Um dos principais debates da bolha literária é sobre
abandonar ou não uma leitura. Escolhi o termo debate, mas não acho que seria inapropriado dizer que é uma polêmica, porque há quem defenda com unhas e dentes que é “proibido” abandonar um livro e há quem larga a leitura sem cerimônia.
Claro que o extremismo foi só para colocar lenha na fogueira e te preparar para a leitura deste artigo. Como você já percebeu pelo título, aqui somos do time que está tudo bem você abandonar um livro.
Como já disse tantas vezes,
a leitura é algo tão particular que não podemos ser taxativos, os motivos que seguem abaixo são nossas opiniões e, claro, pode fazer sentido ou não para você.
Então, sem mais delongas, saiba por quais motivos você deve parar de ler um livro.
Quando o livro está fora da sua zona de conforto
Atenção! Antes que me atire pedras dizendo que estou dizendo que você deva ler apenas um gênero ou estilo literário, não é bem isso.
Às vezes,
buscamos algo diferente daquilo que lemos sempre e essa escolha, a princípio, pode não funcionar. E aí digo:
pare, deixe o livro de lado e volte em outro momento.
É muito louvável experimentar novas leituras e eu endosso a torcida para que você leia de tudo um pouco. Mas caso você comece um livro e o gênero não está te agradando, não force a barra. Escolha outro livro desse novo gênero ou vá ler outra coisa.
Ler só por ler nunca é prazeroso, e ao fazer isso, você pode acabar “queimando” um gênero inteiro só por conta de um livro.
Não deu “match”
A falta de conexão entre livro e leitor pode ser por todos os motivos citados neste artigo, mas tem aquele momento em que você está com seu gênero preferido, o livro do seu autor favorito e, simplesmente,
a leitura não engata.
Esse motivo da falta de conexão é aquele momento em que você simplesmente não sabe explicar porque a leitura não flui. Às vezes, insistir pode até valer a pena, mas em outros momentos o melhor mesmo é deixar de lado o livro.
Personagens insossos
Em muitas leituras somos guiados pelas perspectivas dos personagens e não há nada pior do que um péssimo contador de história. Imagine uma história com enredo cativante, premissas interessantíssimas, mas…
o personagem é aquilo que chamamos de água de batata.
Acompanhar toda uma história com um protagonista que não se destaca, que está ali apenas “compondo elenco” é realmente complicado. A gente entende que tem que existir um equilíbrio entre protagonistas e antagonistas, personagens “problemáticos” podem ser a chave do sucesso de uma história, mas um personagem com “peso morto” ninguém merece.
Há uma diferença grande entre personagens chatos e os sem graça. Inclusive, em algumas leituras o “não gostar” de determinado personagem é o que nos mantém na leitura, porque a gente lê esperando o pior para ele. Tô errado?
Capítulos longos ou ausência deles
Tem gente metódica com a leitura, gosta de manter uma rotina literária, digamos assim. Lê tantas páginas por dia ou se compromete a ler x capítulos por dia. O “problema” que isso pode gerar é ficar mal acostumada.
Quando o leitor acostumado a ler 2, 3 capítulos por dia, se depara com uma obra que possui capítulos muito extensos, isso pode causar um estranhamento, até mesmo repulsa.
Hoje em dia, com os
leitores digitais, a gente consegue ter uma previsão do tempo de leitura de cada capítulo e do e-book inteiro.
E com isso, fica mais fácil a gente criar uma regra de leitura “vou ler 2 capítulos antes de dormir ou 30 minutos”. Mas, da mesma forma, pode vir a repulsa ao lermos “tempo restante do capítulo 40 minutos”.
Obviamente, esse motivo não deveria ser relevante, porque afinal de contas, se você quer ler um livro, uma hora ou outra você terá que dedicar aqueles 40 minutos para um único capítulo.
Mas também compreendo que isso vai conforme a rotina de leitura de cada leitor. Ao que tudo indica, a divisão de capítulos dos livros é muito mais que uma simples marcação da narrativa.
Histórias monótonas ou conceitos que não se sustentam
Bem, talvez um dos - se não o - principais motivos para alguém largar um livro é o tédio e a monotonia. Pode ser o autor que for, se a história não se desenvolve ou não apresenta ideias, fatos interessantes ou intrigantes, não há porque dar sequência à leitura.
Há também o caso de
gêneros literários onde o autor tem a liberdade para criar conceitos, mundos, dar novos significados ao que já existe, enfim, propor algo novo.
Porém, quando não há sustentação, a história pode virar uma verdadeira bagunça.
Imagine você ler uma história sendo apresentado a um novo conceito, no meio da leitura você percebe que o próprio autor se contradiz e se desfaz de tudo que ele construiu, ou ao menos tentou.
Quando o livro é ruim mesmo
É claro que você já se deparou com algo que imediatamente não curtiu e cravou “isso é muito ruim”. E com livros não é diferente.
Não há problema nenhum em você achar um livro ruim, é a sua percepção, o seu ponto de vista, o seu gosto literário.
Na bolha de leitores há muito julgamento com quem abandona um livro e, sinceramente, não sei de onde a galera tirou que não terminar uma leitura nos torna mau leitores.
Citei uns 5 motivos que podem tornar um livro ruim, digno de abandono. Mas quem diz se a história é chata, se o protagonista é fraco é o leitor, eu não posso - e não devo - determinar qual livro é ruim para você.
Então, se você se deparou com algum dos tópicos que citei, fez uma pausa e voltou ou então não teve a mínima vontade de dar mais uma chance, aceite que aquele livro é ruim para você.
Não é nenhum crime achar um livro do seu autor predileto muito ruim.
Eu citei, ao longo do texto, alguns
motivos que
me fariam largar um livro. É claro que quem fará o julgamento final será você.
Lembre-se que, aqui, estou falando da leitura despretensiosa, aquela que você faz no seu momento de lazer e/ou folga. Deixe a leitura “chata” para quando você não tem opção, para quando a leitura é obrigatória. O que também significa que nem sempre será ruim.
Reforço que aqui defendemos a leitura como um hábito saudável e prazeroso, mas também como um momento particular, onde você dita a relação com o livro.
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