Juliano Loureiro • jul. 20, 2020

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Cheguei à quarta parte da minha singela homenagem aos grandes escritores brasileiros e não me cansei de frisar a importância de conhecermos, nem que seja um pouco, a história de cada um desses autores.


Como de praxe, vou deixar os links para que você possa ler os conteúdos anteriores, mas não se importe em ler na ordem cronológica de publicação, escolha aquele que tenha os autores que mais te interessa ou termine este conteúdo primeiro.

Autores brasileiros já homenageados

É difícil agrupar tanto nome importante para nossa literatura em um único conteúdo, fica complicado absorver tanta informação. Por isso, faço essa homenagem em partes, para que a história desses grandes autores brasileiros não se perca por aí.


Até hoje, foram 3 partes, sobre os seguintes escritores:


  1. Parte 1: Machado de Assis, Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Cecília Meireles e Monteiro Lobato;
  2. Parte 2: Castro Alves, Mario de Andrade, Lima Barreto, José de Alencar e João Cabral de Melo Neto;
  3. Parte 3: Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, Luis Fernando Veríssimo e Ana Maria Machado.


Com certeza, você já percebeu que faltam vários nomes aí nessa lista. E eu sei. Por isso, chega de conversa, vamos conhecer mais alguns dos maiores escritores brasileiros. Afinal, o que não falta na nossa literatura são autores e autoras geniais.

Jorge Amado

No texto de hoje, vou começar por um dos nomes mais populares da nossa literatura e da teledramaturgia. Opa! Peraí! Agora, vamos falar de novelas também? Te desafio a desassociar o nome de Jorge Amado dos grandes sucessos da nossa televisão.


Como você já percebeu, o nosso primeiro grande autor é o baiano Jorge Amado, nascido no dia 10 de agosto de 1912, no município de Itabuna. Se você ainda não ligou o nome à TV, vou antecipar algumas das suas principais obras: Dona Flor e Seus Dois Maridos, Gabriela Cravo e Canela, Tenda dos Milagres e Tieta do Agreste.


Todas essas obras foram adaptadas para TV e teatro, o que, facilmente, alavancou ainda mais a carreira de Amado.


Agora que você já está um pouco mais familiarizado com o autor, é fácil perceber uma das características mais marcante de suas obras. 


Mesmo sem ter lido todas as suas obras, basta assistir as novelas ou minisséries baseadas nelas, para perceber o forte regionalismo, uma ambientação quase toda baiana. Falar de Jorge Amado é quase o mesmo que falar da Bahia, e isso o tornou um dos nomes mais importante da segunda fase do Modernismo brasileiro.


As obras de Jorge Amado têm como característica principal a crítica sócio-política. Com um cenário baiano, percebemos denúncias contra a opressão aos trabalhadores rurais, às classes populares e críticas ao coronelismo latifundiário. 


Jorge Amado foi eleito, em 1961, para ocupar a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras (ABL), antes ocupada por José de Alencar e que teve como primeiro ocupante, ninguém menos que Machado de Assis.


O primeiro romance desse grande escritor brasileiro foi O país do Carnaval, em 1931. Dois anos depois, Cacau foi publicado. Uma observação sobre as obras é que, com o viés crítico político de O país do Carnaval, Jorge Amado já despertou a atenção das autoridades e, quando o segundo livro foi lançado, inúmeras cópias foram apreendidas pelo governo.


Aliás, não foi só na literatura que Jorge Amado abraçou a causa política. Jorge formou-se em direito pela Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro. Militante comunista, em 1936, foi preso por pertencer à Aliança Libertadora Nacional. Junto com ele, outros grandes escritores e intelectuais foram detidos, como Graciliano Ramos, por exemplo.


Em 37, mais um caso de censura envolvendo suas obras: Capitães de Areia, publicada no mesmo ano, foi apreendida pelo Estado Novo e o escritor, novamente, preso. Bem, só a vida política de Jorge Amado daria um post exclusivo. 


Para resumir, vale citar que o autor esteve por diversas vezes exilado na América Latina e até na Europa. Jorge Amado também foi eleito deputado federal pelo estado de São Paulo (o mais votado, no ano de 45), mas, em 48, teve o mandato cassado. É ele o autor da lei que assegura o direito à liberdade de culto religioso.

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Principais obras de Jorge Amado

Aqui, separei alguns dos títulos mais importantes dentre uma bibliografia importantíssima que é a de Jorge Amado. Então, fique ciente que não estão listadas todas as obras:


  • O País do Carnaval (1931);
  • Cacau (1932);
  • Capitães de Areia (1937);
  • Terras do Sem-Fim (1943);
  • O Mundo da Paz (1951);
  • Gabriela Cravo e Canela (1958);
  • Dona Flor e Seus Dois Maridos (1966);
  • Tenda dos Milagres (1969);
  • Tieta do Agreste (1977);
  • Tocaia Grande (1984).

Prêmios e outras curiosidades de Jorge Amado

É impossível abordar toda a vida de um grande autor como Amado, por isso publiquei apenas alguns dos momentos mais importante de sua carreira, apenas para pontuar a sua importância para a literatura brasileira. E não sou só eu quem estou dizendo que Jorge Amado é um dos mais importantes escritores, olha só a lista de premiação (nacional e internacional) dele:


  1. Stalin da Paz (União Soviética, 1951);
  2. Latinidade (França, 1971);
  3. Nonino (Itália, 1982);
  4. Dimitrov (Bulgária, 1989);
  5. Pablo Neruda (Rússia, 1989);
  6. Etruria de Literatura (Itália, 1989);
  7. Cino Del Duca (França, 1990);
  8. Mediterrâneo (Itália, 1990);
  9. Vitaliano Brancatti (Itália, 1995);
  10. Luis de Camões (Brasil, Portugal, 1995);
  11. Jabuti (Brasil, 1959, 1995) e;
  12. Ministério da Cultura (Brasil, 1997)


E, obviamente, não estão todos aí. Jorge Amado teve suas obras traduzidas para 49 idiomas. Foi casado com, a também escritora, Zélia Gattai e faleceu no dia 6 de agosto de 2001. Jorge Amado foi cremado e suas cinzas depositadas no quintal de sua casa.

Ruth Rocha

Mais uma vez, a literatura infantil tem seu lugarzinho em nossa homenagem. Afinal, as crianças merecem uma leitura de qualidade, não é mesmo?! E a responsável por essa qualidade já foi premiada OITO vezes com o Prêmio Jabuti.


Ruth Rocha é um dos nomes mais importante da literatura infanto-juvenil. Com mais de 50 anos dedicados à literatura, Ruth tem mais de duzentos títulos publicados e suas obras foram traduzidas para 25 idiomas.



Mas antes de entrarmos nos méritos de Ruth Rocha, vou contar um pouco de sua vida. Nascida no dia 2 de março de 1931, formou-se em Ciências Políticas e Sociais pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Na faculdade, foi aluna de Sérgio Buarque de Holanda, um dos mais importantes historiadores brasileiro.


Aos 26 anos, Ruth Rocha começou o trabalho como orientadora educacional do Colégio Rio Branco. Neste mesmo período, mais precisamente em 1967, começou a publicar conteúdos sobre educação, na revista Cláudia. E foi aí que ela foi “descoberta” para o mundo infanto juvenil.


Uma amiga era diretora da revista Recreio e, encantada com o estilo de Ruth escrever e sua visão sobre a educação, moderna para época, fez com que a amiga desafiasse Ruth a escrever uma história infantil. Bem, Ruth não só fez a história, como viria a se tornar diretora da Recreio


E esse foi apenas o primeiro passo, em 1973, Ruth Rocha já era editora e, em seguida, coordenadora do departamento de publicações infanto-juvenis da editora Abril. Três anos depois, a autora viria a publicar o seu primeiro livro, mas antes de falar sobre as obras, vou trazer as características de sua escrita.

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Características e obras de Ruth Rocha

Os livros de Ruth Rocha são repletos de irreverências, suas poesias apostam no bom humor e, o mais importante, tratam as crianças como seres independentes, dialogam com os leitores de mirim sem os menosprezar.


O respeito de Ruth pelas crianças e a sua paixão pela infância a tornou o nome mais indicado para a publicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos Para Crianças, em parceria com Otávio Roth. A obra foi publicada em 88 e lançada na a sede da ONU.


Mas para que Ruth chegasse a esse patamar, ela teve outros marcos.


Em 76, seu primeiro livro Palavras, muitas palavras é publicado. Uma obra que mostra às crianças que aprender a ler pode ser muito divertido. E, em 78, o ápice literário de Ruth Rocha. Marcelo, Marmelo, Martelo não é apenas um livro, mas sim um best seller, com mais de SETENTA edições e VINTE MILHÕES de exemplares vendidos.


A sua obra seguinte,  O reizinho mandão foi incluído na “Lista de Honra” do prêmio internacional Hans Christian Anderson. 


Como disse antes, Ruth tem mais de duzentos títulos, listá-los aqui seria muita loucura. E fora as suas obras próprias, essa grande autora brasileira assina a tradução de centenas de títulos infanto-juvenis, adaptou a Ilíada e a Odisseia, de Homero, e é co-autora de livros didáticos, como Pessoinhas, em parceria com Anna Flora.


Para finalizar, por aqui, Ruth Rocha foi nomeada, em 2008, membro da Academia Paulista de Letras.

Adélia Prado

Agora, vou abrir espaço para a poesia e falar de uma mineira que cravou o seu nome como uma das mais importantes e respeitada poetisa brasileira.


Adélia Luzia Prado de Freitas, ou apenas Adélia Prado, é mineira de Divinópolis, nascida no dia 13 de dezembro de 1935. E se a gente precisa de alguém para dar o aval sobre a importância da escritora, para a literatura nacional, que tal esse alguém ser, simplesmente, Carlos Drummond de Andrade? Já te explico.


Adélia Prado formou-se em Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Divinópolis, em 1973. Antes disso, em 71, ela já adentrava ao mercado editorial com a publicação de A Lapinha de Jesus, em coautoria com Lázaro Barreto.


Seu primeiro voo solo foi a coletânea de poesias Bagagem, de 1975. E olha só que história legal tem essa obra. Adélia enviou os originais para apreciação do crítico literário Affonso Romano de Sant’Anna, mas o crítico simplesmente repassou para ninguém menos que Carlos Drummond. E sabe o que ele achou da produção? Simplesmente fenomenal. 


Drummond enviou os originais para a Editora Imago, que publicou a coletânea no mesmo ano. E, em 1976, Bagagem foi lançado no Rio de Janeiro, reunindo personalidades como Drummond, Affonso Romano, Clarice Lispector e Juscelino Kubitschek.


Após o tremendo sucesso na estreia, em 78, a autora lança o seu mais importante trabalho: Coração Disparado. A obra foi premiada com o Prêmio Jabuti de Literatura.



As obras de Adélia Prado têm como temática o cotidiano sob a perspectiva do olhar feminino. Seus textos e poemas trazem a visão da mulher frente à sociedade, com uma linguagem simples e coloquial. As poesias também trazem uma perspectiva católica, muito ligada à família.


Um marco na carreira dessa grande autora brasileira é o fato de ter sido a primeira mulher a receber o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, pelo seu conjunto de obras. Além desse e do Prêmio Jabuti, Adélia Prado recebeu outras premiações: Prêmio ABL de Literatura Infantojuvenil (2007), Prêmio Literário da Fundação Biblioteca Nacional (2010), Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte (2010) e o Prêmio Clarice Lispector (2016).

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Obras de Adélia Prado

  • A Lapinha de Jesus (1971);
  • Bagagem (1975);
  • Coração Disparado (1978);
  • Solte os Cachorros (1979);
  • Cacos Para Um Vitral (1980);
  • A Terra de Santa Cruz (1981);
  • O homem da mão seca (1994);

Martha Medeiros

Para encerrar, por hoje, a minha singela homenagem aos grandes autores brasileiros, vou falar de alguém que você pode encontrar suas obras não somente em prateleiras e bibliotecas, mas também nos palcos, telas de tv e cinema. 


Estou falando de Martha Medeiros. Uma jornalista, cronista e escritora de sucesso e que teve colunas em alguns dos principais jornais e revistas nacionais.


Nascida em 20 de agosto de 1961, Martha Medeiros é considerada uma das melhores cronista do país. Já no seu primeiro trabalho, teve ótima aceitação do público e da crítica especializada.


Strip Tease, de 1985, é uma coletânea de poesias e com o sucesso, Martha empenhou-se em lançar sua segunda obra, Meia Noite e um Quarto, apenas dois anos depois. Já em 1991, 6 anos após seu primeiro livro, a autora lança Persona Non Grata


Agora, algumas curiosidades sobre essas obras:


  • Strip Tease fez tanto sucesso que a Editora Brasiliense, que havia recusado os textos de Martha Medeiros anteriormente, voltou atrás e decidiu contratar a autora;
  • A apresentação do livro Meia Noite e um Quarto foi escrita por Caio Fernando de abreu;


Persona Non Grata teve apresentação escrita por Millôr Fernandes, que tanto amou o livro que ilustrou um de seus poemas, em sua coluna, no Jornal do Brasil.

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Outras obras de Martha Medeiros

  • De Cara Lavada (1995);
  • Geração Bivolt (1995);
  • Santiago do Chile – Crônicas e Dicas de Viagem (1996);
  • Topless (1997) - o livro recebeu o Prêmio Açorianos de Literatura;
  • Trem-Bala;
  • Non-Stop;
  • Poesia Reunida (1998);
  • Cartas Extraviadas e Outros Poemas (2001);
  • Divã (2002);
  • Montanha-Russa (2003);
  • Coisas da Vida (2005);
  • Esquisita como Eu (2004) - Infantil;
  • Selma e Sinatra (2005);
  • Tudo que Eu Queria te Dizer (2007);
  • Doidas e Santas (2008);
  • Fora de Mim (2010);
  • Feliz por Nada (2011);
  • Noite em Claro (2012);
  • Um Lugar na Janela (2012);
  • A Graça da Coisa (2013);
  • Paixão Crônica (2014);
  • Liberdade Crônica (2014);
  • Felicidade Crônica (2014);
  • Simples Assim (2015);
  • Um Lugar na Janela 2 (2016) - recebeu o Prêmio Açorianos de Literatura na categoria Crônicas
  • Quem diria que viver ia dar nisso (2018);
  • O meu melhor (2019);
  • Comigo no cinema (2019)


Jorge Amado, Ruth Rocha, Adélia Prado e Martha Medeiros. Poesias, romances, novelas e literatura infantil. Vai dizer que a literatura brasileira não tem talentos para qualquer gosto literário? Quais desses autores você já conhecia ou qual ou quais obras você gostaria de ler?

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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