Cada vez mais procuro autores nacional que escrevem ficção científica. Primeiro por ver a necessidade de valorização do cenário nacional de livros e também por entender que é possível aprender bastante com meus conterrâneos.
E nesta jornada de encontros e descobertas, conheci Alexandre e Felipe Nobre, pai e filho, escritores que me apresentaram "Liga da Tempestade", um livro que logo de cara chama a atenção pela bela capa. Curiosamente, meu romance distópico "Lucas: a Esperança do Último", também mostra na capa o protagonista de costas contemplando o seu mundo. Este foi o meu primeiro impacto positivo com a obra.
Neste texto, falarei mais sobre os autores e, claro, sobre o livro.
Se você é um adorador do gênero, me acompanhe nas próximas linhas.
Quem são Alexandre e Felipe Nobre?
Alexandre Nobre é natural de Fortaleza e mora há 30 anos em Brasília. Formado em economia com pós-graduação em gestão governamental, trabalha há mais de 30 anos com textos técnicos e políticos. Tem como ídolos literários grandes nomes do passado, como
Arthur C. Clarke,
Isaac Asimov,
J.R.R. Tolkien, e ícones modernos como
Brandon Sanderson,
George Martin e
J.K. Rowling, passando por nomes nem tão conhecidos mas igualmente geniais, como
Poul Anderson.
Felipe Nobre, também natural de Fortaleza, mora em Brasília desde criança, onde atua sobretudo como escritor, com dois livros publicados em 2019 e 2020. Além de "Liga da Tempestade", Felipe também escreveu em parceria com o seu pai "Nimda", publicado em 2019 e "Nimda 2", publicado em 2020.
Sinopse de
Liga da Tempestade
Vacilei parado, torcendo para não ser atingido pelos detritos daquele desastre. Alguma entidade governante do universo resolveu fazer justamente o contrário. Nunca tive prestígio mesmo com as autoridades. Um raio projetou-se na minha direção. Não deu tempo de escapulir. Sequer deu tempo de piscar. Às vezes, o medo dá poderes sobrenaturais às pessoas, mas fugir de uma bagaça que viaja na velocidade da luz é impossível, não importa a emoção predominante.”
Mark foi arremessado em um universo paralelo, num mundo sem sol, onde a sociedade não é apenas diferente, mas também contrária a tudo em que ele acredita. Enquanto procura um caminho de volta, afunda em problemas cada vez maiores. Avesso à violência e sem ter para onde correr, ele se vê diante da escolha entre lutar ou fugir. Descobre que existem outras opções.
Como se desenvolve a narrativa
O livro começa de forma leve, agradável, retratando um dia comum do protagonista Mark. Ele é um jovem sonhador, que entre um bico ou outro feito para ricaços frequentadores do Sailing Club, ele pensa como será o seu futuro. Ele é de família simples.
Mark muito lembra a realidade de milhões de brasileiros.
Em um determinado momento, Mark é abordado com um desses ricaços, Sr. Bevan, que oferece um bico para pilotar o seu barco para uma tarde de pescaria. Durante esse momento de solidão a dois,
Sr. Bevan começa a dar lições de vida e moral para Mark, o suficiente para "abrir a sua cabeça" sobre como é ganhar dinheiro. Foi então que tudo mudou.
O começo lento, porém agradável da história perdura nos primeiros capítulos, é o suficiente para criar uma boa ambientação e preparar o leitor para momentos de adrenalina e apreensão.
Cheio de si, após o passeio de barco com o Sr. Bevan,
Mark decidiu que investiria em um táxi, para conseguir gerar uma boa renda. Então, vai de encontro ao seu melhor amigo, Adam, para contar uma novidade. Adam propõe sociedade entre eles, proposta que foi aceita. Os dois amigos compram um taxi e logo no início de sua jornada, algo inesperado ocorre com Mark.
A partir daqui não darei muitas explicações da história, sei o quanto é frustrante pegar "spoilers" de uma história.
A trama, que pouco havia mostrados seus elementos de ficção científica, agora expande e muito a nossa capacidade imaginativa.
A imaginação, por sinal, é trabalhada de forma intensa no livro. Alexandre e Felipe Nobre são bastante detalhistas, que me fez lembrar o hiper realismo de "A Metamorfose", de
Franz Kafka. É bem verdade que uma boa ficção científica possui uma riqueza na ambientação e construção de personagens, porém, em "Liga da Tempestade", os autores vão além, o que me chamou positivamente a atenção.
E quando menos se espera,
Mark e Adam se encontram em uma nova realidade, em um novo mundo, desesperados e confusos. Para piorar, não é possível enxergar nada. Não há luz. Como sobreviver nessas condições?
A história desmistifica que toda vida extra terrestre inteligente tem como objetivo aniquilar a raça humana. Por que nós humanos e demais seres inteligentes, artificiais ou não, não podem se unir para um bem comum?
Enquanto procura um caminho de volta, Mark afunda em problemas cada vez maiores. Avesso à violência e sem ter para onde correr, ele se vê diante da escolha entre lutar ou fugir. Descobre ele percebe que existem outras opções.
Para quem é
Liga da Tempestade?
O ambiente da história é futurístico - visto logo no início da narrativa, onde a maioria dos carros são guiados de forma autônoma -, que pode ser atrativo para o
público geek e os apreciadores de ficção científica. Mas o livro tem potencial para alcançar outros públicos, já que também envolve humor, ação, mistério, política e algum conteúdo histórico.
Apesar de passar para o leitor a mensagem de como se adaptar em um mundo hostil em que as condições são contrárias a tudo aquilo que se deseja, essa pluralidade de temas abordados ainda permite que cada leitor tenha a sua própria reflexão sobre a moral e os valores apresentados na obra.
Onde encontrar a
Liga da Tempestade?
Considerações finais
"Liga da Tempestade" é uma ficção científica que surpreende e agrada os amantes do gênero. O universo criado pelos autores, apesar das inspirações nos clássicos autores de ficção científica, é único e encantadora.
A recomendação é positiva e certamente vale a pena ler.
