Juliano Loureiro • jul. 14, 2022

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O talento vem de berço? Você acredita que grandes escritores e escritoras nasceram já com um dom? Será que a genética é fator influente na capacidade artística de uma pessoa?


Olha, eu não tenho essas respostas, mas tenho alguns exemplos de
famílias influentes na literatura e que esbanjam talento, criatividade, inteligência e domínio da língua de geração em geração.


Para essa conversa, apresento algumas famílias brasileiras. Você tem algum palpite de quem são? E será que
“filho de peixe, peixinho é.”?

Os Veríssimos: Érico e Luis Fernando

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Um dos sobrenomes mais famosos e respeitados da literatura brasileira é da família Veríssimo.


A história começou com Érico Lopes Veríssimo, ou apenas
Érico Veríssimo. Autor de uma das obras mais importantes da nossa literatura, O Tempo e o Vento, Érico recebeu prêmios como o Machado de Assis, em 1954 e o Jabuti, em 65.


Além de escritor, Érico Veríssimo foi gerente do departamento editorial da “Livraria do Globo”, colaborou nos jornais “Diário de Notícias”, “Correio do Povo” e foi eleito presidente da Associação Rio-Grandense de Imprensa.


Dentre suas principais obras, além de
O Tempo e o Vento, podemos destacar: Clarissa, A Vida de Joana d’Arc, Um Lugar ao Sol, Olhai os Lírios do Campo e O Senhor Embaixador.


Do casamento com Mafalda Halfen Volpe nasceram  Clarissa e
Luís Fernando.


Além da veia literária,
Luis Fernando com certeza herdou a relevância na literatura. O filho Verissimo é famoso por suas crônicas e conto, sendo sempre apontado como um dos principais escritores cronistas nacionais. Também é jornalista, tradutor, roteirista de programas para televisão e músico.


Talvez, a obra-prima de Luís Fernando Veríssimo sejam as
Comédias da Vida Privada, adaptada para televisão. Além disso, outros trabalhos de destaque do autor são: A Grande Mulher Nua, Ed Mort e Outras Histórias, O Analista do Bagé, A Mesa Voadora, Humor Nos Tempos de Collor, Comédias Para Se Ler Na Escola e As Mentiras que os Homens Contam.

Pai e filho Prata: Mário e Antônio

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O mineiro Mario Alberto Campos de Morais Prata, simplesmente Mário Prata, é um escritor versátil. Escreveu novelas, roteiros para o cinema, livros adultos e infanto-juvenis, além de peças teatrais e mais de três mil crônicas para jornais e revistas, como por exemplo em O Pasquim, Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Istoé, Época e Última Hora.


Na TV, seus principais trabalhos foram as novelas Estúpido Cupido, Sem Lenço, sem Documento e Bang Bang, na Rede Globo. Pela Manchete, lançou a sua novela favorita, Helena.


Já no teatro, Mário Prata alcançou o sucesso logo com a sua primeira peça: Cordão Umbilical, em 1970. Mas a obra-prima do teatro de Prata foi a peça Besame Mucho, de 1982, adaptada para o cinema e ganhou o Kikito de Melhor Roteiro no Festival de Gramado, em 1987. 


Mário Prata ainda ganharia mais um Kikito, em 1997, pelo roteiro de O Testamento do Senhor Napumoceno da Silva Araújo.


Outro destaque no cinema foi o longa O Casamento de Romeu e Julieta, dirigido por Bruno Barreto, baseado no conto Palmeiras, Um Caso de Amor, de Mário Prata.


Antônio de Góes e Vasconcellos Prata, o Antônio Prata, trilha um caminho semelhante ao de seu pai Mário. Tornou-se escritor, cronista e roteirista.


Antônio Prata, além de colunista na Folha de São Paulo, é roteirista contratado na Globo. Inclusive, trabalhou com seu pai na novela Bang Bang. Outros trabalhos televisivos de destaque são  Avenida Brasil e A Regra do Jogo.


Na literatura, a obra-prima de Prata (o filho) é a coletânea de crônicas Nu, de botas, de 2013.

Pai e filha Drummond de Andrade: Carlos e Maria Julieta

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Carlos Drummond de Andrade dispensa apresentações. O mineiro é um dos mais influentes poetas brasileiros do século XX.


O filho mais famoso de Itabira lançou o seu primeiro livro,
Alguma Poesia, já com o que seriam algumas das principais poesias nacionais como No meio do caminho, Poema de Sete Faces, Cidadezinha Qualquer e Quadrilha.


Drummond foi um autor completo, retratista do cotidiano e um questionador nato. Eu já falei sobre a vida do poeta mineiro, e você pode saber tudo e algumas curiosidades,
aqui no blog!


Talvez, uma coisa que pouca gente saiba é que
Drummond teve uma herdeira literária, a sua filha Maria Julieta.


Assim como seu pai, Maria Julieta começou logo cedo na literatura e, aos 17 anos, publicou o seu primeiro livro A Busca, com prefácio de Aníbal Machado.


Julieta mudou-se para a Argentina e, além de lecionar literatura na Universidade de Buenos Aires (UBA), foi também diretora do Centro de Estudos Brasileiros, dedicado ao ensino de português do Brasil e a múltiplas atividades culturais.
Maria Julieta foi a responsável por pela publicação de obras de Cecília Meireles, Mário de Andrade e Augusto dos Anjos, entre outros.


A herdeira de Drummond ainda foi responsável por importantes traduções para o português, como a
Nova antologia pessoal, de Jorge Luis Borges, publicada em 1969, e verteu para o espanhol uma reunião de textos como O cavalinho azul e O rapto das cebolinhas da teatróloga brasileira Maria Clara Machado, lançado em 1979. Traduziu também a peça Emily Dickinson, de William Luce, de 1985.


Apesar da bela carreira literária de pai e filha, a vida reservou-lhes um triste final.
Maria Julieta  faleceu vítima de um câncer, em 1987. Carlos Drummond, com 84 anos à época, sofreu um infarto e morreu 12 dias depois, sendo enterrado ao lado da filha no Cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro.

Família Nejar: Carlos Nejar e Fabrício Carpinejar

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Talvez você conheça Fabrício Carpinejar, um dos poetas contemporâneos mais importantes da nossa literatura, dono de uma escrita e irreverência ímpares. O que você talvez não saiba é que o seu nome, na verdade, é Fabrício Carpi Nejar.


Em 1998, após lançar o seu primeiro livro,
As solas do sol, passou a assinar Carpinejar. Fabrício não demorou a colher os louros da fama, podemos assim dizer. 


Com o seu
debut, foi finalista do Prêmio Açorianos de Literatura 1999, Secretaria Municipal de Porto Alegre (RS), categoria poesia, e recebeu o Prêmio Nacional Fernando Pessoa, da União Brasileira de Escritores (RJ), na categoria Revelação e Estreia, em 2000.


Carpinejar tornou-se um colecionador de prêmios, dentre os principais:
Prêmio Érico Veríssimo 2006, pelo Conjunto da Obra, da Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre. Prêmio Jabuti, na Categoria de Contos e Crônicas, com Canalha (2008). Recebeu o Prêmio Açorianos de Literatura 2010, na Categoria Crônicas, com o livro Mulher Perdigueira. Recebeu Menção Honrosa no Prêmio Alceu Amoroso Lima – Poesia e Liberdade (2012).


Fabrício Carpinejar é filho de um dos principais poetas brasileiros, membro imortal da Academia Brasileira de Letras, Carlos Nejar, autor de Sélesis. O escritor também é conhecido como o “poeta do pampa brasileiro”.


A obra de Nejar destaca-se pela riqueza de vocabulário e pela utilização das aliterações, que tornam seus versos musicais. Em 2017, o poeta teve o nome indicado ao Prêmio Nobel de Literatura pela Academia Brasileira de Letras, que é credenciada pela Academia Sueca para fazer as indicações ao prêmio, porém, não conquistou o prêmio.


Mesmo não conquistado o prêmio, o nome de Carlos Nejar ainda permanece como indicação ao prêmio. Carlos Nejar também atuou como tradutor, sendo responsável pelas obras de ninguém menos que Pablo Neruda.

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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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