toda sua série de quatro filmes exatamente por ser uma obra com o foco num público mais jovem - o livro, inclusive é uma das principais obras Young Adult distópica -. Tanto os filmes como os livros são excelentes materiais para uma introdução à distopia e percepção dos elementos característicos. Se quiser saber mais sobre o livro, eu já o indiquei, no post: 5 livros Young Adult com a realidade distópica.


Nas telonas, a protagonista Katniss Everdeen foi interpretada por Jennifer Lawrence. Everdeen é moradora de um dos distritos mais pobres de Panem e, anualmente, os jovens desses distritos miseráveis são postos em um duelo mortal - Jogos Vorazes -, enquanto a elite assiste a tudo pela TV.


E, por falar em assistir, que tal conferir o trailer de Jogos Vorazes?!

2 - Blade Runner - O Caçador de Andróides (1982), de Ridley Scott

Já ouviu o dito popular do “aluno que supera seu mestre”? Ridley Scott foi capaz de dar uma nova vida à obra de Philip K. Dick, alterando inclusive seu nome. O livro que deu origem a um dos maiores clássicos do cinema de ficção científica é originalmente intitulado Androides Sonham com Ovelhas Elétricas, mas o filme teve uma repercussão tão avassaladora que, hoje, você compra o livro pelo nome que foi levado ao cinema.


Blade Runner é o nome de uma força especial da polícia que, no futuro retratado no filme, é responsável por vigiar robôs inteligentes que tenham se rebelado em seus planetas de origem e fugido para a Terra. 


Bem, vale dizer que o futuro de
Blade Runner é em 2019, a Terra está totalmente destruída e há planetas colônias, habitados por robôs construídos para serem mais fortes e inteligentes do que os homens. Tais robôs são os replicantes e, quando fogem de suas colônias para a Terra, são sentenciados à pena de morte, quase sempre pelas mãos dos Blades Runners.


O barato do filme é o questionamento de Rick Deckard (Harrison Ford) a respeito da vida e das relações entre homens e replicantes. Se você ainda não leu o livro ou viu o filme, não faz ideia do que está perdendo.

3 - Laranja Mecânica (1971), de Stanley Kubrick

Outro caso em que a sétima arte parece ter roubado o brilhantismo da obra literária. O polêmico filme sobre Alex e sua turma de drugues é uma leitura quase fiel ao livro de Anthony Burgess.


O roteiro cinematográfico segue à risca 99% do livro. Uma Londres distópica, em um futuro não determinado, assiste ao crescimento da violência praticada por jovens, sem nenhum motivo aparente. Alex e sua gangue vão além, praticam o que eles chamam de ultraviolencia, destruindo patrimônios, matando e estuprando por puro prazer de ver as coisas fora de controle.


A violência da obra não está apenas no vandalismo de Alex, mas também na forma de tratamento para esses jovens. Alex torna-se uma cobaia de um experimento do governo para controlar mentes agressivas. E o que vemos é uma das cenas mais marcantes do cinema e da ficção científica. Kubrick só errou ao escolher a versão americana do livro para adaptar a obra, com isso, o final do livro é diferente do que vemos na telona.

4 - Battle Royale (2000), de Kinji Fukasaku

Battle Royale, enquanto obra literária, “concorreu” com Jogos Vorazes numa disputa entre os fãs, na internet, sobre plágio. Teria Suzanne Collins copiado a obra de Koushun Takami?


No conteúdo sobre livros
Young Adult eu falo mais sobre o embate literário, mas teria tais boatos interferido na sétima arte? Não preciso fazer pesquisa e estudo para “adivinhar” qual das obras é a mais conhecida. Jogos Vorazes foi um verdadeiro sucesso de bilheteria, afinal, não é nem justo comparar a influência americana com a japonesa nas salas de cinema pelo mundo, não é mesmo?


Mas assim como os livros, os japoneses saíram na frente e tiveram 12 anos de vantagem para
Jogos Vorazes. A película de Kinji Fukasaku é considerada uma das mais violentas do gênero distópico e teve uma sequência em 2003: Battle Royale II: Requiem.


A história levada à tela é a mesma do livro: jovens de um colégio são levados a uma ilha e com um único kit sobrevivência, com água, pouca comida e uma arma, terão 3 dias para sair da ilha. Para isso, é preciso matar ou morrer, apenas 1 deles sairá de lá com vida.


A adaptação cinematográfica foi aclamada por muitos críticos - apesar da violência - e, Quentin Tarantino a considera o melhor filme que já assistiu.
Inclusive, teria Battle Royale inspirado Kill Bill? Há quem diga.


Curiosidades:
houve a possibilidade de uma adaptação americana de Battle Royale, porém sem acordo com estúdios americanos e após um massacre em uma escola na Virgínia, em 2007, a ideia foi descartada. Levantaram a hipótese de um remake, mas a inevitável comparação com Jogos Vorazes, mesmo esse sendo mais novo, acabou esfriando os planos. 


Tem estômago para assistir?

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5. Fahrenheit 451 (1966), de François Truffaut

Um dos principais filmes sobre uma das principais obras literárias distópicas. O diretor francês François Truffaut adaptou o livro de Ray Bradbury e conseguiu a mesma relevância, livro e filme se completam, sendo objetos de estudos nas mais diversas faculdades, principalmente na comunicação.


Em um futuro não tão distante, sob o domínio de um governo totalitário, os bombeiros atuam não combatendo incêndios, mas literalmente colocando fogo em tudo que ameaça o governo. E os principais alvos são os livros e quaisquer materiais impressos, pois a literatura seria a principal fonte de qualquer infelicidade dos cidadãos. Porém, há quem prefira morrer queimado junto a sua biblioteca do que perder seus livros.


Fahrenheit também entra no hall de filmes que ofuscaram suas obras originais, mas aí, cabe a você definir qual é melhor.

6. Metropolis (1927), de Fritz Lang

Um dos filmes mais influentes de todos os tempos, expandindo sua influência para a cultura pop mundial, não é errado afirmar que a obra de Fritz ofuscou o livro de The Von Harbou. Você pode até não ter visto o filme, mas com certeza já viu referências em artistas como Lady Gaga e Sepultura, além de trechos do filme, no aclamado clipe do Queen para Radio Ga Ga.


Apesar do reconhecimento atual, na sua época de lançamento, o filme foi visto como controverso, o que transformou sua bilheteria em um imenso fracasso. A história, bem resumidamente, mostra Metropolis dividida entre a superfície, onde vivem os ricos e governantes e a Cidade dos Trabalhadores.


Além da exploração dos trabalhadores, há a iminência da substituição da mão de obra humana por robôs tão perfeitos que seria impossível diferenciar trabalhador de máquina. O ponto clichê da história é o romance entre moradores dos lados opostos e a trama se desenrola à medida que a “superfície descobre” as barbaridades na Cidade dos Trabalhadores e surge o conflito interno de conviver com tudo isso ou rebelar-se.

Considerações finais

Com essas dicas, já dá para começar uma aventura pelo universo distópico. Então, se você é dos que acham a leitura complicada, faça o caminho inverso e assista aos filmes primeiro. E aí, gostando, passe para o livro, com certeza, sua experiência será melhor e mais completa!


Agora, você já viu algum desses filmes? O que achou?
Vale a pena perguntar: qual é melhor, livro ou filme? Deixe para gente seu comentário!


E já que estamos falando sobre distopias, antes de ir quero fazer um convite para você conhecer a minha distopia. Por enquanto, ela ainda não está nos cinemas ou serviços de streaming, mas quem sabe no futuro?


Lucas: a esperança do último é um romance distópico que estou produzindo através de um projeto de financiamento coletivo. Para que você conheça um pouco sobre a história de um futuro sombrio, onde apenas 2% da população está viva, disponibilizei os três primeiros capítulos para leitura!


Baixe, agora os primeiros capítulos e conheça Lucas!

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. Link abaixo:

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