Juliano Loureiro • mar. 21, 2024

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A ficção científica é um portal para universos infinitos, uma janela através da qual exploramos o vasto desconhecido e questionamos o que significa ser humano em meio ao ilimitado cosmos. Este gênero, enraizado tanto na especulação científica quanto na imaginação pura, desafia nossas percepções da realidade e nos empurra para além das fronteiras do possível.


Escrever um livro de ficção científica não é apenas criar uma narrativa; é criar uma complexa cadeia de ideias, personagens e mundos que podem tanto refletir nossa sociedade atual quanto oferecer visões radicais de futuros distantes.


Se você está prestes a embarcar nessa jornada de escrever sua própria epopeia de ficção científica, este guia é o seu ponto de partida. Aqui, exploraremos como imergir no gênero para colher inspiração e as técnicas essenciais para construir um mundo convincente que sirva de palco para suas histórias revolucionárias.


Aprenda conosco sobre ficção científica e boa leitura!

Como escrever um livro de ficção científica?

Parágrafo Novo

1. Imersão no gênero

A primeira etapa na criação de qualquer obra significativa de ficção científica é a imersão completa no gênero. Isso significa ir além de ler os trabalhos icônicos de autores como Arthur C. Clarke, Philip K. Dick, e Ursula K. Le Guin.


Embora compreender os pilares da ficção científica seja crucial, também é essencial explorar obras menos conhecidas e contemporâneas para entender a amplitude e a diversidade do gênero. Isso inclui se aventurar por subgêneros como cyberpunk, space opera, hard sci-fi, e ficção especulativa, cada um oferecendo diferentes perspectivas sobre futuros possíveis e tecnologias imaginárias.


A imersão também envolve participar de comunidades de ficção científica online, assistir palestras e podcasts, e se envolver em discussões sobre as últimas tendências e teorias científicas que poderiam influenciar o futuro. Ao absorver uma vasta gama de influências e ideias, você começará a notar padrões, temas recorrentes e, mais importante, lacunas que sua própria escrita poderia preencher. Esse processo não apenas enriquece sua compreensão do gênero, mas também afia sua voz única como autor.

2. Construção do mundo (worldbuilding)

Após se imergir no gênero, o próximo passo é a construção de mundo, talvez o aspecto mais fascinante e desafiador da escrita de ficção científica. Worldbuilding é o processo de criar o cenário em que sua história se desenrola, mas é muito mais do que apenas desenhar mapas ou decidir se seu mundo tem dois sóis no céu. É sobre criar uma sociedade viva e respiratória, com sua própria história, cultura, conflitos e regras.


Comece definindo as grandes linhas:


  • Onde e quando sua história acontece?
  • Em um futuro distante na Terra, num distante sistema estelar, ou talvez em uma realidade alternativa?
  • Quais são as principais tecnologias e como elas moldam a sociedade?
  • Como a economia, a política e as relações sociais evoluíram em resposta a esses avanços tecnológicos?


Depois, mergulhe nos detalhes que trazem esse mundo à vida. Desenvolva a linguagem, a religião, as tradições e os tabus de suas sociedades. Pense sobre a ecologia de seus mundos: a flora, a fauna e as leis da física que os governam. Cada detalhe contribui para a autenticidade do seu mundo e, por sua vez, para a imersão do leitor.


Um aspecto crucial da construção de mundo é a consistência. Seu mundo precisa ser logicamente coerente e suas regras devem ser aplicadas de maneira consistente ao longo da narrativa. Isso não significa que você não possa surpreender o leitor com revelações e reviravoltas, mas essas surpresas devem se encaixar nas leis do seu universo.


Construir um mundo convincente requer pesquisa e imaginação. Não tenha medo de buscar inspiração na ciência, história, filosofia e nas obras de outros autores de ficção científica.

3. Temas e mensagens

A ficção científica é um terreno fértil para explorar temas complexos e enviar mensagens poderosas. Diferente de muitos outros gêneros, a ficção científica permite que os autores investiguem questões filosóficas, sociais, éticas e tecnológicas em contextos radicalmente diferentes dos nossos. Escolher os temas centrais da sua obra é um passo fundamental para determinar o tom, a direção da história e o desenvolvimento dos personagens.


Considere o que você quer dizer com sua história. Talvez você esteja interessado em explorar as consequências da inteligência artificial na sociedade, refletir sobre a sustentabilidade ambiental em um futuro distópico, ou questionar a natureza da humanidade e identidade em um mundo de avanços biotecnológicos. Seja qual for o tema, ele deve ressoar em todos os aspectos da sua narrativa, desde a construção do mundo até as motivações dos personagens.


Além disso, pense sobre como seus temas se relacionam com questões atuais. A melhor ficção científica é aquela que, embora situada em mundos e épocas distantes, fala diretamente aos leitores de hoje, provocando reflexão sobre nossa própria realidade e possíveis futuros.

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4. Desenvolvimento de personagens

Na ficção científica, os personagens são o coração da história, servindo como ponte entre o leitor e o mundo imaginário que você criou. Eles são os veículos através dos quais os temas e mensagens são explorados e compreendidos. Portanto, desenvolver personagens ricos, multidimensionais e críveis é essencial para envolver o leitor e dar impacto à sua narrativa.


Comece definindo não apenas as características físicas dos seus personagens, mas também suas histórias de vida, suas motivações, medos, sonhos e falhas.


  • Como o mundo em que vivem afeta quem eles são?
  • Como suas personalidades influenciam suas reações aos desafios que enfrentam?


Personagens bem desenvolvidos crescem e mudam ao longo da história, e esta evolução é crucial para criar uma narrativa satisfatória.


Incluir uma diversidade de personagens com diferentes backgrounds e perspectivas pode enriquecer sua história e ampliar seu apelo. A representação de diferentes culturas, gêneros, sexualidades e formas de vida não apenas reflete a complexidade do mundo real, mas também pode oferecer insights únicos sobre os temas que você está explorando.

5. Trama e estrutura

A trama é o esqueleto da sua história, uma sequência de eventos e desenvolvimentos que movem a narrativa para frente. A estrutura é como esses eventos são organizados para construir suspense, desenvolver personagens e temas, e levar a uma conclusão satisfatória. Na ficção científica, a flexibilidade do gênero permite uma ampla variedade de estruturas narrativas, desde linhas do tempo lineares até narrativas não lineares complexas e histórias em histórias.


Uma abordagem comum é a estrutura de três atos, que divide a história em introdução, confronto e resolução. O primeiro ato apresenta os personagens, o mundo e o conflito inicial; o segundo ato aprofunda o conflito e aumenta as apostas; e o terceiro ato traz a resolução do conflito e o clímax da história. No entanto, não tenha medo de experimentar com estruturas alternativas que possam melhor servir à sua história.


Independente da estrutura escolhida, cada cena e capítulo deve servir a um propósito na progressão da narrativa. Isso pode envolver o desenvolvimento de personagens, a exploração de temas, a revelação de informações sobre o mundo ou a movimentação da trama. Mantenha o ritmo ajustando a tensão e o alívio ao longo da história para manter os leitores envolvidos até o final.

6. Pesquisa científica

A essência da ficção científica está em sua habilidade de criar narrativas convincentes que, embora fictícias, são ancoradas em princípios científicos plausíveis ou teóricos. A pesquisa científica desempenha um papel crucial na adição de autenticidade e credibilidade ao seu mundo fictício. Isso não significa que você precise ser um cientista para escrever ficção científica, mas sim que uma compreensão básica das ciências relevantes para a sua história pode enriquecer enormemente sua escrita.


Ao abordar conceitos como viagem espacial, inteligência artificial, modificações genéticas, ou qualquer outro elemento de ficção científica, dedique um tempo para investigar o estado atual da tecnologia e as teorias científicas que poderiam tornar esses conceitos uma realidade. A internet, livros acadêmicos, artigos de revistas científicas, e até conversas com especialistas nas áreas pertinentes podem fornecer insights valiosos que ajudam a fundamentar sua história em uma base de realismo científico.


Lembre-se, porém, de que a ciência em sua história serve à narrativa, e não o contrário. A rigor científico não deve restringir sua criatividade, mas sim fornecer um trampolim para a imaginação. Encontre um equilíbrio entre a precisão e a invenção, permitindo que a ciência inspire a maravilha e a especulação que são o coração da ficção científica.

7. Revisão e feedback

Após a conclusão do seu rascunho, o processo de revisão e obtenção de feedback é essencial para refinar sua obra. A revisão não se trata apenas de corrigir erros gramaticais ou de ortografia, mas também de avaliar a clareza, o fluxo da narrativa, a consistência do mundo construído, e o desenvolvimento dos personagens e temas. Este é o momento de ser crítico e fazer as mudanças necessárias para assegurar que sua história atinja seu potencial máximo.


Além da autorrevisão, buscar feedback de outros é inestimável. Leitores beta, que podem ser amigos, familiares, ou membros de comunidades de escritores, oferecem perspectivas frescas e podem apontar problemas que você pode não ter percebido. Considerar contratar um editor profissional, especialmente um com experiência em ficção científica, pode proporcionar uma análise detalhada e sugestões específicas para melhorar sua obra.


Esteja aberto a críticas e disposto a fazer mudanças com base no feedback recebido. Embora possa ser difícil ouvir críticas sobre seu trabalho, lembre-se de que cada rodada de revisões e feedback o aproxima de uma narrativa mais coesa, envolvente e bem-sucedida.

Considerações finais

Escrever um livro de ficção científica é uma jornada ambiciosa e recompensadora que mescla criatividade, especulação científica e exploração de questões profundas da condição humana. Ao mergulhar no gênero, construir mundos ricos, desenvolver personagens complexos, fundamentar sua história em pesquisa científica, e refinar seu trabalho por meio de revisões e feedback, você pode criar uma obra que não apenas entretenha, mas também inspire e provoque reflexão.


Lembre-se de que, no coração da ficção científica, está a capacidade de imaginar o que ainda não existe e explorar o que significa ser humano em face do vasto e desconhecido universo. Mantenha-se fiel à sua visão, seja receptivo a aprender e crescer como escritor, e não tenha medo de levar seus leitores a jornadas que desafiem suas percepções e expandam seus horizontes.


Ao seguir estas diretrizes, você estará bem equipado para criar uma obra de ficção científica que possa se destacar como uma adição valiosa e emocionante ao gênero. Boa sorte em sua jornada criativa rumo à escrita de uma obra épica de ficção científica.


Nos vemos em breve. Até!

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


Para aprender mais sobre escrita criativa, confira meu canal no Youtube, vídeos diários para você. Link abaixo:

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