Juliano Loureiro • ago. 23, 2020

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Você sabe quando começou a literatura brasileira? Será que ela é tão antiga quanto o nosso país? Ou então, como somos um país jovem, comparado à Europa, por exemplo, a nossa história literária é ainda mais jovial?


Quando a gente pensa em “literatura do Brasil”, tendenciamos a ter um pensamento acadêmico, do tipo pensá-la enquanto matéria de estudo. Não está totalmente errado, claro que enquanto objeto de pesquisa, ela é mais nova que a própria literatura. Confuso?


Para resumir, a história da literatura nacional começou lá em 1500. Sim!
Há 520 anos, junto com a nossa história enquanto nação! E, hoje, eu vou dar uma passada por esses anos, trazer uma breve apresentação da periodização da literatura brasileira, com seus principais nomes, obras e curiosidades. Afinal, são muitas páginas escritas para apresentar em um único post.


‘Bora’ ter uma pequena aula de história literária? Boa leitura!

A origem da literatura nacional

Nada melhor do que começar um texto com uma pitada de polêmica, não é mesmo? Isso porque eu afirmei na introdução, que a literatura brasileira começou em 1500, mais precisamente com Pero Vaz de Caminha e sua carta de descobrimento.


E aí vem os questionamentos: 1) Pero Vaz não era brasileiro; 2) por que uma mera carta de informe de descobrimento é tida como marco inicial de uma literatura?; 3) antes da chegada dos portugueses, não existiam outros textos?


Longe de querer entrarmos no mérito do “descobrimento” ou “achado” do Brasil, na literatura fica impossível dizermos que já havia uma literatura nacional, antes dos portugueses. Isso porque as sociedades indígenas que aqui viviam, eram ágrafas. Isso quer dizer que elas não possuíam registros escritos, não havia nada “documentado” em forma de escrita ou sinais gráficos. 


Há quem diga também que Pero Vaz não escreveu uma simples carta, basta dar uma lida para ver o quão minucioso o escrivão português foi ao relatar a descoberta. O texto é repleto de metáforas e a escrita é digna de um grande escritor, não foi uma simples carta. 


Então, isso responde aos outros questionamentos, para caráter de estudo e pesquisa, a carta de Caminha é o primeiro registro literário produzido em terras brasileiras, portanto, o início da literatura nacional.

Periodização da literatura brasileira

É de se imaginar que o início da literatura brasileira não tenha sido muito original, afinal, éramos uma sociedade sem escrita (ou ao menos registro de uma). Todo material literário criado em terras brasileiras, a princípio, era de autoria portuguesa ou, quando começamos a constituir uma população letrada, a formação universitária era toda em Portugal.


Por isso, você vai encontrar em alguns materiais, uma referência ao período inicial da literatura nacional como “manifestações literárias” ou “ecos da literatura no Brasil”. E, para compreender melhor esse princípio, faz-se necessário um pouco de conhecimento sobre a literatura portuguesa.


Então, quando passamos a ter uma literatura para chamar de nossa?


Antes de chegarmos a este ponto da história, precisamos falar dos períodos da literatura e suas escolas literárias. Porque essa fase de “cópia” da literatura portuguesa é fator limitante de um dos primórdios da nossa literatura.


A gente pode falar que o Brasil tem duas grandes eras literárias que se misturam com o nosso amadurecimento enquanto país, com política, economia “libertando-se” das amarras portuguesas. E os nomes dessas eras, não poderiam ser diferentes:
Era Colonial e Era Nacional. Muito dedutível, né?


Agora que já te contei sobre as eras literárias brasileiras, você deve estar questionando onde entram todos aqueles estilos de literatura que você estudou na escola. Eles estão divididos nessas duas grandes eras e, é claro, eu não vou deixar de pincelar quais são as principais escolas literárias brasileiras.

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A Era Colonial da literatura brasileira

Não é difícil deduzir o porquê desse nome, não é mesmo? A primeira grande era literária brasileira corresponde exatamente ao nosso período de colônia portuguesa.


Datar precisamente o início e fim de uma escola literária não é das tarefas mais fáceis, até porque nunca se entra em consenso sobre os critérios de classificação de obras, características marcantes de cada estilo etc. Mas, digamos que o recorte de datas são bem parecidos. Então, não estranhe se uma data aqui postada, não condizer com outras fontes de pesquisa, obviamente, não haverá uma discrepância muito grande entre as datas.


De volta à
Era Colonial, esse período é contemplado com os movimentos:


  • Quinhentismo: iniciado com a carta de Caminha ao rei de Portugal. O movimento literário do século XVI tinha duas vertentes: informativa, como exemplo a carta e outros relatos sobre a terra descoberta e jesuítica, que visava a conversão do povo indígena. Além de Pero Vaz de Caminha, outro nome importante do Quinhentismo é o de Padre Anchieta.


  • Barroco (ou Seiscentismo): o Barroco brasileiro ocorreu entre os anos de 1601 e 1768 e tem como característica literária principal o conflito entre antropocentrismo e teocentrismo, ou seja, uma crise existencial humana: afinal, quem é o centro do universo, o homem ou um deus? Seu início é marcado pela publicação do poema Prosopopéia, de Bento Teixeira. Outros nomes de destaque da escola literária barroca são os de padre Antônio Vieira; com seus Sermões e Gregório de Matos; o “boca do inferno”.


  • Arcadismo: para alguns, o Arcadismo brasileiro é o movimento responsável pela busca da identidade brasileira na literatura. O movimento literário andou lado a lado com o movimento político da Inconfidência Mineira. Além disso, é característica dessa escola o bucolismo, ou seja, a admiração e exaltação à natureza e à simplicidade da vida. Alguns dos nomes importantes do Arcadismo são os de Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto, Basílio da Gama e Santa Rita Durão.

Era Nacional da literatura brasileira

Um prêmio para quem descobrir quando começou a Era Nacional literária brasileira.


Apesar da obviedade do nome, essa segunda Era não começou logo após 1822. Existe um período que os historiadores chamam de “período de transição”, em que a literatura brasileira ficou praticamente inerte, sem nenhum movimento relevante. 


Então, na verdade, a Era Nacional veio ter início após 14 anos da nossa independência, mais precisamente com o Romantismo em 1836 e perdura até os dias de hoje.


Vamos conhecer quais escolas literárias marcaram e ainda marcam a nossa Era:


  • Romantismo: o primeiro movimento literário genuinamente brasileiro é dividido em três gerações:


  • 1ª geração: nacionalista (ou indianista) com destaque para as obras de José de Alencar, Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias.
  • 2ª geração: ultrarromântica com muito subjetivismo, pessimismo, tédio e a melancolia. Destacam-se nessa etapa  Álvares de Azevedo, Junqueira Freire, Fagundes Varela e Casimiro de Abreu.
  • 3ª geração: a visão individual e ultra romântica dá espaço ao social e à preocupação com a liberdade. Nomes importantes dessa fase: Castro Alves, Tobias Barreto e Sousândrade.


  • Realismo: focado em retratar de maneira mais fidedigna da sociedade, suas obras têm uma linguagem descritiva e detalhada de temas sociais, urbanos e cotidianos. Destacam-se: Machado de Assis, Raul Pompeia e Visconde de Taunay.


  • Naturalismo: alguns consideram o movimento como um complemento do Realismo, porém com uma linguagem mais coloquial. Diferencia-se também pela presença do sensualismo e erotismo em suas principais obras. Nomes como Aluísio de Azevedo e Adolfo Ferreira Caminha representam o movimento.


  • Parnasianismo: a escola do parnasianismo era defensora da “arte pela arte”. Um movimento quase que em sua totalidade poético, a preocupação residia na perfeição da estética poética, com a realidade como pano de fundo para as histórias. A "Tríade Parnasiana" que se destacou no movimento era composta por: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia.


  • Simbolismo: subjetivismo, misticismo e a imaginação. Esses eram os pilares do simbolismo, uma escola literária que buscava a compreensão da alma humana. Os principais nomes deste movimento foram Cruz e Souza, Alphonsus de Guimarães e Augusto dos Anjos.


  • Pré-modernismo: como o nome indica, esse período é como um momento de transição, uma ruptura com o simbolismo e o surgimento do modernismo. E, claro, esse período já flertava mais com o que viria ser a escola moderna de literatura, com assuntos voltados para a realidade brasileira com temas sociais, políticos e históricos. Não se deixe enganar por chamarmos o Pré-modernismo de período de transição, foi nessa época que surgiram grandes autores, como Graça Aranha, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato.


  • Modernismo: a Semana de Arte Moderna, em 1922, é o pontapé inicial dessa escola literária que propôs o rompimento com o academicismo e o tradicionalismo. O período literário é dividido em três fases:


  • 1ª fase (heróica): abriu os caminhos vanguardistas. Com destaque para Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira
  • 2ª fase (consolidação): os escritores se preocupam mais com os problemas da realidade brasileira do que em experimentar novas formas de linguagem. Destaque para Drummond, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e Jorge Amado.
  • 3ª fase (pós-moderna): formalidade na produção literária, produção de contos fantásticos; inovações na linguagem e uso da metalinguística; produção de uma literatura experimental; uso de temáticas sociais e humanas e linguagem mais objetiva. Nessa fase, podemos trazer como destaques Clarice Lispector, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto. 


  • Literatura Contemporânea ou Pós-modernismo: fase de novas formas de expressão que acontecem na literatura, no teatro, no cinema e nas artes plásticas. Uma das características mais marcante dessa escola literária é a multiplicidade de estilos. Alguns nomes relevantes para o período: Ariano Suassuna, Millôr Fernandes, Paulo Leminski, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Cora Coralina, Nélida Pinõn, Lya Luft, Dalton Trevisan, Caio Fernando Abreu, Rubem Fonseca, Nelson Rodrigues, Dias Gomes e tantos outros.


É muita informação, não é mesmo? Mas com uma literatura tão rica como a nossa, repleta de autores e autoras de qualidades inquestionáveis, é de se esperar que haja muito trabalho sobre cada um deles, sobre cada período da nossa história literária. 


E isso foi apenas um pequeno review. Há muitas informações sobre cada escola literária, quem sabe elas não pintam por aqui? Fiquem de olho!


Mas antes de encerrar, eu quero te dar uma super dica e, por que não dizer, um presente para quem gosta de escrever. Quem sabe você não tem aí uma excelente história para ser um marco em uma escola literária brasileira?


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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