Juliano Loureiro • jan. 23, 2021

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O conteúdo de hoje é mais que especial. Nos últimos dias, tive o prazer de bater um papo com Bernardo Lopes: escritor e presidente da Academia de Ciências e Letras de Sabará/MG — e, claro, meu amigo pessoal.


Durante uma entrevista bem rica, ele conta um pouco sobre as suas experiências literárias, como ingressou nesse mundo e também sobre seus livros,
"Dona: um Conto Freudiano", O que disse o Imperador. Sem mais delongas, confira a entrevista na íntegra logo abaixo:

Como foi a sua jornada inicial para começar a escrever? O que te motivou desde sempre a querer publicar livros?

foto-bernardo-lopes

Estranhamente escrever histórias nasceu antes do hábito de leitura. Eu sempre fui muito atento a como as tramas de séries, novelas e filmes funcionavam, e meus amigos me diziam que brincar de Power Ranger comigo era como estar vivendo um episódio. 


Aos dez anos comecei a escrever histórias para divertir as pessoas na aula de Português. Virou um hábito tão grande pra turma que a professora me pedia pra ler na frente da sala. Uma vez ela me sentou em frente a ela depois da aula e disse, em tom de quem tentava abrir meus olhos: “você pode escrever um livro, Bernardo”. 


Mas esse desejo só veio quando venci a dificuldade de me interessar pela leitura lá pelos 13, com
Harry Potter. Escrevia fanfics, porque absorvia muito facilmente o estilo da J. K. Rowling, e uma amiga postava na Internet, e a gente recebia elogios sobre o quanto a linguagem parecia com a da autora. 


Só me deparei com a realidade da literatura adulta com
Stephen King, ao ler “O Iluminado''. Despertou em mim um Bernardo que queria falar dos temas que me perturbavam, e vi com o Stephen King que eu podia bem fazer isso. 


Escrevi um livro, aos 15 anos, chamado T-große (de algum termo em alemão que li numa revista), que mais tarde renomeei Resgate. Era, assim como foi com Rowling, um exercício de escrita totalmente embebido do que eu tinha aprendido com King, parecia mais um pastiche, mas o saldo disso foi que acabei encontrando meu jeito de escrever dentro disso. 


Eu não fazia ideia de como publicar, mas quando tinha lá meus 26 um amigo me passou nomes de algumas editoras de Literatura que tinham interesse em publicar autores novos. Enviei “O que disse o Imperador” para seis, e depois de alguns meses recebi uma resposta afirmativa. 


Sou grato por isso só ter acontecido nessa época. Gosto das minhas histórias antigas, mas são em sua maioria impublicáveis, precisam passar por um sério tratamento para poderem vir a público.

Quais são as suas inspirações? Tanto literárias quanto filosóficas? 

Tenho me perguntado muito sobre o que influencia minha escrita e o que me inspira como um todo, recentemente. Uma vez vi uma entrevista em que o Jeff Vandermeer afirmava não ter uma influência literária direta de outros escritores, e achei isso na época um absurdo de tão pretensioso. 


Vi também o Jonathan Franzen dizer noutro lugar que a maior influência para sua escrita era o que ele próprio já tinha escrito até o momento de começar um novo projeto. Hoje consigo entender ambos os lados. 


Tem escritores cujo estilo me entusiasma, me encanta —
H. G. Wells e Machado de Assis, por exemplo, que eu poderia chamar de “escritores favoritos”, apesar de isso ficar cada dia mais difícil de definir. 


Mas não acho que a escrita dos dois transforma diretamente a minha; a forma como eles descrevem nossa pequenez diante do universo, no caso de Wells, e dos “protocolos” e das vicissitudes da sociedade, digamos, no caso de Machado, me inspira mais como leitor e como sujeito do que como escritor, propriamente dito. 


Stephen King me guiou no desenvolvimento de uma voz, de uma primeira linguagem, mas quando pego os livros dele mais recentes digo: “meu Deus, quero fazer justamente o contrário”. 


Se leio um conto da
Clarice Lispector, fico pensando: “é assim que eu deveria falar de sentimento”, mas não só estou a milhas de distância disso (como qualquer ser humano normal) como sinto que acabo caindo de volta num jeito muito próprio de contar as coisas. 


O livro “O filho eterno'', do Cristóvão Tezza, me lembrou muito Dom Casmurro nas inúmeras referências que o narrador faz; tantas, que a gente provavelmente nunca vai sacar todas, e nem sequer notar a presença de boa parte delas. Adoraria escrever desse jeito, mas não desenvolvo nada mais do que apreciação. 


Acho que cheguei num ponto em que minha escrita está tão conectada com tudo que já escrevi (a maior parte não publicada), com o quanto gosto de desafiar minha linguagem, de achar um gancho entre mim e as pessoas, mas também de me arriscar em estratégias novas, ou me descansar das velhas, que recentemente tem sido raro me sentir influenciado no meu jeito de escrever pelo que estou lendo. 


Claro que está havendo um trabalho, mas deve ser muito mais inconsciente do que consciente. 


Sabe aquele período da vida em que você sente que se tornou uma bagunça organizada depois de passar anos defendendo ou se identificando com ideias em que hoje nem acredita mais, ou ideias nas quais sem dúvida acredita mas nem sempre sabe exatamente de onde vêm? 


Esse é o momento filosófico em que eu me encontro agora. Um “pós-momento”, digamos. E acho que isso se reflete no momento da minha escrita. Há certa unidade no que ela e eu nos tornamos, e eu acredito nessa unidade, mas é nebuloso parar para pensar na bagunça que nos compõe.

Você atualmente é presidente da Academia de Ciências e Letras de Sabará/MG. Conta um pouco sobre o seu trabalho por lá e a importância da Academia para a cidade/região.

Meu trabalho como presidente é analisar o potencial de cada membro e estimulá-los a produzir conteúdo literário, científico, acadêmico, ou até musical (alguns membros são musicistas, compositores de música clássica ou de música popular).


A ideia é usar esse conteúdo não só como espelho de um cenário cultural e intelectual de certa porção da cidade, mas também inspirar e ativar a curiosidade e o desejo pela pesquisa acadêmica, científica, e pela composição artística, na sociedade sabarense como um todo. 


Desde o convite entendi que, aceitando este posto, o que eu queria é tirar escritores do canto de seu quarto e fazê-los mostrar o que estão produzindo às escondidas: isso é material importantíssimo,
porque a Literatura registra nossos sentimentos num determinado espaço-tempo, e quero ver o que o sabarense sente neste momento do mundo, pois pode ser útil para criarmos um senso de comunidade que vem se perdendo, creio eu. 


Me preocupa muito que quem vive em Sabará saiba que há algo de diferente em viver numa cidade que é ao mesmo tempo histórica e na boca da capital, e não expresse isso. Parece uma bobagem narcisista, mas realmente alguma coisa me diz que temos, como cidade, algo de especial para dizer. 


Enquanto for presidente, quero que as pessoas se expressem; pode ser um alívio para gerações futuras saber de onde vêm as vivências que irão herdar. Isso é importante em escala mundial, nacional, estadual e municipal. 


Acho necessário criarmos uma espécie de registro de quem somos. E sinto que o mundo tem algo de muito interessante a compreender sobre nós. Espero que os próximos presidentes da Academia também lancem olhos sobre isso.

O seu livro "O que disse o imperador" fala um pouco sobre a pressão que jovens adultos sofrem. Quais foram as inspirações para escrever o romance?

Eu sempre falava muito, desde os 14 anos, que queria ser escritor (daqueles de filme de Hollywood, que vivem disso e pra isso), e arrastei esse ideal platônico pra faculdade. 


Por consequência, como um adolescente, eu era cego a tudo que estava de fato fazendo parte da minha formação como ser humano (e como leitor, escritor, consequentemente...) e rejeitava tudo que me parecia um “obstáculo”. 


Eu me assustei de não ver meus amigos carregarem a bandeira de um sonho como eu carregava; na verdade, com o tempo fui vendo que todos tinham, é claro, seus desejos, mas eles me pareciam pessoas tristes, e focadas demais na vida acadêmica que eu tanto rejeitava. 


Certo dia notei a disparidade: eles aparentavam ter mais noção de mundo do que eu, que tinha me afogado em Literatura pra me tornar um escritor melhor a cada dia. E de “garoto inteligente que escreveu um livro aos 15 anos” comecei a me sentir um idiota: e daí surgiu o Julius, protagonista. 


Ele sente que percorreu um caminho que ninguém percorreu, mas sente que, sem a bagagem que os outros têm, talvez nunca lhe deem crédito. E ele pensa: se meus amigos não estão satisfeitos, e eu também não estou, o que é bom no fim das contas? 


E fica esperando por uma guinada em sua vida, que não vem, até que ele forja uma, pra mais tarde ver que não vai funcionar também. Já que eu não conseguia escrever um livro foda, resolvi escrever um livro sobre um menino que queria escrever um livro foda. Talvez eu ainda seja esse menino.

O seu livro "Dona: um Conto Freudiano" traz, por meio do relacionamento de uma orca e seu adestrador, discussões sobre o que somos de verdade. Conta um pouco sobre a importância dos ensinamentos de Freud dentro da sua literatura e também o que inspirou você a construir o livro.

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Existe um ensaio do Freud em que ele fala dos “arrasados pelo sucesso”, pessoas que sonham e lutam por algum objetivo e, quando vislumbram que aquilo está prestes a acontecer, ou já acontecendo, se apavoram e tentam destruí-lo. 


Esse texto cita “Macbeth”, de Shakespeare, e também outra peça espetacular, Rosmersholm, do Ibsen, com uma personagem com a qual me identifiquei como poucas. 


Ler o ensaio de Freud, e depois as duas peças, me fez entender que vários fatores, ao meu redor e dentro de mim, me levavam tanto a entrar em situações nas quais eu mentia pra mim mesmo que tinha muito a ganhar, mas não tinha, como a enxergar que muitas armadilhas da minha mente eu mesmo tinha armado por conta do que vivia e experimentava na relação com minha mãe. 


Um dia eu acordei: “estou agindo como ela”, e fiquei em pânico de perceber que, mesmo consciente disso, o padrão era mastodonticamente forte — e talvez fosse tarde demais para vencê-lo. 


Quer eu tentasse domesticá-lo ou não, ele era mais forte que eu, e ia me pegar no final. Pra me distrair, me apaixonava por pessoas que não iam me dar o que eu precisava, mas a busca em si me satisfazia — no fundo, eu não queria realização, porque não achava que merecia.


Por isso decidi chamar a novela de “conto freudiano”: mais pra mim do que pros outros; mais superficialmente pelo conceito da relação de filho com mãe, mais profundamente porque ler aquele texto do Freud tinha me inspirado conclusões significantes sobre mim mesmo. 


Estamos considerando remover o subtítulo na segunda edição do livro. Entendemos que gera uma expectativa de algo realmente pautado nas teorias de Freud, o que não é verdade; era uma brincadeira comigo mesmo, uma espécie de piada-interna que soa séria, mas que na verdade só exprime uma qualidade muito pessoal que eu não consegui expressar com outro adjetivo.
Não há nada de muito freudiano ali.

Como você enxerga o atual cenário na literatura independente no Brasil?

Com certa esperança. Acho que enfim as pessoas estão entendendo que não precisam de editoras grandes para publicar seu livro. 


As
redes sociais entram como uma ferramenta a nosso favor, com vendas em escala “local”, mas para todo país; num golpe de sorte, você pode ficar “famoso” (ou simplesmente mais conhecido), embora me preocupe muito que se alimente esse sonho como a uma obsessão num país e numa cultura onde “escritor” é um termo que pode gerar aplausos, mas onde as pessoas que aplaudem não necessariamente vão comprar seus livros


Acho que, pra quem sonha em ser um jovem escritor renomado e que vive de
direitos autorais, o cenário ainda é difícil, e vai continuar sendo. 


Talento não basta; contatos não caem do céu, e a maioria das pessoas não sabe por onde começar a busca por caminhos que lhes possam abrir portas. Se você sonha em ter seu livro publicado, você pode comprar a realização deste sonho nas mãos de editoras menores. 


É importante ressaltar que “publicado” e “impresso” não são a mesma coisa. Ter seu livro impresso é ainda mais fácil. Publicado —
registrado junto à Biblioteca Nacional, com ISBN, código de barras — depende um pouco mais de realmente acharem seu trabalho bom e condizente com a linha editorial da empresa. 


E temos a
Amazon, com toda a possibilidade de publicação em formato de e-book, gratuita, além da possibilidade de cópias físicas também, que o próprio escritor maneja — aí sim, você pode publicar com menos restrições ainda, porque as políticas da Amazon não são a mesma coisa que a “linha editorial” de uma editora. 


Há definitivamente mais caminhos e, felizmente, muitos deles mais claros do que nunca. Mas alcançar destaque editorial depende de muitos fatores externos que nem a Amazon, nem as
editoras pequenas e nem esses livros ou perfis de Instagram sobre como se tornar um fenômeno de vendas jamais vão mapear ou controlar.

Qual principal conselho você dá para escritores que estão começando?

Meus conselhos são mais práticos. Defina uma história e tente se concentrar nela diariamente, escrevendo pelo menos um pouco todo dia. 


Quanto menos brechas você deixar entre um dia e outro, menos inseguro você tem chances de ficar, porque a história acaba começando a falar por si mesma, e sua cabeça entra numa vibração que atrai ideias, fatos e experiências pro seu dia a dia que irão ajudar a contornar, de forma ainda melhor, a sua narrativa. 


Anote toda ideia que tiver.
Não importa quão boa ela seja, você tem grandes chances de esquecê-la; confie na memória mais intuitiva que trabalha enquanto você escreve, mas não confie tanto na sua memória de quando você não está escrevendo. 


Não desista de chegar ao fim. Pode estar uma bosta, e em vários pontos vai estar mesmo, mas,
quando terminar, respire e comece a ler tudo, direto, fazendo as alterações (você vai se assustar com o quanto escreveu mal em vários pontos, mas, se já sacou que escreveu mal, tá ótimo, é tentar melhorar agora). 


Travou? Levanta, toma um ar, vai ao banheiro. Às vezes, até depois de terminar uma cena ou trecho que funcionou, levanto e dou uma respirada. Aí, volta pra cadeia e continua, se ainda tiver tempo aquele dia:
olhar pra outro lugar que não a tela vai te ajudar, sua cabeça volta a funcionar, você nota coisas que não tinha percebido quando estava encarando as linhas. 


Desviar os olhos por uns minutinhos vai te ajudar. Terminando uma “primeira versão”, peça que pessoas inteligentes, estudadas, preferencialmente leitores de Literatura clássica mesmo, mas nos quais você confie, encarecidamente leiam e te deem um parecer completo. 


Se essas pessoas forem bem-intencionadas, vão te mostrar todos os defeitos de uma forma que vai te ajudar a repensar alguns aspectos da história.
Comece a fazer as alterações pelo bem


Algumas ideias que você amava se perdem ou precisam ser abandonadas nesse processo, mas talvez seja o preço que você deva pagar para ter uma narrativa coesa, com unidade. 


Defenda suas ideias principais se você realmente quer dizer algo com elas; não se desculpe, não se desvalorize; compre seu peixe.
Lembre-se daquilo em que você acredita, talvez a pessoa só não esteja entendendo mesmo. 


Debater vai ajudar essa pessoa também a ver, da posição de leitor, se sua ideia funcionou; isso é necessário pras considerações finais e pro seu plano de alteração ou de ajuste dali pra frente. 


Se você conseguir achar um equilíbrio entre o que você queria e o que seus primeiros e confiáveis leitores te aconselharam, você é muito sortudo. Procure pessoas perto de você que publicaram livros ou conhecem editoras, ou pesquise por conta própria até achar formas de ele ser impresso ou publicado. 


Claro: antes de enviá-los para editoras, certifique-se de pagar um
revisor profissional. Digo “pagar” porque, se não envolver dinheiro, duvido de que as pessoas façam com muita disposição um serviço trabalhoso como esse. 

Tem algum recado final que você gostaria de deixar?

Bom, eu sempre tento ser o escritor que outros não foram comigo no início: gosto de ouvir quem quer e sonha em escrever e publicar por amor, gosto de debater esse ofício difícil, angustiado, mas muito lindo, divertido e renovador que é a escrita artística. 


Então,
me ponho à disposição para conversar com escritores que estão num estágio de insegurança, dúvida, medo do futuro, mas que não conseguem calar essa voz dentro de si; que tentam de tudo, e o escritor dentro deles os ultrapassa, para na frente deles e cobra “você não vai me dar atenção?”. 


Acredite, se você sente isso, não adianta correr: você é um escritor e o mundo espera isso de você, em silêncio. Há um chamado. Não é fácil depois que você o aceita, mas é definitivamente mais fácil do que quando você não o aceita. É se organizar para fazer o máximo que pode. Nem sempre vai ser possível. 


Mas, quando conseguir publicar algo, vai valer como se todos os anos gastos não tivessem sido de dúvida, sofridos ou até chatos. 


E você vai ver que ser escritor é tão complexo e humanamente prazeroso e frustrante ao mesmo tempo como qualquer outra ocupação em que se tenta ficar bom. Não tenho tanto tempo quando desejaria, mas estou sempre pronto e bem animado pra um papo gostoso sobre isso que só a gente sabe o que é. 


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Juliano Loureiro; escritor, profissional de marketing e produtor de conteúdos literários.


Criei o Bingo em 2019 para compartilhar conteúdos literários com outros escritores, que também têm dúvidas sobre como escrever e publicar um livro. 


Já escrevi mais de 900 artigos, além de diversos e-books gratuitos. Na minha jornada literária, publiquei 6 livros, sendo 3 da série pós-apocalíptica "Corpos Amarelos".


Também sou criador do Pod Ler e Escrever, podcast literário com mais de 200 episódios publicados. 


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