Juliano Loureiro • mai. 19, 2020

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A literatura brasileira tem uma vasta biblioteca com autores e obras consagrados, dignos de reverências contínuas. Eu, por aqui, darei sequência a minha homenagem aos maiores autores brasileiros de todos os tempos.


Caso você ainda não tenha visto, eu já publiquei a primeira parte . Nela eu falo sobre Machado de Assis , Monteiro Lobato, Guimarães Rosa , Drummond , Clarice Lispector e Cecília Meireles . Depois, vale a pena dar uma conferida, porque agora eu apresento outros nomes importantes da literatura nacional.


Prontos para mais um pouco de história literária brasileira? Então, boa leitura!

O “poeta dos escravos”. Assim era conhecido o abolicionista Castro Alves, que também carrega o título de expoente do Romantismo brasileiro, além de ser considerado o maior nome do gênero, na literatura brasileira.

Antônio Francisco de Castro Alves, nasceu na Bahia, em 1847 e faleceu de tuberculose, no ano de 1871, no mesmo estado. Castro Alves formou-se em direito, pela Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, em São Paulo.

O que levou Castro Alves a ser um dos maiores autores brasileiros - e ser patrono da cadeira nº 7, na Academia Brasileira de Letras (ABL) - foram seus poemas críticos, com um viés humanitário com forte teor político e com denúncias aos horrores de escravidão.

É de Castro Alves uma das mais importantes obras da poesia brasileira: "Navio Negreiro". O inconformismo presente em suas obras, fizeram com que fossem classificadas como “poesias sociais” e o levaram a se aproximar do Realismo.

Duas curiosidades sobre Castro Alves: 
  • era amigo de José de Alencar e, por ele, conheceu Machado de Assis, responsável por inserir Castro Alves no meio literário e 
  • Castro Alves teve apenas um único livro editado em vida: Espumas Flutuantes.
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Algumas obras de Castro Alves

  • A canção do Africano;
  • Espumas Flutuantes;
  • O Navio Negreiro;
  • Vozes d'África;
  • Os Escravos;
  • A Cachoeira de Paulo Afonso;
  • Hinos do Equador.
Mário Raul de Morais Andrade nasceu em São Paulo, no dia 9 de outubro de 1893. Conhecido apenas por Mário de Andrade, foi um dos mais importante escritor brasileiro, tendo papel fundamental no surgimento do Modernismo, no Brasil. Além de escritor, Mário era crítico literário, músico (e professor) e um estudioso fervoroso da cultura e folclore brasileiro. 

O seu nome é sempre associado à Semana da Arte Moderna (1922), e não é para menos. Ao lado de outros grandes autores e artistas brasileiros, como seu amigo Oswald de Andrade, foi um dos idealizadores do evento que deu força ao movimento modernista nacional. 

A Semana de 22 foi um evento em comemoração aos 100 anos de independência do Brasil. Na ocasião, artistas apresentaram seus trabalhos que rompiam com os padrões artísticos da época. O Modernismo veio para valorizar a cultura brasileira, valendo-se das diversas influências indígenas, europeias e africanas.

Duas obras de Mário de Andrade são consideradas fundamentais para a instauração do movimento modernista: Paulicéia Desvairada (1922); o primeiro livro de poemas do Modernismo; e Losango Cáqui (1926).
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Principais obras de Mario de Andrade

  • Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917)
  • Paulicéia Desvairada (1922)
  • A Escrava que não é Isaura (1925)
  • Primeiro Andar (1926)
  • Clã do Jabuti (1927)
  • Amar, Verbo Intransitivo (1927)
  • Macunaíma (1928)
  • O Aleijadinho de Álvares de Azevedo (1935)
  • Poesias (1941)
  • O Movimento Modernista (1942)
  • O Empalhador de Passarinhos (1944)
  • Lira Paulistana (1946)
  • Contos Novos (1947)
  • Poesias Completas (1955)
  • O Banquete (1978)

Macuína, o herói sem nenhum caráter

Apesar das publicações fundantes do Modernismo brasileiro, a obra destaque desse grande autor brasileiro é Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. O livro é considerado por muitos estudiosos e amantes da leitura como um dos melhores livros brasileiros. Tamanha a sua importância, que foi até adaptada para o cinema, em 1969.

Podemos afirmar que a obra-prima é fruto dos estudos folclóricos e indígenas de Mário de Andrade. Macunaíma é o herói nacional, construído sem o romantismo de outros movimentos literários, mas com uma representação do povo brasileiro. Aqui, o herói é um índio preguiçoso e malandro, bem diferente do índio corajoso e honesto representado no Romantismo.

O que para muitos pode soar como uma crítica ao comportamento do brasileiro, para Mário era uma tentativa de aproximação do que é real, o índio é sim um herói nacional libertário, porém não é perfeito. 

Macunaíma também chama a atenção pelo resgate do folclore nacional. A marca da cultura indígena é intensa, desde o vocabulário até a presença de personagens típicos. Outros traços culturais brasileiros presente na obra são o erotismo e a religião.
Você, com certeza, já ouviu falar sobre algum artista ou músico que só obteve o devido reconhecimento, após a sua morte, não é mesmo? Esse é o caso de um dos maiores autores brasileiros, Lima Barreto.

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881, no Rio de Janeiro. De origem pobre e mulato, Lima Barreto viveu seus 41 anos em constante luta contra o racismo e discriminação racial e social. Aliás, esses dois fatores são apontados como responsáveis pela desvalorização do trabalho do autor.

Lima Barreto foi um autor “caricato”, que desafiou os letrados, acadêmicos e padrões da época, para produzir uma literatura apegada aos fatos históricos e costumes sociais. Foi um escritor tido como anarquista, denunciante das injustiças sociais dos primeiros anos da República.
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As obras de Lima Barreto

  • Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909);
  • Aventuras do Dr. Bogoloff (1912);
  • Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915);
  • Numa e Ninfa (1915);
  • Vida e Morte de M. J. Gonzaga e Sá (1919);
  • Os Bruzundangas (1923);
  • Clara dos Anjos (1948);
  • Coisas do Reino do Jambon (1956);
  • Feiras e Mafuás (1956);
  • Bagatelas (1956);
  • Marginália (1956);
  • Vida Urbana (1956).

Triste fim de Policarpo Quaresma

A obra mais famosa de Lima Barreto não foi concebida como um livro. É isso mesmo! Uma das curiosidades sobre Triste fim de Policarpo Quaresma é que a obra foi publicada, em um primeiro momento, em folhetins do Jornal do Commercio, em 1911. Somente em 1915 é que foi publicada de forma integral, em um livro.

O romance se passa logo após a Proclamação da República do Brasil e conta a vida de Policarpo Quaresma, um funcionário público bem metódico e um nacionalista convicto. Com pitadas de ironia e um tom cômico, Lima Barreto trata de questões como as injustiças sociais, o clientelismo, a burocracia e os interesses pessoais e políticos.

Em 1998, chegou aos cinemas “Policarpo Quaresma, Herói do Brasil”, uma comédia baseada na obra de Lima Barreto.
Machado de Assis o chamava de “o chefe da literatura nacional”, entre suas principais obras estão O Guarani (1857), Iracema (1865) e Senhora (1875). Agora, fica fácil entender porque José Martiniano de Alencar é tido, não só como um grande autor nacional, mas como um dos maiores expoentes do Romantismo.

Além de escritor, José de Alencar foi jornalista, crítico, advogado, dramaturgo e político, sendo eleito deputado estadual do Ceará, chefe da Secretaria do Ministério da Justiça e Ministro da Justiça (1868-1870). Nos aspecto literário, José de Alencar foi escolhido por Machado de Assis para ser o Patrono da cadeira nº 23 da ABL.

Em seus 48 anos de vida, José de Alencar conseguiu gravar seu nome como um dos maiores escritores brasileiros, tendo produzido crônicas, críticas e peças teatrais. Mas, foi no romantismo que ele se mostrou um autor versátil, produzindo verdadeiras obras-prima, nos mais variados gêneros, vejam só:

  • no romance indianista: as principais obras românticas indianistas são de José de Alencar: “O Guarani”, “Iracema” e “Ubirajara”;
  • entre as principais publicações de romance regionalista estão “O Sertanejo” e “Gaúcho”. São obras que retratam e exaltam os costumes e a cultura de cada região.

E ainda poderíamos citar as obras “A Viuvinha”, “Senhora”, “Lucíola” e “Encarnação” como representantes do romance urbano. As publicações retratam a Corte e a sociedade, no período do Segundo Reinado.

José de Alencar deixou em suas obras a marca do nacionalismo, da história e cultura popular brasileira.
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As obras de José de Alencar

  • Cinco Minutos (1856);
  • Cartas Sobre a Confederação dos Tamoios (1856);
  • O Guarani, romance (1857);
  • Verso e Reverso (1857);
  • A Viuvinha (1860);
  • Lucíola (1862);
  • As Minas de Prata (1862-1864-1865);
  • Diva (1864);
  • Iracema (1865);
  • Cartas de Erasmo (1865);
  • O Juízo de Deus (1867);
  • O Gaúcho (1870);
  • A Pata da Gazela (1870);
  • O Tronco do Ipê (1871);
  • Sonhos d'Ouro (1872);
  • Til (1872);
  • Alfarrábios (1873);
  • A Guerra dos Mascate (1873-1874);
  • Ao Correr da Pena (1874);
  • Senhora (1875);
  • O Sertanejo (1875).
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João Cabral de Melo Neto

“Morte e Vida Severina”. Com certeza, esse título não lhe é estranho, não é mesmo? Essa é a maior obra de um grande escritor brasileiro, o qual apresentamos agora: João Cabral de Melo Neto.

João Cabral foi um poeta e diplomata brasileiro. Exerceu a função de diplomacia em diversos países e cidades, como Porto, Arcelona, Londres, Sevilha, Marselha, Genebra, Berna, Assunção, Dacar e outras. 

Mesmo tendo uma vida um tanto quanto agitada, devido aos serviços diplomáticos, com suas obras conseguiu cravar seu nome na história da literatura nacional tornando-se, inclusive, um dos imortais da Academia Brasileira de Letras.

Antes de abordarmos suas obras, vale citar duas curiosidades: João Cabral de Melo Neto ficou conhecido como “poeta engenheiro” e tem como primos o poeta Manuel Bandeira e o sociólogo Gilberto Freyre.

O poeta engenheiro faz parte da Geração de 45, um movimento modernista que preocupava mais com a estética e formas das palavras, abrindo mão da sensibilidade poética. Porém, João Cabral destacou-se pelo rigor estético de suas obras. 

Suas produções destacavam-se pelo uso da metalinguagem (quando um texto fala sobre ele mesmo), as imagens surrealistas em seus poemas e a influência da cultura popular.

No final de sua vida, João Cabral de Melo Neto começou a sofrer com uma cegueira, que também o levou à depressão. João veio a falecer em 1999, vítima de um ataque cardíaco.
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Prêmios de João Cabral de Melo Neto

João Cabral foi um dos autores brasileiros mais premiado. Por suas obras, recebeu prêmios e homenagens:
  • Prêmio José de Anchieta, de poesia, do IV Centenário de São Paulo;
  • Prêmio Olavo Bilac, concedido pela da Academia Brasileira de Letras;
  • Prêmio de Poesia do Instituto Nacional do Livro;
  • Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro;
  • Prêmio Bienal Nestlé, pelo conjunto de sua obra;
  • Prêmio da União Brasileira de Escritores, pelo livro "Crime na Calle Relator" (1988).

Obras de João Cabral

  • Pedra do Sono (1942);
  • O Engenheiro (1945);
  • Psicologia da Composição (1947);
  • O Cão Sem Plumas (1950);
  • O Rio (1954);
  • Morte e Vida Severina (1956);
  • Paisagens com Figuras (1956);
  • Uma Faca Só Lâmina (1956);
  • Quaderna (1960);
  • Dois Parlamentos (1960);
  • Terceira Feira (1961);
  • Poemas Escolhidos (1963);
  • A Educação Pela Pedra (1966);
  • Museu de Tudo (1975);
  • A Escola das Facas (1980);
  • Poesia Crítica (1982);
  • Auto do Frade (1984);
  • Agrestes (1985);
  • O Crime na Calle Relator (1987);
  • Sevilha Andando (1989).

Morte e vida Severina

Morte e Vida Severina é um poema com forte crítica social. A história narrada pode ser nada de novo, conta a saga de um retirante do Nordeste, rumo ao Sudeste com a esperança de dias melhores para sua vida.


A dramaticidade empregada por João Cabral tornou o poema em uma das principais obras da literatura brasileira de todos os tempos . Severino, o retirante, segue o rio Capiberibe em direção ao litoral. O rio, assim como os nordestinos, sofre com as privações do sertão. A quase seca do rio é uma referência a escassez de recursos de tantos “severinos”.


Durante a história, Severino depara-se a morte em diversas formas, incluindo o pensamento suicida. Mas, se vocês repararem, o título da obra inverte o fator natural que é a vida e a morte. Então, mesmo atravessando situações de morte, há algo que traz vida a Severino.


Morte e Vida Severina ganhou adaptação para o teatro, música e cinema .


Agora que conheceu um pouco mais sobre a vida desses grandes autores brasileiros, que tal fazer parte de uma rede literária com muitos conteúdos como este, além de conversar sobre dicas para autores e escritores? Aqui no blog BINGO há conteúdos novos todos os dias! 

Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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